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DOENÇA MALDITA

Ex-jogador sobre dependência: "droga escolhia por mim"

 

O DIA

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O ex-jogador de futebol Casagrande foi um dos convidados do "Sem Censura", da TV Brasil, desta quinta-feira (3). Durante a atração comandada por Cissa Guimarães, o comentarista esportivo - que já falou da luta contra o vício no livro "Travessia" - abriu o jogo sobre dependência química, relembrando tratamentos e quando foi internado em uma clínica psiquiátrica pela primeira vez quando sofreu acidente de carro.

 

"Eu não pedi ajuda, eu não percebi. Eu sofri um acidente, capotei o carro em cima de seis veículos em setembro de 2007. Eu adormeci. [...] Não sei o tempo certo, mas eu já estava 15 dias ou 1 mês me drogando o tempo todo. Não bebia água e não comia nada porque a minha droga de escolha naquele momento era injetável. Eu desmaiava 5h da manhã, acordava 14h, ia para a cozinha, via alguma coisa para comer, a água e seringa. Aí batia aquela dúvida, mas estava totalmente tomado pelo vício, então já não tinha escolha. A droga escolhia por mim, então, eu ia para a droga".

Após sofrer o acidente, foi levado para um hospital. Quando acordou, estava em uma clínica psiquiátrica sem saber a localização. "Fiquei seis meses sem receber visita. Só convivia com os pacientes e com a equipe de saúde mental", recorda.

De início, não recebeu bem o tratamento por não aceitar que era dependente. "Muito revoltado inicialmente com aquela conversa: 'Po, eu não sou viciado. Eu paro a hora que eu quiser. Eu preciso trabalhar. Estou com saudade da minha mãe'". Ao dar desculpas para deixar a clínica durante reunião de grupo, recebeu resposta impactante de uma psicóloga: "Quando você estava lá fora não ligava para sua mãe nem pai. Só ia pegar droga e agora você está com saudade? Você está aqui para se tratar, meu amigo. Isso é justificativa para você poder sair".

"Eu fui aprendendo aos poucos essas coisas novas na p*rr*d*, muitas coisa aprendi sem ser na porrada porque começou a fazer sentido para mim. Essa questão da escuta, fala, coisas individuais, entender o tamanho da minha liberdade. Foi muito difícil para mim, a parte mais complicada. Para eu estar aqui hoje, como estou há 10 anos limpo, indo em qualquer lugar sem problema e sabendo a hora de ir embora, foi difícil para c*r*lh*. Porque eu fiquei muito tempo achando a mesma coisa: 'Sou livre, então quero ser livre de tudo. Para mim não existe livre um pouquinho, nem metade. Eu quero tudo. Eu não quero só comida, quero diversão'".

Casagrande contou que fez tratamento com psicóloga como acompanhante terapêutica por anos. "Eu ia debatendo, conversando, aprendendo. Eu aprendi que minha segurança, por causa da minha liberdade muito grande, era eu saber o limite da minha liberdade. Hoje eu sou totalmente livre, só que sei até aonde eu posso ir com a minha liberdade. Eu sei a hora de me retirar. Nunca saí com as pessoas e pedi 'por favor, não bebe porque não posso ver'. Aprendi que as pessoas não têm nada a ver com isso, é um problema interno meu. Sou eu que tenho que saber a hora de ir e hoje eu consigo isso", falou o ex-jogador.

"Eu era muito isolado, ficava trancado na minha casa. A estratégia final foi minha psicóloga passar na minha casa porque eu tinha que ir ao teatro ou cinema toda sexta-feira e sábado. 'Não adianta falar que não vai. Eu falava que estava cansado e ela: 'Pode colocar a roupa, nós vamos'. Comecei meio forçado, e passei a ir quinta, sexta e sábado. [...] Começou a ter terça e eu troquei o prazer da droga pelo da cultura", concluiu. Também participaram do programa o apresentador Zeca Camargo e o filósofo Mario Sergio Cortella.





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