Cultura Sábado, 19 de Maio de 2018, 10h:44 | Atualizado:

Sábado, 19 de Maio de 2018, 10h:44 | Atualizado:

PRESSA

Obra em casarão no Centro Histórico teve início sem aprovação

 

JOANICE DE DEUS
Diário de Cuiabá

Compartilhar

WhatsApp Facebook google plus

casarao.jpg

 

Fechado há pouco mais de três anos, o casarão onde funcionou a antiga Casa Orlando, na esquina do Calçadão da Galdino Pimentel com a Rua Sete de Setembro, no Centro Histórico de Cuiabá, pode ter perdido parte de sua característica original. A possível perda é resultado de uma reforma cujo projeto de recuperação não foi aprovado pelo Instituto do Patrimônio e Artístico Nacional (Iphan/MT). O órgão informou que irá encaminhar uma equipe de fiscalização ainda nesta semana ao local. 

Edificado em dois pavimentos, o sobrado em estilo eclético é datado do fim do século 19. Na semana passada, o administrador do grupo “Cuiabá de Antigamente”, no Facebook, Francisco das Chagas Rocha, com autorização dos responsáveis que se encontravam no local, entrou na casa e verificou que todo o piso do casarão foi removido. 

"Estava tudo revirado. Tiraram todo o piso sextavado e antigos da época da construção da casa", comentou. "Depois disso, conversei com a superintendente do Iphan (Amélia Hirata) que disse que a obra não tem autorização do órgão, mas que iria ver se haveria alguma documentação anterior solicitando (a reforma)", acrescentou. 

A reportagem do Diário esteve no local ontem e também constatou vários pisos entulhados, muitos quebrados, e o reboco das paredes removido deixando expostas as pedras cangas e os tijolinhos, que foram usados na construção. No prédio, havia um rapaz responsável pelo casarão, que informou que a obra está paralisada. Do lado de fora, containers cheios de lixo. A reportagem não conseguiu manter contato com os atuais proprietários do imóvel. 

Chagas frisa a importância da reforma, mas também a necessidade da preservação das características coloniais do sobrado. "É importante que se mantenha as características originais. Chegaram a dizer que tiraram o piso para a levar Minas Gerais para restaurar. Mas, eu conversei com (empresário) Ricardo Palma Arruda, que é quem mais preserva casarões em Cuiabá, que compra e reforma, sobre o que está acontecendo na Casa Orlando e ele disse que essa história de mandar para Minas Gerais é conversa fiada por que esse piso quando é retirado geralmente danifica", informou. 

Procurada pela reportagem do Diário, o Iphan/MT informou que recebeu duas solicitações para intervenções no imóvel, uma em 2015 e outra em 2016. "A última pretendia a recuperação do imóvel original, reforço de cobertura, reparo de paredes, construção de cinco salas no pavimento térreo e três no pavimento superior, construção de banheiros. Não houve aprovação do Iphan visto que ambas foram devolvidas para adequação do projeto, especialmente, para detalhamento da proposta", frisou. O Iphan-MT garantiu ainda que está atento ao caso e que já está prevista uma fiscalização a partir desta semana no casarão. 

De acordo com informações do site "Almanaque Cuyabá de Cultura Popular" a presença da família Orlando na capital iniciou-se com a vinda de Francesco Orlando, nascido na Itália. Ele foi casado com a cuiabana Balbina do Amarante, irmã do coronel Manoel Corsino do Amarante. Ainda, conforme o site, o prédio foi construído pelos irmãos italianos, João e José Sardi, sendo que em 1873, junto com os irmãos Giuseppe e Vicenzo Orlando, Francesco fundou a firma "Orlando Irmãos e Cia". 

Em 1959, os proprietários retornaram para a Itália, deixando o comércio sobre a gerência de Egídio Laraya e Giovanino Pecora. Naquele mesmo ano, o estabelecimento tinha como gerente o senhor Humberto Santa Lucia, que permaneceu no posto até 1978, quando a Casa Orlando foi extinta, encerrando suas atividades após 150 anos presente no comércio cuiabano. 

