Marcos Almeida, jovem de 27 anos, que foi mantido refém junto com sua mãe e o namorado em uma casa localizada no bairro Recanto dos Pássaros, em Cuiabá, relatou no Instagram os momentos de terror vividos com a família até a morte do bandido Kennedy Tarcizio dos Reis, de 40 anos, durante confronto com policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope), na manhã desta segunda-feira (30). O jovem postou um vídeo mostrando que o quarto dele, onde Kennedy morreu baleado ao reagir à abordagem, estava com marcas de sangue.
Segundo Marcos, um dos criminosos chegou a apontar uma arma contra sua cabeça. "A nossa casa fica ao lado de um banco que foi inaugurado recentemente aqui no Jardim Imperial. Saí do meu trabalho e demorei um pouco para entrar. Por causa da demora, os bandidos chegaram e me abordaram dentro do meu carro. Colocaram a arma na minha cabeça, mandaram eu entrar e me fizeram de refém. O Bope entrou e matou os bandidos lá dentro porque ele tentou revidar. Parecia cena de filme, eu nunca vivi algo assim. Por um momento, achei que ia morrer. Acho até que o [o bandido] que ficou para trás foi para matar a gente", contou o rapaz.
"Eu saí do trabalho, fui buscar meu namorado no trabalho dele e depois fiquei na rua enrolando, acho que estava atrapalhando o serviço deles. Quando me abordaram, disseram que minha mãe estava presa, que ela estava presa, e que se eu tentasse fugir, levaria tiro", completou. Ainda abalado, ele afirmou que, apesar do momento de tensão, ele, a mãe e o namorado rezaram durante toda a ação.
"Minha casa está interditada agora. Estou calmo, mas estou em crise" (mostra as mãos tremendo). "Desejo isso a ninguém. A pior sensação da vida. O cara colocou a arma na minha cara. Não fizeram nada com a gente, mas eles queriam mesmo é roubar o banco. O pior é que ele morreu no meu quarto, está lá morto praticamente na minha cama." O jovem relembrou que, quando o bando conseguiu entrar no banco, um deles falou a frase: “Segundo passo”.
E, após isso, eles permaneceram na casa. Ele acredita que o criminoso Kennedy tenha ficado para matar, "pois éramos testemunhas".
"Acho que, como demorei para entrar, o guardinha chamou a polícia. A gente rezou bastante. Minha mãe foi ameaçada o tempo todo. Não fizeram agressão física, mas foi um medo e um terror. Quando a polícia chegou, eu gritei falando da minha mãe para que vissem que eu era viado, para não acharem que eu era um dos bandidos", finalizou.
O CASO
Segundo o boletim de ocorrência da Polícia Militar, ao chegar ao local, as equipes perceberam um buraco no muro que divide a residência do banco. Os policiais entraram na casa e, pela janela, viram uma mulher e dois homens. Um terceiro suspeito fugiu para o interior da casa ao perceber a presença policial. A PM pediu que a família deixasse o imóvel. Na saída, uma moradora informou que o homem que fugiu estava armado e roubando o banco.
Ao iniciar a varredura no quarto, o suspeito disparou contra a equipe, que revidou. Ele foi atingido e morreu ao ser atendido pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).
As equipes realizaram buscas no terreno da residência e, próximo ao buraco na parede do banco, encontraram uma picareta, uma alavanca e um pedaço de madeira com pano na ponta, utilizados para minimizar o barulho.
A proprietária da residência foi contatada e relatou que, por volta das 22h, foi abordada por cerca de cinco pessoas que disseram que usariam a residência para entrar no banco ao lado. Ela afirmou que a família ficou quase 4 horas em cativeiro e que, durante todo o tempo, o suspeito falava ao telefone com outros comparsas, garantindo que tudo estava sob controle e que deviam “continuar a operação”.
Com o suspeito morto, a PM apreendeu um revólver calibre .38, de numeração suprimida. A Polícia Civil foi acionada para investigar o caso.
Kv
Segunda-Feira, 30 de Junho de 2025, 11h36Cuiabano
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