Opinião Terça-Feira, 26 de Maio de 2015, 08h:09 | Atualizado:

Terça-Feira, 26 de Maio de 2015, 08h:09 | Atualizado:

Hérica Teixeira

A justiça que mata

 

Hérica Teixeira

Compartilhar

WhatsApp Facebook google plus

herica-teixeira.jpg

 

Relutei absurdamente para não expor o descaso a que eu e minha família enfrentamos com a justiça de Mato Grosso. Meu pai, um trabalhador de 60 anos e acometido de câncer de fígado desde o ano de 2003, passou a depender do bloqueio de valores das contas do Estado. Há quatro anos, o câncer avançou e foi para o pulmão e no Sistema Único de Saúde (SUS) não havia tratamento para ele. Para termos acesso a essa garantia foi necessário recorrer à justiça.

Em novembro de 2013 começamos a batalha judicial. O processo foi distribuído para a 3ª Vara da Fazenda Pública. O primeiro bloqueio só ocorreu em janeiro de 2014. Mensalmente tinha que ser feito um novo pedido no processo, pois o tratamento não poderia ser interrompido. Mesmo diante de comprovação da necessidade do tratamento, o Estado chegou a demorar duas semanas para garantir o valor que o custeava.

 Em novembro de 2014 descobrimos que o câncer do pulmão tinha avançado e meu pai também estava com metástase óssea. Uma situação muito difícil que nossa família teve que enfrentar. Mas o pior ainda estava por vir.

Devido ao avanço da doença,  o médico resolveu mudar o medicamento. Isso garantiria ao meu pai qualidade de vida e aumentaria as chances de eficácia no tratamento. Foi uma longa espera. Feito o pedido de novo bloqueio, o juiz Márcio Aparecido Guedes, substituto na 3ª Vara de Fazenda Pública, determinou o envio do processo para o Núcleo de Apoio Técnico (NAT) e só depois de alguns dias que o processo voltou para o gabinete.

Julgado o pedido em 20 de janeiro de 2015, o valor não pôde ser liberado porque o certificado digital do juiz, que garantiria a assinatura do alvará, estava vencido e sem previsão de resolução do problema, conforme informação do gabinete. Enquanto isso o paciente, meu pai, continuava esperando.

Ansiosos e ao mesmo tempo tomados pela indignação, eu e  meu esposo fomos no dia 13 de fevereiro até o gabinete do presidente do Tribunal de Justiça, Paulo da Cunha, para informá-lo sobre a demora da decisão por conta de questões internas e burocráticas. Fomos recebidos pela assessora Patrícia, que foi muito solícita e atenciosa com o nosso pedido. Ela prometeu entrar em contato com o juiz e pedir celeridade na emissão do alvará.

Somente em março de 2015 meu pai teve garantido o tratamento. Ao longo deste mês ele passou muito bem. Sem dor, sem cansaço, sem enjoos e animado com a possibilidade do remédio estar dando certo. Porém, como sempre, a advogada teve que entrar com um novo pedido de liberação para dar continuidade ao tratamento. Otimista, não imaginava que enfrentaríamos outra longa peregrinação. Estava enganada.

Agora a 3ª Vara de Fazenda Pública, sob a responsabilidade da juíza Antônia Siqueira Gonçalves Rodrigues, determinou o encaminhamento do processo para manifestação do Ministério Público sobre a necessidade do medicamento. Acontece que, antes da primeira liberação de valores o processo já tinha respaldo do Núcleo de Apoio Técnico (NAT) do TJ e também do próprio MP. O processo que era em caráter de urgência ficou 20 dias no gabinete da 5ª Promotoria de Justiça Cível, com o promotor Almir Tadeu de Arruda Guimarães.  O processo saiu da 3ª Vara para o MP no dia 04 de abril e só retornou no dia 24 do mesmo mês.

Enfim, no dia 18 de maio, a juíza Antônia Siqueira Gonçalves Rodrigues entendeu que realmente meu pai precisava do tratamento, mas já era tarde.