Antes de fechar, no imóvel funcionou uma loja de materiais esportivos por vários anos. “Após 37 anos no casarão, tive que desocupar em junho de 2015 e amargando prejuízos com a alegação que o prédio seria reformado, o que não foi feito até hoje”, comentou Armando Omais, dono da Olímpica Esportes. 

Em matéria intitulada "Três irmãos italianos erguem prédio arrojado e eclético", o Diário mostra que os irmãos Francesco, Giuseppe e Vicenzo Orlando, chegaram a capital a fim de trabalhar no comércio e na exportação da borracha. Logo, os três instalaram-se no endereço que até hoje é conhecido como a Casa Orlando. 

"Edificada em dois pavimentos num terreno de esquina, o casarão teve seu pavimento térreo concebido para abrigar o comércio da família", revela a reportagem. "Há um certo arrojo, até então não percebido em construções mais antigas nas quais predominavam a mão-de-obra desqualificada dos escravos", acrescenta. 

Conforme a publicação, a casa Orlando é caracterizada pelo ecletismo, que emergiu em Mato Grosso, especialmente na capital, após o incremento das relações com o resto do país e o fim da Guerra do Paraguai. "Ecletismo nada mais é do que a conciliação das características coloniais com elementos importados em decorrência do desenvolvimento tecnológico e do intercâmbio com o mundo", conta. "É a conciliação da busca de tudo que era melhor com a ideia compulsiva de progresso, fazendo com que tudo que fosse de novo e utilizável na Europa chegasse encaixotado aqui no Brasil por meio de navios", completa. 

O Centro Histórico da capital mato-grossense conta com aproximadamente 400 imóveis tombados em conjunto (Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico da capital), sendo apenas um deles tombado também isoladamente. Neste último caso, trata-se da Igreja do Rosário e São Benedito (tombado em 1975). 

Esses bens, estão situados em uma área tombada, que compreende, basicamente as Ruas Pedro Celestino (antiga Rua de Cima), Ricardo Franco (do Meio) e a Galdino Pimentel/7 de Setembro (de Baixo) e imediações das Ruas 27 de dezembro, Cândido Mariano, Avenida Mato Grosso, entre outros. Imóveis nessa região só podem ser reformados com o projeto aprovado pelo Iphan, como é o caso da Casa Orlando. 





Postar um novo comentário





Comentários (2)

