As ações da Azul despencaram após o anúncio, nesta quarta-feira (28), de que a companhia entrou com pedido de proteção sob o Capítulo 11 da Lei de Falências dos Estados Unidos — mecanismo semelhante à recuperação judicial no Brasil. Antes da abertura do mercado nos Estados Unidos, as ações da Azul chegaram a cair 40%. Por volta das 10h45, a queda na bolsa brasileira era de aproximadamente 6%, até que os papéis foram colocados em leilão.
O leilão é acionado quando há oscilações abruptas no preço das ações ou em momentos específicos. Ele serve para proteger o mercado de movimentos extremos e permitir que os investidores reajam com mais calma.
A crise não vem de hoje. Duas semanas atrás, suas ações já haviam liderado as perdas do Ibovespa, após a empresa divulgar um prejuízo de R$ 1,82 bilhão no primeiro trimestre — resultado pior que o registrado em 2024. No acumulado do ano, os papéis já caíram 70%.
O processo de recuperação nos Estados Unidos "permite às empresas operar e atender seus públicos de interesse normalmente, enquanto trabalham nos bastidores para ajustar sua estrutura financeira".
O objetivo é reduzir significativamente o endividamento da companhia e gerar caixa. Segundo a empresa, o processo inclui US$ 1,6 bilhão em financiamento e deve eliminar mais de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 11,28 bilhões) em dívidas, além de prever US$ 950 milhões em novos aportes de capital na saída do processo.
A Azul informou que, neste período, vai seguir operando normalmente, "mantendo nossos compromissos com nossos públicos de interesse, incluindo continuar voando e fazendo reservas como de costume". A empresa também destacou que a medida conta com o apoio de seus principais stakeholders, incluindo detentores de títulos, sua maior arrendadora, a AerCap, e os parceiros estratégicos United Airlines e American Airlines.
Em comunicado aos investidores, John Rodgerson, CEO da Azul, atribuiu as dificuldades financeiras da companhia à pandemia de Covid-19, às turbulências macroeconômicas e aos problemas na cadeia de suprimentos da aviação.
Até então, a Azul era a única empresa aérea em operação no Brasil que não havia recorrido a um processo de recuperação judicial para reestruturar suas finanças. A Gol acionou o Chapter 11 em janeiro.