O que aconteceu? A saúde do meu pai não pôde esperar tamanha burocracia e o desserviço da justiça, do Ministério Público e do Estado de Mato Grosso. No dia 03 de maio, após dias de muita dor e cansaço, meu pai foi levado ao hospital e teve que ficar internado. O quadro dele se agravou muito e ele teve que ser transferido para a UTI no dia 08 de maio. Apesar da luta, no dia 16 de maio, sem o devido tratamento, meu pai não resistiu ao câncer e faleceu.

Eu não sou hipócrita de achar que se meu pai tivesse tomando o medicamento conforme foi prescrito ele jamais seria internado. Ele poderia ter tomado todas as doses e mesmo assim ser vencido pela doença. A minha indignação é a forma como a Justiça trata o cidadão. Eu entendo que para o bloqueio de dinheiro das contas do governo há que se ter embasamento para tal, mas precisa demorar tanto?  Precisa todo mês pedir? Não basta ver um ente querido sofrer, a Justiça tem que massacrar ainda mais? Quantas pessoas estão na mesma situação ou pior a que meu pai estava? É inconcebível que um cidadão de bem tenha que passar por isso. Indignada! Afinal, para que serve a justiça de Mato Grosso?  Para que serve o fiscal da Lei? Eu mesma respondo: - dor, revolta e descaso.

Hérica Teixeira Latorraca é jornalista em Cuiabá.





Postar um novo comentário





Comentários (21)

  • cacaia

    Sexta-Feira, 30 de Novembro de 2018, 20h50
  • Justiça tardia, arrematada injustiça! Rui Barbosa. Simples assim!!!
    1
    0



  • tais

    Quinta-Feira, 28 de Maio de 2015, 18h17
  • "Um pequeno deslize no cumprimento dos prazos e formalidades processuais e o Juiz é quem vai pagar o pato" na verdade quem pagou o pato por falta de agir com rigor foi meu pai. E acima de tudo que fique claro que esse artigo não é pra falar de incompetência ou coisa tal,mais sim da demora sabendo o tão grave que é a doença e sabendo de tudo isso a demora....
    0
    0



  • Eduardo R. A. Latorraca

    Quinta-Feira, 28 de Maio de 2015, 16h31
  • Dr. José Arimatéia, respeito a sua opinião e entendo a sua posição enquanto presidente da Associação dos Magistrados. Sou professor, advogado militante na área consumerista e cível e advogado público na esfera estadual. Com todo respeito a sua opinião, no caso do pai da Hérica, ninguém da família precisa mais procurar a justiça para a busca de um tratamento de saúde. Que dirá a Associação dos Magistrados. Quando mais o paciente precisou da Justiça de MT ela de nada serviu. A Hérica experimentou a dor e o sofrimento de ver o pai morrer. Assim, penso que antes de orientar os Magistrados de como devem julgar as causas da saúde, buscando não onerar os cofres públicos, por meio do Provimento 02/2015, ou tentar reduzir a judicialização da saúde com uma câmara de conciliação, o Poder Judiciário e o Governo do Estado deveriam sim pensar na população que sofre na dependência da saúde pública ou das morosas decisões do Judiciário que também matam ao invés de salvar. Isto porque antes de se apurar a necessidade de um tratamento de câncer ou a ocorrência ou não de superfaturamento de procedimentos, o certo seria liberar o pagamento ou o tratamento de câncer pretendido, como era o caso do Pai da Hérica. Pague-se e depois apure o necessário e puna a quem de direito, pois o paciente não deve e nem pode ser punido, pagando com a própria vida por conta de erros do Judiciário que é moroso e muito menos por conta de escândalos de corrupção e superfaturamento de procedimentos da SES. Ao invés de pedir que a Hérica verifique o quanto se bloqueia do pujante Estado de MT e o quanto o nobre Judiciário tem feito em favor da saúde, especialmente com a edição do Provimento 02/2015, penso que a sua presença Excelência, na Vara de Origem, decidindo processos ao invés de estar nesse momento comentando o artigo em desfavor da Hérica, seria, data máxima vênia, de melhor valia ao Estado e a todos nós. O Dr. poderia estar “salvando” uma vida ao decidir um processo neste exato momento. Penso que decidindo processos, o Dr. estaria contribuindo para melhoria da eficiência da Justiça, uma vez que neste exato momento, às 16:30, em pleno expediente forense, a justiça está se tornando mais morosa ainda com o Dr. postando comentários aqui. Respeito o seu trabalho e sua opinião. Mas de nada ajuda nesse momento. A justiça continua morosa do mesmo jeito se tornando Injustiça, principalmente para quem necessita de saúde. Até porque, não se trata de um dano moral....trata-se de uma vida que se foi ceifada. Independentemente do que venha depois a escrever, seja aqui ou por uma nota, o Dr. ou a Associação dos Magistrados não resolverá o problema sendo corporativista.
    1
    0



