Mundo Quarta-Feira, 04 de Junho de 2025, 00h:00 | Atualizado:

Quarta-Feira, 04 de Junho de 2025, 00h:00 | Atualizado:

MORTE EM PRAÇA

Vídeo desmente PM e mostra tiro que matou garota em abordagem

Militar alegou que o rapaz tinha dado um tapa na arma, provocando o disparo

G1

Compartilhar

WhatsApp Facebook google plus

garota-morta-pm3.jpg

 

A câmera corporal do sargento Thiago Guerra, da Polícia Militar, registrou o momento em que ele dá uma coronhada em um jovem durante uma abordagem em Guaianases, na Zona Leste de São Paulo. No instante seguinte, a arma do policial dispara e mata Victoria Manoelly dos Santos, de 16 anos. O caso ocorreu em janeiro, mas as imagens, obtidas pelo g1, foram anexadas pelo Tribunal de Justiça ao processo em 28 de maio.

Na ocasião, Kauê Alexandre dos Santos Lima, irmão de Victoria, estava com ela e outros familiares em uma praça do bairro, após encerrar o expediente na adega onde trabalhava. Segundo Kauê, o grupo notou uma movimentação policial nas proximidades e foi até o local para ver o que estava acontecendo.

A equipe do sargento Thiago Guerra havia sido acionada para atender uma ocorrência de roubo e procurava suspeitos na região. No entanto, ao se aproximar da praça, Kauê foi abordado pelos policiais, o que deu início a uma discussão. Nas imagens, ele aparece sendo puxado pela gola da camiseta e dizendo: "Tira a mão de mim".

As imagens da bodycam mostram o momento em que o sargento aponta a arma para Kauê e dá uma coronhada na cabeça dele. Em seguida, o revólver dispara e atinge Victoria, que estava ao lado, na região do peito. A adolescente foi levada para o Hospital Geral de Guaianases, mas não resistiu ao ferimento.

A gravação contraria a versão registrada pelo policial no boletim de ocorrência. De acordo com o sargento, Kauê teria colocado as mãos na altura da cintura e, ao tentar se esquivar da abordagem, deu um tapa na mão do PM, provocando o disparo acidental.

Pelas imagens, também é possível ver o desespero da mãe dos jovens, Vanessa Priscila dos Santos, que acompanhou a ação. "Mataram a minha filha", gritou ela enquanto pedia ajuda.

O irmão de Victoria chegou a ser detido e soube da perda da irmã quando foi levado à delegacia pela PM. Ao ouvir da mãe que a jovem havia morrido, ele desabou no chão em desespero, chorando muito.

Procurada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que "o policial encontra-se preso no Presídio Militar Romão Gomes. As investigações das polícias Civil e Militar foram concluídas e encaminhadas à Justiça, inclusive com as imagens registradas pela câmera corporal do agente".

O advogado de defesa do PM, João Carlos Campanini, afirmou que ele mantém a versão apresentada no B.O. "A defesa aguarda decisão do juiz acerca da fase de pronúncia. A instrução de primeira fase já foi finalizada", informou.

Inquérito policial

garota-morta-pm.jpg

 

A Polícia Civil concluiu o inquérito que apurava a morte de Victoria em janeiro. O delegado Victor Sáfadi Maricato, responsável pelo caso, concluiu que o sargento Thiago Guerra agiu com dolo eventual por assumir o risco de matar, ao dar uma coronhada no irmão da adolescente.

O delegado ressaltou ainda que dar coronhadas não corresponde "às doutrinas das polícias brasileiras" e que quem faz isso assume riscos do resultado. Por essa razão, indiciou o PM pelo crime de homicídio.

Guerra foi preso em flagrante e teve a prisão convertida em preventiva pela Justiça, após a morte da adolescente. O relatório final afirma que a decisão foi tomada a partir dos "elementos de convicção apresentados no bojo do presente procedimento de Polícia Judiciária, notadamente os depoimentos dos Policiais Militares, os depoimentos das testemunhas, a declaração da vítima e, primordialmente, o vídeo da câmera de segurança do PM autor do disparo, evidenciam de maneira inequívoca os suficientes indícios de autoria e a materialidade delitiva exigida pelo tipo penal".

Na época, a mãe de Victoria disse que esperava que o PM fique “muito e muitos anos preso” e pague pelo que fez à filha dela.

“Fiquei sabendo que ele está preso. Ele precisa pagar pelo que ele fez, porque não é justo a minha filha pagar por uma coisa que não fez. Pagar com a vida ainda. Mesmo que tivesse feito, ele não tinha o direito de tirar a vida de ninguém. Que ele fique muito e muitos anos [preso]. A gente não tem mais nada. Só resta saudades e lembranças boas, e ruins também. Porque vi a minha filha sangrar até a morte”, disse a mãe da jovem (veja vídeo acima).

“Era uma menina superalegre, divertida. Ainda não pensei sobre tudo isso. Não raciocinei sobre. Nem acreditar estou conseguindo. Está difícil. Ela era muito divertida, gostava muito de brincar. Vaidosa, bastante vaidosa. Gostava bastante de maquiagem e essas coisas...”, disse.

A mãe também afirma que teve demora para socorrer a filha. "Foi muito feio, foi a pior coisa da minha vida, jorrou sangue, e eles [PMs] não levaram, não a socorreram. Pedi pelo amor de Deus. Ajoelhei ao pé do policial pra ele socorrer minha filha. Eles não socorreram. Eles estavam preocupados em colocar meu filho dentro da viatura".





Postar um novo comentário





Comentários

Comente esta notícia








Copyright © 2018 Folhamax - Mais que Notícias, Fatos - Telefone: (65) 3028-6068 - Todos os direitos reservados.
Logo Trinix Internet