O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quebrou o silêncio sobre o conflito entre Israel e Irã e afirmou que o Oriente Médio pode se transformar em um campo de batalha após os ataques de Israel ao Irã. A fala aconteceu durante discurso na Cúpula do G7, no Canadá, nesta terça-feira (17).
Assim como na nota divulgada anteriormente pelo Itamaraty, o presidente não condenou a resposta de Teerã, tampouco o programa nuclear iraniano, destoando do comunicado conjunto divulgado pelo G7, que cita o direito de Israel de se defender e condena o programa nuclear iraniano.
“Os recentes ataques de Israel ao Irã ameaçam fazer do Oriente Médio um único campo de batalha, com consequências globais inestimáveis", afirmou o presidente brasileiro ao se endereçar aos 16 líderes que estavam presentes no almoço de trabalho.
Conforme antecipado pela âncora da CNN Débora Bergamasco, Lula citou o tema da sessão "segurança energética” como pano de fundo para mencionar o conflito, mas sem condenar de forma mais incisiva os israelenses ou iranianos, dando o mesmo peso às críticas a ambas as partes.
“Tampouco haverá segurança energética em um mundo conflagrado. Ano após ano, guerras e conflitos se acumulam. Gastos militares consomem anualmente o equivalente ao PIB da Itália", afirmou.
O presidente também mencionou os conflitos na Ucrânia e em Gaza. Sobre a guerra no Leste Europeu, defendeu o diálogo e afirmou que nenhum dos lados conseguirá atingir seus objetivos pela via militar. A fala aconteceu antes da reunião prevista com o presidente ucraniano Volodymyr Zelenski.
E ao se referir ao enclave palestino, Lula disse que nada justifica "a matança indiscriminada de milhares de mulheres e crianças e o uso da fome como arma de guerra".
Recado aos países ricos
Após citar os principais conflitos da atualidade, o presidente apontou os possíveis responsáveis. Lula afirmou que entende a complexidade debelar guerras, mas criticou a falta de uma postura mais atuante das principais potências globais. “É patente que o vácuo de liderança agrava esse quadro", comentou.
Lula também citou a exploração mineral e disse que o Brasil não vai se tornar palco de corridas predatórias e práticas excludentes. "Parcerias devem se basear em benefícios mútuos, não em disputas geopolíticas", afirmou.
A fala acontece em meio à guerra tarifária travada por Donald Trump e ao acordo firmado entre Estados Unidos e Ucrânia para a exploração de minerais. Kiev aceitou a parceira em troca do apoio militar de Washigton.
Outra disputa envolvendo recursos naturais diz respeito à China, que reduziu as exportações de minerais de terras raras ao mercado americano e europeu em retaliação às tarifas impostas por Trump e às disputas comerciais com o Velho Continente.
Nesta terça-feira, os líderes do G7 lançaram um comunicado conjunto para garantir o acesso seguro e sustentável a minerais essenciais, em resposta a Pequim, que também limitou a exportação dos recursos aos europeus.
Por fim, Lula ainda reforçou as tradicionais críticas aos organismos multilaterais. "É o momento de devolver o protagonismo a ONU. É preciso que o Secretario-Geral lidere um grupo representativo de países comprometidos com a paz na tarefa de restituir à organização a prerrogativa de ser a casa do entendimento e do diálogo", disse.
alexandre
Quarta-Feira, 18 de Junho de 2025, 07h37