Não é novidade que as bets fazem cada vez mais parte da vida dos brasileiros. Mas agora também se sabe que, devido a gastos com apostas on-line, quase um milhão de estudantes estão sob risco de não se matricularem no ensino superior no ano que vem. É o que projeta a nova pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) e pela Educa Insight, divulgada nesta terça-feira, 8.
De acordo com o estudo, que o Terra teve acesso, os gastos com sites de apostas são reconhecidos como um dificultador adicional para o ingresso na graduação privada.
A projeção é que, para o primeiro semestre de 2026, dos cerca de 2,9 milhões de potenciais ingressantes na educação superior privada, aproximadamente 986 mil podem não efetivar a matrícula devido aos gastos com bets.
Em comparação à mesma pesquisa realizada no ano passado, é apontado um aumento de 9,39% casos do tipo no Sudeste e de 7,76% no Nordeste. Já nas regiões Norte e Centro-Oeste há queda de 33,16% e 24,97%, respectivamente.
As apostas on-line também impactam quem já está matriculado em faculdades particulares pelo Brasil. A pesquisa mostra que 14% dos universitários já atrasaram suas mensalidades ou chegaram a trancar o curso em razão dos gastos com apostas on-line.
Quem aposta?
A situação se agravou: o percentual de jovens que apostam regularmente subiu de 42,9%, conforme registrado no ano passado, para 52%. No caso, de uma a três vezes por semana, de acordo com o relato dos entrevistados ouvidos pela pesquisa.
Os valores das apostas variam de acordo com a classe social dos estudantes. Na classe A, por exemplo, eles destinam, em média, R$ 1.210 mensais às apostas. Já nas classes D e E eles apostam em média R$ 421 por mês.
Mas, em cerca de 80% dos casos, os entrevistados afirmam comprometer até 5% da renda mensal com a prática. Entre as pessoas mais pobres, cresceu o número de pessoas cujo a marca chega a 10% do orçamento mensal.
A pesquisa em questão foi feita entre 20 e 24 de março deste ano e entrevistou 11.762 estudantes de todo o Brasil, incluindo pessoas de 18 a 35 anos de todas as classes sociais.