Um estudo feito por pesquisadores brasileiros indica que pessoas com distúrbios digestivos associados à acidez estomacal, como o refluxo gastroesofágico e a síndrome de Barrett, correm maior risco de desenvolver formas mais graves da Covid-19 ao serem infectadas pelo novo coronavírus.
De acordo com o artigo, a alteração no pH do tecido esofágico favoreceria o aumento da carga viral, determinando uma maior gravidade da doença. Os achados indicam que pessoas com problemas associados à acidez estomacal correm duas vezes mais risco de serem internadas em unidades de terapia intensiva (UTIs) e três vezes mais de morrer.
Os pesquisadores analisaram dados de 551 pacientes de Manaus e 806 de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, hospitalizados por complicações associadas à Covid-19. De acordo com os o grupo que responde pelo estudo, os problemas gástricos induziram aumento na expressão do gene ACE2, responsável por codificar a proteína que o novo coronavírus usa para se ligar e entrar nas células humanas.
Além da observação de pacientes, também foram feitas culturas de células de defesa presentes no sangue em meios com diferentes graus de acidez e incubadas com o vírus por 24 horas. As análises mostraram que as células mantidas em meio mais ácido tinham maior expressão de ACE2 e maior carga viral.
Apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o trabalho foi realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB-Unicamp). Publicado em 11 de setembro na plataforma medRxiv, o estudo ainda precisa passar pela revisão de outros especialistas.