  • Sirlei

    Quinta-Feira, 28 de Maio de 2015, 08h26
  • Infelizmente é esta a realidade de nosso Judiciário. Em nosso Estado, a justiça de qualidade é dada apenas aos próprios membros do Judiciário quando em causas próprias. Justiça cega? Ledo engano! Só quem precisa ou já precisou da justiça sabe a revolta e o descaso que os cidadãos comuns passam. Sei da indignação que a leitora Hérica Teixeira e toda a sua família deve ter passado. Não há o que falar, apenas engrossar seu coro de indignação.
    1
    2



  • monica

    Quarta-Feira, 27 de Maio de 2015, 19h52
  • Pensei que o que matasse fosse a precariedade da saúde pública!
    1
    0



  • melissa

    Quarta-Feira, 27 de Maio de 2015, 18h53
  • Vc pode ter certeza que a juíza e o ministério publico receberam os seus salários corretamente durante todo o tempo em que seu pai estava agonizando e assim, vc acha que eles se importaram com o que seu pai e sua família estavam passando? Eles não têm prazo para cumprir nada, querem empurrar o seu trabalho para outro fazer. Quem precisa que espere a boa vontade deles. Sinto muito por vc, pois imagino a dor e a revolta . Mas lembre-se sempre: eles terão de um modo ou de outro o mesmo tratamento que dispensaram à vc e sua família. É a lei da ação e reação. Tudo o que vc "joga" no universo, uma hora volta para vc.
    3
    2



  • Z?

    Quarta-Feira, 27 de Maio de 2015, 08h49
  • Infelizmente Hércia, o momento é de profundo pesar. Mas, você traz à tona um tema que poucos ousam em discutir. É notório o descontentamento de grande parte dos cidadãos e dos próprios advogados que militam na seara da justiça. Digo: "poucos ousam", porque é comum ouvirmos frases do tipo: "ah pode esquecer, esse grupo é forte." ou " é melhor você não reclamar, senão eles sentam em seu processo e ele não vai andar." Muitos profissionais do direito estão mudando de profissão, em virtude da morosidade e pela falta de urbanidade. Muitos servidores, acham que estão prestando um favor, quando, na condição de servidores públicos, tem a obrigação de prestar seus serviços. Outras vezes, a eterna instrução que pode levar cinco, dez, quinze anos, isto, apenas em primeira instância. Sem falar, em juiz que sai de férias e deixa de expedir os benditos alvarás. Isto não é uma denúncia, apenas um desabafo. É verdade que o judiciário de Mato Grosso vem melhorando a cada dia, mas, ainda a muito o que melhorar, principalmente em questão de recursos humanos. Não podemos fazer vistas grossas e dizer que está tudo bem, quando não está. A Saúde vai mal, a Educação, a Segurança e a Justiça, também vão mal.
    2
    2



