A floração do girassol começou em Campo Novo do Parecis, a 397 km de Cuiabá. A região é a maior produtora do país. Segundo o 7º levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o município detém 79,2% do que será colhido nesta safra em todo o país. Parte das 164,640 mil toneladas de girassol - 92% da produção estadual -será beneficiada nos novos equipamentos da Indústria Parecis Alimentos, que está em fase de implantação. A beneficiadora de sementes foi construída há cerca de 6 anos, com recursos de 42 produtores da região. Na época foram investidos R$ 10 milhões no processo de prensa mecânica. Agora, os agricultores estão desembolsando juntos R$ 60 milhões para que a extração do óleo de girassol seja química.
Com o novo sistema, a perda de óleo durante o processo reduzirá de 10% para 1%, de acordo com um dos produtores da região, pioneiro no cultivo de girassol no município, Sérgio Costa Beber Stefanelo. O agricultor conta que a cadeia produtiva foi consolidada na região com o desenvolvimento da comercialização. “Tem que produzir, mas tem que vender o produto. Para isso, a Parecis Alimentos está construindo uma indústria de extração química de óleo de girassol.
Isso certamente fará com que novos mercados se abram, principalmente para o óleo de girassol que é um óleo bastante nobre para saúde para o desenvolvimento do ser humano. A gente acredita que possa oferecer maior volume de matéria prima e o mercado vai demandar cada vez mais por produtos gerados pela nossa empresa”, avalia Stefanelo.
A expectativa é que, com a modernização do processo de extração do óleo e a expansão da demanda, em 2015 a área cultivada em Campo Novo do Parecis suba dos atuais 98 mil hectares para 150 mil (ha). Para atender a indústria, o produtor rural Ari Valdemar Velke aumentou a área cultivada de girassol. “Sempre plantava 500 e aumentei para 720 hectares porque a Parecis Alimentos pediu e teve demanda para o girassol.
Também por ser um ano difícil para milho, a gente desistiu de plantar e aumentou a área de pipoca e girassol”, conta ao recordar também dos problemas enfrentados com a chuva durante a colheita e a ferrugem asiática na soja. Segundo o produtor, a doença levou 20% da produtividade e a expectativa com as demais culturas, dentre elas o girassol, é recuperar as perdas com o grão.
“De fato, este ano, a área na região do Parecis deve dobrar. Claro que foi um trabalho começado há 20 anos e que teve grande intensificação nos últimos 6 anos, a partir do momento em que um grupo de produtores começou a investir na cultura, em tecnologia e que foi difícil no começo.
Porém, depois se consolidou o processo produtivo através das trocas de experiências positivas e negativas e isso gerou uma tecnologia eficiente na nossa região”, afirma Stefanelo, que iniciará no fim de maio a colheita de 3 mil hectares de girassol. As sementes são usadas na fabricação de óleo, de alimentos e ração para animais.
Nesta safra, de acordo com a Conab, foram cultivados em Mato Grosso 119 mil hectares de girassol, área 134,5% maior que a do ciclo anterior, que foi de 50,7 mil (ha). A estimativa é que a produção cresça 111% e a produtividade tenha alta de 10,1%. Com tamanha previsão de crescimento, os prejuízos com a visita constante de pássaros na lavoura não incomoda. Funcionário experiente da fazenda de Stefanelo, Antônio Lúcio de Souza Santos, conta que o girassol atrai muitas aves, principalmente papagaios.
“Se é uma lavoura pequena você consegue medir os prejuízos. Com a lavoura grande é meio difícil”. Antônio Lúcio explica que o período de floração dura entre 8 a 10 dias. Em seguida, as sementes secam e escurecem. “A beleza dela acaba. Você não imagina como fica diferente quando ela está seca”. Na propriedade do Sérgio Stefanelo, onde o girassol foi semeado nos primeiros dias fevereiro, a colheita deverá começar a partir de 25 de maio.