O Pantanal, maior planície alagável do mundo, deve ganhar ainda mais visibilidade internacional após o anúncio de um investimento de US$ 150 mil — cerca de R$ 823 mil na cotação atual — para a campanha “Safari for the Senses”. A aprovação foi feita pelo Conselho Estadual de Desenvolvimento do Turismo de Mato Grosso, na segunda-feira (23).
A iniciativa conjunta entre os Governos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) e organização global National Geographic busca posicionar o bioma como um dos principais destinos de turismo de vida selvagem do mundo.
Em 2024, o estado registrou um crescimento de 19,07% na entrada direta de visitantes internacionais, de acordo com a Embratur.
De acordo com o diretor de Marketing, Negócios e Sustentabilidade da Embratur, Bruno Reis, o projeto será voltado aos mercados dos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, França e Austrália, onde o Brasil disputa espaço com destinos de safári africanos.
A campanha será veiculada em canais oficiais da National Geographic e faz parte de uma estratégia composta por quatro pilares:
A vinda de jornalistas, influenciadores internacionais e operadores de turismo estrangeiro para vivenciar o Pantanal;
Participação em feiras internacionais;
A realização da Galeria Visit Brasil em Nova Iorque de 28 de outubro a 1º de novembro;
Produção de conteúdo voltado para os sentidos, visão, audição, tato e experiência emocional no bioma pantaneiro.
Para o Governo de Mato Grosso, a expectativa é que, com essas estratégias, o estado amplie a visibilidade e competitividade no turismo de internacional de safári.
Observação de animais
Enquanto nos safáris da África o leão carrega o título de rei da selva, no Pantanal o trono pertence a outro animal: a onça-pintada. Admirada e, ao mesmo tempo, temida, ela pode chegar a pesar 135 kg e é considerado o maior felino das Américas.
O animal ganhou destaque no ecoturismo e se tornou o preferido dos turistas estrangeiros que visitam o bioma.
Os visitantes podem passear de barco pela região ao mesmo tempo em que fazem o monitoramento das onças de forma voluntária por meio de fotos e vídeos de diferentes aparições dos felinos. De acordo com o biólogo e guia de turismo Marcos Ardevino, em Mato Grosso, há dois locais que são considerados os principais para a prática de observar as onças.
Um deles é o 'Parque Estadual Encontro das Águas', localizado no encontro dos rios Cuiabá e Piquiri, na região de Porto Jofre, entre Poconé e Barão de Melgaço, municípios a 104 e 121 km de Cuiabá.
O outro é a Estação Ecológica de Taiamã, localizada no município de Cáceres, a 220 km de Cuiabá. A estação tem uma grande variedade de ambientes aquáticos – como lagoas permanentes, temporárias e lagoas de corixos, fortemente influenciada pelo Rio Paraguai.
Os guias ainda orientam que o melhor momento para se deparar com os animais é entre os meses de julho e fim de setembro, quando começa o período da seca, o que faz com que os felinos procurem água e, com isso, ficam expostos às margens dos rios, sendo possível vê-los de uma distância segura.
O bioma
Com área de mais de 150 mil km² em território brasileiro, o Pantanal é a maior planície inundável do mundo, que se espalha por 22 cidades de dois estados do Centro-Oeste brasileiro, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
O bioma abriga uma diversidade única, incluindo várias espécies ameaçadas, ao todo são:
3,5 mil espécies de plantas
325 espécies de peixes
53 espécies de anfíbios
98 espécies de répteis
656 espécies de aves
159 tipos de mamíferos
Onça-pintada, jacaré, tuiuiú, ipês, jacarandás e entre outros integrantes representam o Pantanal. Além disso, ele atua como regulador natural de enchentes, porque absorve e armazena água durante períodos chuvosos.
O Pantanal também funciona como um reservatório de água doce com altitudes que alcançam 150 metros. Seus recursos hidrológicos são importantes para o abastecimento das cidades, onde vivem aproximadamente 3 milhões de pessoas, no Brasil, Bolívia e Paraguai.
Nos anos 2000, a Unesco concedeu ao bioma o título de 'Reserva da Biosfera', além de tombá-lo como Patrimônio da Humanidade.