  • Erasmo Vieira

    Terça-Feira, 26 de Maio de 2015, 23h25
  • Eis uma grande verdade, infelizmente. Mas, não podemos generalizar, existe casos que a justiça é célere, eficiente, imparcial e norteada pelos princípios da legalidade e da moralidade, mesmo com os prazos processuais e as formalidades do processo. Toda via, não é difícil nos depararmos com situações inusitadas, como mau atendimento em alguma vara, com assessor de juiz (Que se acha o Ministro Do STF, sabe tudo e um pouco mais), com o fundamentações pautada pelo princípio do livre convencimento do juiz, muita vezes atropelando a jurisprudências, súmulas, leis e até mesmo a CF/88. Aí você me pergunta: "e a segunda instância?", eu lê respondo: "e o tempo?". É difícil falar da Justiça, não podemos macular toda instituição, é perceptível o esforço de uma grande parte do judiciário para oferecer uma justiça de qualidade à altura dos anseios da sociedade, existes grandes projetos com bons resultados e as estatísticas comprovam. Porém, a vaidade, o autoritarismo, o orgulho, insatisfação, o cansaço e a má vontade passeiam com a Justiça.
    1
    1



  • Maria

    Terça-Feira, 26 de Maio de 2015, 22h00
  • Inversão de valores! O Estado não garante acesso de qualidade à saúde e a culpa é da Justiça? Se o pai teve um pouco de acalanto, foi a Justiça quem proporcionou e não o Estado, que mal doi citado no artigo.
    7
    4



  • Elvis C.

    Terça-Feira, 26 de Maio de 2015, 20h31
  • SUS - Sistema Único do Sofrimento...
    2
    0



  • Phillipe Augusto

    Terça-Feira, 26 de Maio de 2015, 19h58
  • Não concordo com o Senhor Arimatéa, que pretende tirar a parte que cabe da culpa ao Judiciário. Sim, os formalismos são necessários, e não podem ser mitigados. No entanto a demora aqui é culpa de uma administração que pretere os investimentos necessários para que os jurisdicionados obtenham a resposta em tempo razoável. Pois ninguém, ou quase ninguém, procura o Judiciário para que tenha a sua demanda perpetuada no tempo pela falta de zelo da Justiça. Ao que leva crer que não existe razão para que os pedidos de urgência não fossem analisados em exíguo prazo. Assim qualquer justificativa pelo respeito ao devido processo não justifica a espera de prazos exagerados pela manifestação do Ministério Público ou qualquer outro parecer que se faça necessário, pois se a Lei não estabele o prazo o Juiz tem por obrigação fixá-la, e se o próprio judiciário não consegue cumprir é porque carece de investimentos em infraestrutura e material humano. Aqui me obrigo a enaltecer o árduo trabalho que boa parte dos servidores do judiciário prestam no auxílio ao jurisdicinado, mas cumpre-me protestar por uma Justiça digna, célere e prestativa, que não se aproxima da nossa Justiça Estadual.
    4
    8



  • osvaldo kaneziro

    Terça-Feira, 26 de Maio de 2015, 19h28
  • Justiça FAMIGERADA que nao a morte se comove queria ver se fosse invverso fosse com um filho pai ou mae de um juiz desembargador etc ,eta justiça FAMIGERADA
    6
    6



