Pesquisa Genial/Quaest aponta que 65% dos brasileiros com 16 anos ou mais estão endividados, sendo que 32% afirmam que elas são muitas e 33% dizem que são poucas. O estudo, que tem margem de erro de dois pontos e 95% de confiança, mostrou ainda que 37% dos que dizem ter votado em Jair Bolsonaro no segundo turno de 2022 estão bem endividados, enquanto essa é a situação de 29% dos que foram com Lula.
Entre os que se reconhecem lulistas ou petistas, 32% dizem ter muitas dívidas, ao passo que essa é a situação de 38% dos que se afirmam bolsonaristas. Já aqueles que se colocam mais à esquerda, mas não se enquadram como lulistas ou petistas, 21% afirmam ter muitas dívidas. Entre os que se colocam mais à direita, mas rejeitam o bolsonarista, 39% afirmam estarem bem endividados.
Dos beneficiários do Bolsa Família, 72% tem algum nível de endividamento (muito ou pouco), frente os 63% que não são beneficiários.
Quando analisado por faixa etária, os adultos entre 35 e 59 anos são os mais pressionados, com 71% declarando endividamento, contra 63% de quem tem entre 16 e 34 anos e 53% entre pessoas com 60 anos ou mais.
Enquanto 69% das famílias que ganham até dois salários mínimos, ou sejam na camada mais pobre, estão com dívidas, esse percentual cai para 57% entre quem recebe mais de cinco salários por mês. Pessoas com ensino fundamental têm níveis similares aos de quem possui ensino superior quando se trata de muitas dívidas, 32%.
Dos católicos, 37% apontam não ter dívidas, frente a 31% dos evangélicos que estão na mesma condição.
A situação, claro, se traduz na aprovação do governo: 38% dos que não tem dívidas aprovam o governo Lula diante dos 31% desse grupo que o desaprovam. Enquanto isso, 37% dos que tem muitas dívidas desaprovam o governo, mas apenas 26% nessa condição o aprovam.
Regionalmente, o Nordeste apresenta o maior número de pessoas com muitas dívidas (34%), enquanto o Sul tem o menor (25%).
Estratégias para lidar com as dívidas
Entre os endividados, as principais estratégias para enfrentar o problema são: fazer bicos (28%), realizar horas extras (26%), cortar despesas (21%) e tomar novos empréstimos bancários (3%). Entre as opções que tiveram 1% estão buscar um empréstimo consignado (o governo lançou novo programa para oferecer crédito mais barato para a troca de dívida), tomar um novo empréstimo com parentes e vender bens.
Chama atenção que 1% dos entrevistados também admitiu tentar apostas como solução.
Entre os jovens de 16 a 34 anos, fazer bicos (31%) e horas extras (34%) são as alternativas mais comuns, já os idosos preferem cortar despesas (29%) e fazer bicos (26%).
Há uma relação entre classe social e as saídas para resolver dívidas. Fazer bicos também é a preferência para quem tem até o ensino fundamental (33%) e hora extra (31%) junto aos que têm ensino superior. Trabalhos pontuais são a opção de 36% dos que recebem o Bolsa Família, enquanto os que não são beneficiários preferem hora extra (28%).
Numericamente, bicos também são a estratégia mais escolhida entre eleitores de Lula (29%), enquanto hora extra é a dos que escolheram Bolsonaro (30%), mas, na prática, é um empate técnico.
Tipos de dívidas dos brasileiros
O cartão de crédito atrasado lidera como a dívida mais frequente (37% dos casos), seguido por empréstimos (15%), prestação de imóvel ou aluguel atrasado (11%), prestação de loja e carnê atrasado (9%), contas da casa (6%), prestação de veículos atrasada (4%), mensalidades escolares atrasadas e cheque especial atrasado (2%) e plano de saúde atrasado (1%).
Entre os endividados, 42% das mulheres apontam o cartão de crédito como o maior problema frente a 34% dos homens. Já entre os jovens, o cartão de crédito representa 44% das dívidas, enquanto entre idosos os empréstimos ganham maior relevância (24%). Eleitores de Lula tem 39% de atraso no cartão, enquanto 34% dos que votaram em Bolsonaro estão na mesma situação.
Carlos Nunes
Domingo, 08 de Junho de 2025, 20h56