Essa conversa é fictícia, mas poderia ser real. Na verdade ela aconteceu de maneira indireta, na propaganda eleitoral na TV.
Na terça-feira (16), o programa do PSB mostrou a candidata Marina Silva se emocionando ao lembrar da infância miserável, com pouca comida na mesa. “Sei o que é passar fome”, disse, ao garantir que não acabaria com o Bolsa Família, sendo aplaudida pelos ouvintes de seu discurso.
Em post da quarta-feira (17), eu lancei uma questão: “Como Dilma e Aécio podem contra-atacar? Não dá para desqualificar quem assume ter passado fome. Seria uma atitude vista como desumana e cruel. Bombardear Marina por sua declaração dramática poderia ofender milhões de outras pessoas que também já conheceram (ou ainda sentem) a fome”.
Pois a equipe de Dilma deu um jeito de apresentar uma resposta sem criticar o suposto vitimismo da ex-senadora.
No programa do PT exibido na noite de quinta-feira (18), uma família de Itapipoca (CE), beneficiada com o Bolsa Família, ganhou destaque na tela. Em seu depoimento, a costureira Maria Dóris soltou a frase perfeita para servir como réplica de Dilma para Marina: “Nós não temos mais fome”.
Foi a maneira encontrada para retrucar sem atacar. E colocar essa declaração de impacto sobre a fome na boca de uma mulher anônima, pobre e nordestina, se revelou mais impactante do que se tivesse sido verbalizada pela própria presidente.
Faltando 16 dias para o primeiro turno, Dilma e Marina estão com um apetite cada vez mais canibalesco. O embate entre as duas se tornou um banquete para quem acompanha o cardápio dessas eleições.