A deputada colombiana do partido Centro Democrático María Fernanda Cabal divulgou nesta sexta-feira (18) em seu Twitter uma imagem do ex-presidente cubano Fidel Castro ao lado de escritor Gabriel García Márquez. Na legenda da foto, escreveu que ambos se encontrarão no inferno. O prêmio Nobel de Literatura morreu nesta quinta-feira (17) na Cidade do México, capital mexicana.
Ainda na rede social, os colombianos rechaçaram a afirmação da deputada, políticos condenaram-a e classificaram a mensagem como falta de respeito a um dos maiores escritores latino-americanos.
Logo depois, a legisladora do movimento do ex-presidente Álvaro Uribe deletou a publicação e escreveu: "Jamais questionaria a grandeza literaria de Gabo. Isso é indiscutível. Sua afindidade com o castrismo sim".
O homem político
Como muitos escritores latino-americanos, García Márquez transcendeu o mundo das letras. Desde cedo, Gabo tornou-se um herói para a esquerda latino-americana, aliando-se cedo ao líder revolucionário cubano Fidel Castro e criticando as intervenções violentas de Washington, do Vietnã ao Chile. Seus textos perfilaram o ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez, além de retratarem como traficantes de cocaína liderados por Pablo Escobar abalaram o tecido social e moral de sua Colômbia natal, sequestrando membros da elite, tema de "Notícias de um Sequestro".
A escrita de García Márquez foi constantemente informada por seus pontos de vista esquerdistas, forjados em grande parte por um massacre de militares a trabalhadores bananeiros em greve contra a United Fruit Company (mais tarde, Chiquita) em 1928, perto de Aracataca. Ele também foi muito influenciado pelo assassinato, 20 anos mais tarde, de Jorge Eliécer Gaitán, candidato presidencial esquerdista em ascensão.
Ao longo da vida, García Márquez recusou ofertas de postos diplomáticos e tentativas de o lançar à presidência da Colômbia, embora tenha se envolvido nos bastidores das negociações de paz entre o governo da Colômbia e os rebeldes de esquerda.