A traição é um conceito bastante subjetivo e existem diferentes definições pessoais para o que é infidelidade. Para alguns, comportamentos como flertar em um bar ou seguir modelos que postam fotos sensuais em redes sociais podem ser caracterizados como uma “pulada de cerca”.
Muita gente se questiona, inclusive, se flertar, sem chegar aos finalmentes, configuraria traição. Afinal, responder a DM de uma influencer com foguinho vale como quebra de contrato entre o casal?
Flávio Nunes, especialista em neurociências e comportamento humano, aponta que, dentro da monogamia, a traição é uma quebra de um pacto de exclusividade — e isso independe de haver sexo ou beijos.
“A traição vai muito além do ato sexual. Ela pode ser emocional, financeira ou de omissão, ou seja, qualquer comportamento que viole o acordo mútuo de exclusividade e transparência que sustenta a relação.”
Segundo o expert, o impacto é devastador, porque a pessoa traída não apenas lida com a dor de ser enganada, como também com a desestabilização de sua realidade, uma vez que a confiança, que é a base da segurança psicológica, é quebrada.
Microtraições
Você provavelmente já viu o termo “microtraição” circulando no TikTok ultimamente. A expressão gerou milhões de vídeos que questionam se pequenos comportamentos são aceitáveis em um relacionamento ou se são sinais de alerta e ofensas passíveis de rejeição.
Por isso, o profissional destaca que sim, para algumas pessoas, o flerte pode ser considerado traição. E o profissional destaca que o importante aqui é observar o que parece certo para você pessoalmente. Se seu parceiro insiste que não está fazendo nada de errado, mas você se sente magoado com o comportamento dele, vocês não estão concordando sobre o que é considerado traição.
Flávio acrescenta que a traição não é apenas um beijo dado ou o ato sexual consumado, mas a intenção e a quebra de limites emocionais. “O flerte, especialmente se for intencional e escondido do parceiro, pode gerar insegurança, ciúme e abalar a confiança.”
“Na monogamia, ou qualquer relacionamento exclusivo, é um arranjo social que requer a inibição desses impulsos. Não trata-se apenas de uma questão religiosa, mas cultural e social, diria até antropológica. O flerte, por sua vez, é um comportamento de cortejo que sinaliza interesse, e essa ação, mesmo que não evolua para um contato físico, pode quebrar o acordo de exclusividade”, salienta o especialista.
O profissional encerra dizendo que a questão central não é apenas o ato, e sim a intenção por trás dele e o impacto que ele causa na confiança e na segurança emocional do relacionamento.
“Se flertar com outra pessoa é algo que você esconde do seu parceiro porque sabe que o machucaria, então, do ponto de vista comportamental, a mentira e a omissão já configuram a traição”, encerra o especialista.