Na região do Rio dos Peixes, na estrada que liga Cuiabá a Chapada dos Guimarães, o milho é a base da economia para cerca de 40 pequenos empresários. A produção e comercialização de pamonha, cural, bolos e outros derivados sustenta famílias e movimenta o turismo gastronômico da área cada vez mais crescente. Segundo a Associação de Moradores Mini e Pequenos Produtores Rurais da Comunidade de Rio dos Peixes, a indústria artesanal do milho gera um faturamento mensal de, aproximadamente, R$ 2,4 milhões e reforça a importância do grão como motor do desenvolvimento regional.
O milho conecta diversas gerações de comerciantes na altura do quilômetro 23 da MT-251. O pioneiro é Valdivino de Oliveira, proprietário da Pamonharia do Divino. Ele conta que se instalou na região em meados de 1986, pouco tempo depois de deixar Goiás - seu estado de origem. Uma escolha que se deu por estratégia, revela.
Como tinha uma pequena horta, comecei a fazer pamonha em Cuiabá, mas não deu muito certo no primeiro momento. Então, decidi partir para a beira da estrada, quando, literalmente, tudo era mato. Embora não tivesse comércio na área, tratava-se de um ponto que divide a capital da principal cidade turística do estado e com grande potencial de crescimento.
Ao longo de quase quatro décadas, a empresa expandiu e ganhou companhia na região, o que contribuiu para o surgimento de um novo polo do mercado de trabalho no estado. Estima-se que, pelo menos, 100 pessoas trabalham - direta ou indiretamente -no comércio da delícia oriunda do milho no Rio dos Peixes.
Apesar do desenvolvimento, a rotina segue intensa para Seo Divino e sua equipe de oito funcionários. De segunda a sexta, são cerca de 120 pamonhas comercializadas. Já aos sábados, domingos e feriados, o número salta para acima do dobro e beira 300 unidades vendidas.
Os trabalhos começam cedo, às 3h, descascar espigas e remover impurezas. Em seguida, é feita a ralagem e trituração do milho no processador industrial antes de temperar e preparar a massa - sendo que estes dois últimos eu não abro mão de fazê-los. Por fim, montamos as palhas levamos para o cozimento. É um trabalho com diversas etapas e que demanda mais da metade do dia, destaca.
Divino destaca que investir em pamonha foi fundamental para a carreira à frente dos negócios, bem como para o sustento da família. Todo o meu patrimônio foi construído por meio da produção e venda pamonha: casa, carros, alimentação, viagens, educação para todos os filhos e a segurança do lar, de forma geral. Foi uma aposta de 40 anos e que deu muito certo.
Jomax
Segunda-Feira, 07 de Julho de 2025, 08h39Consumidor
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