Jacira Amaral diz que, após 40 anos de dedicação à religião testemunhas de Jeová, foi orientada a “abandonar a própria filha”. Junt0 com um grupo de outras mulheres ex-seguidoras da doutrina, Jacira participou, nesse domingo (11/5), de um protesto na Avenida Paulista, região central de São Paulo, contra a separação de mães e filhos que seria determinada pela religião.
Moradora de Brasília, a mulher contou que recebeu a recomendação após a filha se separar do marido. “É um fardo muito grande para uma mãe que sai da religião e os filhos ficam, porque sabemos que o corte de contato é incentivado. Minha filha, por exemplo, foi abandonada pelo marido e os anciãos queriam que eu a abandonasse. Falei que jamais iria abandonar minha filha, pelo que ela estava passando”, contou a ativista. Por causa da pressão para que abandonasse a filha, Jacira optou por deixar a religião.
Assim como ela, Claudia Araújo, diz ter sido afastada do sobrinho, “que criou como filho”. “[Nós] não podemos mais estar com os nossos filhos. Não porque pecamos, porque fizemos nada, mas pelo simples motivo de não querer mais fazer parte da organização”, desabafou em um depoimento publicado nas redes sociais.
O protesto desse domingo, que teve baixa adesão de manifestantes, foi organizado pelo Movimento de Ajuda às Vítimas das Testemunhas de Jeová e transmitido o ao vivo em um canal do Youtube.
O grupo afirma que um artigo publicado em uma revista e no site das Testemunhas de Jeová que diz para os fiéis cortarem a relação social com aqueles que não são da congregação. Segundo o artigo, “isso ajuda a manter a congregação pura” e faz com que aqueles que saíram da igreja queiram voltar.
Claudia diz esperar por uma mudança de postura da religião. “Vivemos um dia de cada vez, aguardando o momento em que a liderança irá revogar essa doutrina nas revistas e no site”.
O Metrópoles entrou em contato com a assessoria de imprensa das Testemunhas de Jeová para comentar sobre o dogma e aguarda retorno.