  • Benedito Add?r

    Domingo, 20 de Maio de 2018, 10h20
  • Continuando meu comentário anterior. Devo entrar com Processo contra o IPHAN/MT, no Ministério da Cultura, por irregularidades cometidas entre julho a dezembro/2012. Em Julho/2012 o governador fez Decreto tornando de Utilidade Pública para efeito de Desapropriação apenas o Centro Comercial Morro da Luz, por onde passaram os trilhos do VLT. Entretanto a partir de setembro/2012, comerciantes, moradores antigos da área frontal à Igreja do Rosário, começaram a receber Ofício, e visitas de pessoal da Secopa, informando que teriam que deixar a área por causa do VLT. A mais afetada foi a minha vizinha MARIA RITA DOS SANTOS RODRIGUES, moradora da área mais de 30 anos, que não aguentou a pressão psicológica, sendo hipertensa teve um gravíssimo AVC, em 16/10/2012, depois de receber uma visita. Nesse período nenhuma casa dessa área tinha sequer sido declarada de Utilidade Pública para efeito de Desapropriação. O que acontecia então? O Defensor Público, Air Praeiro, me repassou uma cópia de Ata de Reunião entre o IPHAN/MT e a Secopa, que faziam Reuniões para demolir tudo, sem as casas nem serem declaradas de Utilidade Pública ainda. IPHAN/MT era co-autor do Projeto. E induziu o governador a modificar o Decreto feito em julho/2012, incluindo as casas também. Mesmo a própria Propaganda Oficial do VLT, que passava nessa época em todos os telões da Cidade, demonstrar que as casas não atrapalhavam a rota do VLT. O Governador fez novo Decreto em dezembro/2012 mudando o Decreto feito em julho/2012. Dona MARIA RITA DOS SANTOS RODRIGUES ficou em cima de uma cama, paralisada por causa do AVC, ligada a um home care, de outubro/2012 até março/2015 quando faleceu. A visita que fizeram a Dona Rita foi inadequada, criminosa e fatal. O Estado, o IPHAN/MT, não deram um centavo para custear a doença da Dona Rita. Fiz reclamação junto ao MPE para investigar tudo isso, mas o ICP foi arquivado em dezembro/2016. Corre um ICP sobre esse caso, no MPF, que não arquivou e as investigações continuam. Parece que o MPF vai mais fundo no caso. Questões que levantei: 1) Instrução Normativa do IPHAN/MT funciona ou não funciona? Destacando o Artigo 2º que diz sobre Preservação Assegurada. 2) Declarações do IPHAN/MT tem fé pública, vale o que está escrito e assinado, muitos moradores possuem várias Declarações do IPHAN/MT, que dizem terem os imóveis proteção especial? 3) IPHAN/MT poderia participar de projeto de demolição, e até dar subsídios ao governo para mudar Decreto, sem os imóveis sequer estarem ainda nem declarados de Utilidade Pública para efeito de desapropriação? 4) Propaganda oficial do VLT foi uma propaganda enganosa? O que é uma Propaganda Enganosa de um Governo? 5) Dona MARIA RITA DOS SANTOS RODRIGUES foi vítima nesse caso? Tive julgamento desse caso no Conselho Superior do MPE, em 5/12/2016, que arquivou a reclamação. Não responderam nenhuma das questões. Gostaria de saber se posso reabrir esse caso no MPE, porque nenhuma pergunta foi respondida. É preciso respostas.
    4
    1



  • Benedito Add?r

    Domingo, 20 de Maio de 2018, 09h09
  • Aqui na área frontal à Igreja do Rosário tem imbróglio desde 2012. O Artigo 2º da Instrução Normativa, que regulamenta todo o patrimônio histórico de Cuiabá diz: A Preservação do Conjunto Arquitetônico, Urbanistico e Paisagístico da cidade de Cuiabá E DO SEU ENTORNO, será Assegurada. Meu vizinho recebeu, em abril do ano passado (2017), uma Declaração do IPHAN/MT, que é válida pra todos os moradores da área, dizendo: O imóvel faz parte do Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico da cidade de Cuiabá, estando incluída na Zona de Interesse Histórico e sujeita às exigências e restrições da Instrução Normativa, ou seja, ao Artigo 2º da Instrução. Em ICP do MPF, em 20/07/2015, o procurador da república deu o seguinte despacho: nesse ínterim, é clarividente que os imóveis localizados na área de Entorno do Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico de Cuiabá possuem especial proteção, ou seja, reconheceu a validade da Instrução Normativa como regulamentadora de Lei do Patrimônio Histórico Nacional. E o VLT? Que gerou todo o imbróglio, de tornar tudo de Utilidade Pública para efeito de Desapropriação. A própria Propaganda Oficial do VLT, feita na época do Decreto, em 2012, demonstra que as casas não atrapalham a rota do VLT. Essa Propaganda pode ser visualizada na íntegra em matéria do site hipernoticias, intitulada: Morador argumenta em vídeo que Ilha da Banana não atrapalha a rota do VLT. O Artigo 3º, parágrafo 5º, da Instrução Normativa, diz que a Avenida Coronel Escolástico, em frente à Igreja, não pode desaparecer para fazer o Largo do Rosário, pois garante: O traçado urbano tal como se encontra desde 01/10/87, a topografia natural do Conjunto, as edificações e os logradouros...ruas, deverão ser preservados em sua feição tradicional. Todas as ruas em torno da Igreja do Rosário, na frente, nos fundos, na lateral, tem que permanecer. O que é rua ou avenida, não pode desaparecer para fazer Praça.
    5
    1











Copyright © 2018 Folhamax - Mais que Notícias, Fatos - Telefone: (65) 3028-6068 - Todos os direitos reservados.
Logo Trinix Internet