O plano de assassinar o presidente Lula e o vice, Geraldo Alckmin, previa o uso de um arsenal com alto poderio bélico, descrito em detalhes na decisão do ministro Alexandre de Moraes que ordenou a operação de hoje sobre cinco alvos militares envolvidos na trama. O documento com o plano foi impresso no Palácio do Planalto durante a gestão de Jair Bolsonaro e apreendido pela Polícia Federal com o general Mário Fernandes, cujo nome de guerra era general Mario.
De acordo com o despacho de Moraes, na lista de armanentos que deveriam ser utilizados pelos golpistas no dia 15 de dezembro – data prevista para o assassinato de Lula, Alckmin e do próprio Moraes, seguido por um golpe de estado – estavam granadas, metralhadoras e pistolas de uso militar. Essas armas foram listadas pelo general Mario no documento que detalha o planejamento da ação, intitulada pelos golpistas de “Punhal Verde e Amarelo”.
Na relação estão quatro pistolas 9 mm, quatro fuzis de diferentes calibres, uma metralhadora M249, além de um lança-granada 40 mm e um lança rojão AT4. De acordo com o despacho de Moraes, “são armamentos de guerra comumente utilizados por grupos de combate”.
Fernandes e os outros envolvidos no plano golpista são egressos das forças especiais, a tropa de elite do Exército, especializados em ações em campo aberto, guerrilha e contraguerrilha. São apelidados de kid pretos, por atuarem muitas vezes usando balaclavas dessa cor para esconder o rosto.
Na lista, fica claro que eles tinham conhecimento técnico e escolheram as armas com funções bastante específicas. Na descrição da PF, a M249 “é uma metralhadora leve altamente eficaz, projetada para fornecer suporte de fogo em combate. A combinação de leveza, taxa de disparo e capacidade de alimentação a torna uma arma estimada em diversas situações táticas”.
O lança granada, por sua vez, “fornece capacidade de fogo indireto e versatilidade em termos de tipos de munição”. O lança-rojão, “ utilizado principalmente por forças armadas e de segurança para combate a veículos blindados e estruturas fortificadas. É um lançador de foguetes antitanque. munição é um foguete guiado que possui uma ogiva explosiva”.
O documento de Fernandes, porém, reconhece que a ação era arriscada e considerava a probabilidade de 100% de ocorrência de “baixas aceitáveis”. Ou seja, considerava-se aceitável que todas as seis pessoas envolvidas morressem na ação.
O general da reserva Mario Fernandes foi alvo em fevereiro da Operação Tempos Veritatis, que executou buscas e ordens de prisão sobre dez militares, incluindo membros da reserva e o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier. Na ocasião, foram presos o coronel Marcelo Câmara e o major das Forças Especiais Rafael Martins de Oliveira.
As informações sobre o “Punhal Verde e Amarelo” estavam nesse material. Além de Lula e Alckmin, Alexandre de Moraes também seria executado.
Fernandes, que era funcionário do gabinete do general e deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), foi demitido da Câmara depois da Tempus Veritatis. Na ocasião, também veio a público que os militares egressos das Forças Especiais, a tropa de elite do Exército, se reuniam em salões de festas de condomínios em Brasília para planejar as etapas do golpe.
O general da reserva foi ainda um dos articuladores da carta exortando o então comandante do Exército, general Freire Gomes, para aderir ao golpe que impediria a posse de Lula.
Os outros quatro alvos da operação desta terça-feira também já tinham sido alvo da Tempus Veritatis. Desde aquela época, eles foram afastados de funções de comando – como o coronel Helio Ferreira Lima, que comandava a 3ª Companhia de Forças Especiais em Manaus. Depois de algum tempo, foram autorizados por Alexandre de Moraes para trabalhar no Exército, mas em funções burocráticas, de escritório.
Além dos cinco mandados de prisão, a PF também cumprem três mandados de busca e apreensão e 15 medidas cautelares como a entrega de passaportes no prazo de 24 horas, e a suspensão do exercício de funções públicas. O Exército acompanha o cumprimento dos mandados, que estão sendo efetivados no Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e Distrito Federal.
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Quarta-Feira, 20 de Novembro de 2024, 08h17Dimas
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