O principal suspeito de matar a empresária cearense Jamile de Oliveira, Aldemir Pessoa Júnior, já tinha passagens pela Polícia Civil do Ceará. Aldemir chegou a responder um inquérito no ano de 2005. Há 14 anos, o advogado esteve como suspeito de efetuar disparos para o alto e contra operários em um terreno localizado no bairro Edson Queiroz, em Fortaleza.
De acordo com os autos, as agressões por parte do advogado aconteceram devido a uma disputa judicial pela posse de um imóvel. Em 2005, testemunhas prestaram depoimentos alegando que Aldemir chegou ao terreno “armado com uma pistola e passou a intimidar as pessoas”. Um operário relatou ainda que o homem teria dito que: “se não se retirassem, metia bala”.
Após as ameaças, o advogado efetuou três disparos para o alto e depois mais tiros em direção às pessoas, conforme detalhou a testemunha. Ainda com a arma em punho, Aldemir encostou a pistola na cabeça de um adolescente, caiu num buraco da construção e a arma disparou. Nesse momento, todas as pessoas saíram correndo do local. Ao serem questionados sobre o assunto, os advogados de defesa de Aldemir Pessoa Júnior afirmaram que o caso foi arquivado e preferiam não comentar.
Homicídio
A morte de Jamile, inicialmente tratada como suicídio, teve uma reviravolta na investigação da Polícia Civil e começou a ser investigada como suposto feminicídio, com o ex-companheiro da vítima figurando como suspeito. Conforme registrado nos autos, no fim do dia 29 de agosto, a empresária foi agredida pelo namorado, no estacionamento do prédio onde moravam, na Aldeota. Instantes depois, ouviu-se o barulho de um disparo de arma de fogo.
No início da madrugada do dia 30, câmeras de segurança do prédio registraram que a mulher sai baleada, carregada pelo namorado e filho. Uma amiga da suposta vítima chegou a dizer que o casal vivia um relacionamento abusivo e que o homem tinha interesses financeiros sobre a empresária. “A única coisa que ele queria dela era o patrimônio”, disse a amiga de Jamile, sob condição de não ser identificada.
O comportamento agressivo de Aldemir Pessoa Júnior contra Jamile também foi destacado durante depoimento prestado pelo filho da empresária. As falas do jovem revelaram que a mãe vinha sofrendo há meses, sendo vítima das agressões por parte do namorado.
A Polícia Civil do Ceará pediu à Justiça a prisão temporária do advogado suspeito. O pedido foi negado pelo juiz da 4ª Vara do Júri, Edson Feitosa dos Santos Filho, que alegou haver contradições nos depoimentos colhidos e indicativos insuficientes para validar a custódia.