Morto após ter sido sequestrado e dopado por oito dias, Oseias Eustáquio Pereira (foto em destaque), 46 anos, tinha uma empresa de renegociação de dívidas extrajudiciais. Ele começou a empreender após ter saído da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF).
A esposa de Oseias, que preferiu não se identificar, destacou que o empresário era um homem honrado e um excelente e atencioso pai e chefe de família. Evangélico, ele gostava de tocar violão e “ministrar hinos com palavras direcionadas à libertação”, conforme ela definiu.
Segundo ela, Oseias teria se afastado da PMDF para lidar com situações familiares. O nome dele não consta no Portal da Transparência do GDF. A empresa de renegociação de dívidas que ele tinha em seu CNPJ foi aberta em 2013. O homem era pai de dois filhos, um de 13 e outro de 11 anos.
A esposa lembra de Oseias como um bom pai, um homem trabalhador e honrado. O homem lidava com problemas de saúde, uma vez que era dependente químico e morreu após ter ido procurar por drogas.
Sequestro
O caso começou a ser investigado quando uma mulher registrou boletim de ocorrência na 38ª Delegacia de Polícia (Vicente Pires), após ter o carro supostamente furtado.
No entanto, a dona do veículo começou a receber ameaças de desconhecidos por meio de ligações. Os criminosos diziam estar com o carro e mantinham o empresário em cativeiro, após ele entregar o automóvel como forma de pagamento na boca de fumo.
Com a intensificação das ameaças, os sequestradores exigiram que a denunciante transferisse a posse do carro ou pagasse R$ 30 mil, pois a vida do ex-companheiro dela estaria em risco caso a dívida de drogas não fosse quitada.
Desesperada, a vítima voltou à delegacia, o que levou os policiais a adotarem medidas imediatas. Um dos criminosos enviou uma localização à vítima, que fingiu concordar em pagar a dívida deixada pelo empresário.
Os policiais foram ao local indicado, um hotel na CSC 8 de Taguatinga Sul – área conhecida como ponto de tráfico de drogas –, onde encontraram o veículo com os traficantes e a vítima visivelmente sob efeito de medicamentos.
Durante a operação, os policiais apreenderam facas, celulares e drogas, como crack. Os três sequestradores foram presos em flagrante e reconhecidos pelo empresário como os responsáveis pela extorsão.
O empresário contou que chegou a receber drogas antes de ficar trancado no quarto, ser dopado constantemente com Clonazepam e sofrer agressões dos criminosos desde 28 de novembro.
Além disso, disse ter sido levado a um cartório em Samambaia, para assinar uma procuração de transferência do veículo, sob ameaça de que só seria liberado após a assinatura ou o pagamento de R$ 30 mil.
Durante a operação, os policiais apreenderam facas, celulares e drogas, como crack. Os três sequestradores foram presos em flagrante e reconhecidos pelo empresário como os responsáveis pela extorsão.
Caso os laudos do Instituto de Medicinal Legal (IML) confirmem que a morte do empresário está ligada ao fato de ele ter sido severamente dopado por oito dias, os sequestradores podem ter a pena duplicada pelo crime hediondo — o tempo de prisão pode chegar a 30 anos, segundo a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).
Os investigados também devem responder por extorsão mediante sequestro, tráfico de drogas e associação para o tráfico de entorpecentes.
A vítima morreu por volta das 22h dessa quinta-feira (7/11), em uma clínica de reabilitação no Núcleo Rural Vargem da Bênção, em Planaltina (DF), e três dias depois de ser achada no hotel – ainda atordoada, mas sem ferimentos.