Um ato do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) foi fundamental para que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinasse a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta segunda-feira (4/8). Foi o aliado que postou um vídeo do ex-presidente participando virtualmente de uma manifestação bolsonarista e pró-anistia dos atos antidemocráticos do 8 de janeiro.
Ao usar o celular, Bolsonaro descumpriu, mais uma vez, uma das medidas cautelares impostas por Moraes. O ministro viu o ato como uma tentativa de coação ao STF e de obstrução à Justiça.
Trecho da decisão em que Moraes cita Nikolas
“A Justiça não permitirá que um réu faça de tola, achando que ficará impune por ter poder político e econômico. A Justiça é igual para todos. O Réu que descumpre deliberadamente as medidas cautelares-pela segunda vez e deve sofrer as consequências”, diz a decisão de Moraes.
O ministro reiterou que “a Justiça é cega, mas não é tola”. “O réu que descumpre deliberadamente as medidas cautelares — pela segunda vez — deve sofrer as consequências legais”, escreveu.
Moraes já havia aliviado o ex-presidente em 24 de julho quando ele usou as redes sociais, mas decidiu não prendê-lo na ocasião por considerar que o episódio foi “pontual”. O magistrado também reforçou a imposição das medidas cautelares.
Como mostrou a coluna Grande Angular, do Metrópoles, Nikolas já se manifestou sobre a prisão de Bolsonaro. O deputado afirmou que a razão da prisão foi a publicação de vídeos nas redes sociais por parte dos filhos.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho dele, apagou a publicação que havia feito nas redes sociais no último domingo (3/8), com um discurso do pai para as manifestações em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro. Outros atos ocorreram em Brasília e em São Paulo. Moraes já havia proibido o ex-presidente de divulgar discursos, de forma direta ou indireta, pelas redes sociais.
Além de Nikolas, Flávio ligou para o pai durante o ato em Copacabana, que declarou aos apoiadores: “Obrigado a todos. É pela nossa liberdade. Pelo nosso Brasil. Sempre estaremos juntos”.
Na avaliação de Moraes, apagar a publicação horas depois de ir ao ar caracteriza uma tentativa de “omitir a transgressão legal”:
“Agindo ilicitamente, o réu JAIR MESSIAS BOLSONARO se dirigiu aos manifestantes reunidos em Copacabana, no Rio de Janeiro, produzindo dolosa e conscientemente material pré-fabricado para seus partidários continuarem a tentar coagir o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL e obstruir a Justiça, tanto que, o telefonema com o seu filho, FLÁVIO NANTES BOLSONARO, foi publicando na plataforma Instagram”, escreveu o ministro.
Bolsonaro precisava cumprir uma série de medidas cautelares impostas por Moraes em 18 de julho.
Confira a lista:
Recolhimento domiciliar de segunda a sexta-feira, das 19h às 6h, e nos finais de semana e feriados, em tempo integral;
Monitoramento com tornozeleira eletrônica;
Proibição de manter contato com embaixadores, autoridades estrangeiras e se aproximar de embaixadas e consulados.
O ex-presidente é acusado de liderar um plano de golpe de Estado após perder as eleições para presidente em 2022 para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A imposição de medidas cautelares ocorreu depois que o deputado federal e filho dele, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), se mudar para os Estados Unidos a fim de articular sanções contra ministros do STF.
Moraes foi alvo da Lei Magnitsky na última quarta-feira (30/7). A medida tem entre as punições previstas o bloqueio econômico de bens e contas bancárias nos EUA e a proibição de entrada em território norte-americano.
Ronaldo Acosta
Terça-Feira, 05 de Agosto de 2025, 12h59toni
Terça-Feira, 05 de Agosto de 2025, 10h51Eduardo S.
Terça-Feira, 05 de Agosto de 2025, 10h31PENSADOR
Terça-Feira, 05 de Agosto de 2025, 10h13