  • Jos? Arimat?a Neves Costa

    Terça-Feira, 26 de Maio de 2015, 17h40
  • Talvez o melhor título fosse Justiça que salva, pois a Justiça é como uma UTI Social, quando se vai a ela é porque tudo o mais falhou. Respeito muito a dor da Articulista, mas a desafio a pesquisar e constatar a quantidade de vidas que vem sendo salvas pela pronta ação da Justiça. O Sistema processual foi concebido para a regra e não para as exceções, dai porque os prazos processuais e as formalidades do processo precisam ser cumpridos, sob pena de punição do Juiz, máxime se envolver bloqueios de dinheiro vivo das contas do Estado. Um pequeno deslize no cumprimento dos prazos e formalidades processuais e o Juiz é quem vai pagar o pato. Fácil culpar o Judiciário, pois o juiz é proibido por Lei de vir a público polemizar ou se defender em situações como essa, mas o Gestor do Sistema de Saúde não é o Poder Judiciário. Se a articulista tiver interesse a Associação de Magistrados poderá lhe fornecer uma estatística da quantidade de procedimentos de urgência ou emergência médica que foram atendidos por força de decisões judiciais, são tantos que já nos criticam por assumirmos uma tal de Judicialização da Saúde. Me parece que a Articulista, talvez em razão de sua dor, está pegando a Justiça como Cristo e livrando do Barrabás dessa questão da Saúde Pública! Lamento profundamente, pois fatos como este podem acontecer comigo ou com qualquer pessoa de minha família ou do meu círculo de amizades, mas não poderia deixar de esclarecer que se há culpados nessa situação, certamente não é a Justiça e nem os Juízes. Que Deus a conforte e a seus Familiares!
    31
    5



  • Sebasti?o S Lemos

    Terça-Feira, 26 de Maio de 2015, 15h56
  • Hérica e família meus sinceros sentimentos. Não podemos acreditar em um País que prega uma Constituição com direitos e garantias fundamentais. O Estado não pode ter uma Constituição isolada. Então vivemos um "Neoinconstitucionalismo".
    3
    1



  • humberto negretti

    Terça-Feira, 26 de Maio de 2015, 13h38
  • O estado brasileiro é o maior inimigo do povo brasileiro, independentemente do nível econômico e social que possa fazer parte. O estado brasileiro mata mais brasileiro por dia que a soma de todos os conflitos armados no mundo. Por que? por conta do individualismo, do jeitinho brasileiro, da corrupção, impunidade, entre muitas outras maselas.............
    3
    1



  • ANA CLAUDIA DO VAL OLIVEIRA

    Terça-Feira, 26 de Maio de 2015, 13h11
  • Muito triste perder alguem querido e saber que sofreu mais por causa de pessoas insensatas que sentam em uma cadeira de couro para enrolar o tempo e duro. eu tive um caso desse e os advogados de outro estado dizia assim pra mim quando eu cobrava solução!!! um dos piores estados para trabalhar com justiça e o Mato Grosso ai tudo e mais complicado mais burocratico mais devagar. Vergonha ouvir isso....
    5
    6



  • ELIZABETI

    Terça-Feira, 26 de Maio de 2015, 11h45
  • é muito Triste Hérica, depender da saúde Publica, segurança publica e do judiciário deste país. Se fosse um parente um politico atendimento seria totalmente outro. é Um Vergonha depender do Judiciário deste País. Meus Sentimento Hérica. que Jesus Conforte a família e que ajustiça Divina seja feita
    5
    3



  • J.CARLOS

    Terça-Feira, 26 de Maio de 2015, 10h27
  • É MUITO TRISTE ESSA SITUAÇÃO. MAS, EXPERIMENTA DEIXAR DE RECOLHER CUSTAS EM RECURSOS!!! I-M-E-D-I-A-T-A-M-E-N-TE O JUIZ RESOLVE: DESERTO!
    6
    3



  • Rui Barbosa

    Terça-Feira, 26 de Maio de 2015, 10h26
  • Nossa que e isso, A vida não tem mais valor que Deus conforte essa Família.
    3
    2



  • Alexandre

    Terça-Feira, 26 de Maio de 2015, 09h08
  • Absurdo! A Justiça brasileira é um caso perdido.
    6
    3



  • Paulo Sa

    Terça-Feira, 26 de Maio de 2015, 08h31
  • Lastimável! Brasil de ninguém!
    6
    3











Copyright © 2018 Folhamax - Mais que Notícias, Fatos - Telefone: (65) 3028-6068 - Todos os direitos reservados.
Logo Trinix Internet