Economia Sábado, 19 de Fevereiro de 2022, 19h:15 | Atualizado:

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CRISE NO CAMPO

Justiça mantém "fazenda vitrine" em posse de grupo em recuperação em MT

Propriedade faz parte de negócio do Grupo Arca com um de seus credores

DIEGO FREDERICI
Da Redação

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A juíza da 1ª Vara Cível de Cuiabá, Anglizey Solivan de Oliveira, suspendeu a consolidação de propriedade da Fazenda Vale Verde I, do Grupo Arca Agropecuária, organização que move um processo de recuperação judicial alegando dívidas de mais de R$ 48,1 milhões. A propriedade rural está localizada em Nova Bandeirantes (1.101 KM de Cuiabá), e faz parte de um negócio de alienação fiduciária com um banco – um dos credores que cobram o Grupo Arca.

Em decisão publicada nesta terça-feira (15), porém, a juíza Anglizey Solivan de Oliveira lembrou que a propriedade rural não pode ser objeto de “sequestro” pela instituição financeira pois já foi declarada como “bem essencial” do Grupo Arca. A Fazenda Vale Verde I foi considerada uma “vitrine” da agropecuária pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato) e, sem ela, a organização em crise dificilmente conseguiria se reerguer.

“Considerando as especificidades do caso concreto, no qual a devedora apresentou termo de adesão firmado por grande parte dos credores, que a Fazenda Vale Verde I dada em garantia de alienação fiduciária ao Banco Original já foi reconhecido por este juízo como essencial ao exercício das atividades da devedora, e que sua retirada da posse da recuperanda, neste momento, pode comprometer as deliberações sobre o PRJ”, ponderou a magistrada.

A decisão da juíza chama a atenção uma vez que nem mesmo propriedades que se encontram em alienação fiduciária – uma espécie de “hipoteca menos burocrática”, onde o credor possui a propriedade do bem dado em garantia, neste caso a Fazenda Vale Verde I, enquanto o devedor não pagar o empréstimo -, estão imunes à essencialidade definida em processos de recuperação judicial.

A Fazenda Vale Verde I foi a representante mato-grossense da pecuária no K-State Cattlemen’s Day, evento sediado na Universidade Estadual do Kansas (EUA), que no ano passado chegou a sua 108ª edição, e que apresenta as tecnologias emergentes na produção de gado de corte. A propriedade rural de Nova Bandeirantes, que tem 17.340 hectares, fez sua participação em 2016 apresentando sua metodologia de reprodução de bovinos.

CRISE

Em seu pedido de recuperação judicial, o Grupo Arca Agropecuária narra que tem sede no município de Tangará da Serra (245 km de Cuiabá) e que começou suas atividades em 1985 por intermédio de “investimento pioneiro na  pecuária de corte no Município de Nova Bandeirantes/MT, onde formou 7 mil hectares de pastagem e infraestrutura necessária para o bom manejo do gado”.

Em 2001, ocorreu a incorporação das empresas Fonte Agropecuária Ltda e F.C.C Empreendimentos e Participações Ltda, tendo o Grupo se tornado detentora de 24 mil hectares, metade em reserva ambiental e a outra metade em pastagem, onde era realizada a cria e recria de um rebanho em torno de 15 mil cabeças e a criação de gado Nelore PO para produção de touros precoces.   

A organização conta ainda que no ano de 2010 foram realizados empréstimos junto ao Banco do Brasil, por intermédio do FCO e Finame, para construção de confinamento com capacidade para 4 mil cabeças estáticas na Fazenda Fonte, além de 2 unidades beneficiadoras e armazenadora de grãos, sendo uma em Tangará da Serra e outra em Campo Novo do Parecis com capacidade  de 36 mil toneladas.

O aumento do valor disponibilizado para o financiamento de produtores que, em decorrência da seca suportada durante a safra não realizaram o pagamento das CPRs emitidas, desestabilizou os cotistas financeiros do fundo “FIP­ARCA”, o que, em razão das garantias vigentes, obrigou a recompra de todas as cotas do fundo pela empresa e sua dissolução.





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