Opinião Quinta-Feira, 07 de Agosto de 2025, 14h:53 | Atualizado:

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Juacy da Silva

Agrotóxicos, produção orgânica e mapa da fome

 

Juacy da Silva

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JUACY da Silva

 

Há poucos dias o noticiário da imprensa nacional e internacional deu destaque a um fato inédito que foi a divulgação do relatório da ONU informando que o Brasil acabou de sair do MAPA DA FOME no mundo, graças ao desenvolvimento da agricultura familiar e também ao avanço da participação da produção agroecológica.

Um dos grandes desafios que o mundo todo e, particularmente o Brasil enfrentam, é o uso excessivo e abusivo de agrotóxicos (o Brasil é o campeão mundial em uso de agrotóxico, tanto por área cultivada quanto per capita; e Mato Grosso é o campeão brasileiro nesta triste estatística) que degradam tanto a natureza (meio ambiente), poluindo os solos, as águas e o ar; quanto afetam profundamente a produção de alimentos e a saúde humana.

A resposta a tal desafio tem vindo da produção de alimentos orgânicos, embasados na agroecologia que dia após dia, não sem dificuldades, tem ampliado sua participação e importância na produção de alimentos, principalmente tendo como base a agricultura familiar e, neste contexto, oriundos da agricultura urbana e periurbana, principalmente no sistema de economia solidária.

Diversas organizações ambientalistas, não governamentais e, também a pastoral da ecologia integral, tem atuado com afinco para enfrentar este desafio, incentivando a organização de hortas domésticas, hortas escolares e hortas comunitárias, dando uma destinação mais nobre `as diversas áreas, no caso das cidades, verdadeiros latifúndios urbanos, mantidos como estoque de terra para fins meramente especulativos. Além da produção de alimentos cabe ressaltar também o estímulo para a produção de plantas medicinais que inclusive contribuem neste enfrentamento `a pobreza.

É comum defrontarmos com enormes áreas mal cuidadas, que acabam sendo transformadas em depósitos de lixo, matagal, propriedades inadimplementes com suas obrigações fiscais (IPTU), sem calçadas, sem muros, enfim, áreas que apenas serão utilizadas para o lucro imobiliário futuro, afastando-se do princípio consticucional de que a propriedade para ser garantida precisa atender também `a sua função social, o que nunca tem acontecido com esses latifundios urbanos.

A função social da proproiedade remete tanto `a propriedade rural quanto urbana e com o advento do Estatuto das Cidades, foi instituido o IPTU progressivo impondo ao proprietário o pleno uso tanto da propriedade terrotorial quanto predial, sob pena de ser desapropriado por interesse social.

Assim, a função social da propriedade, um dos pilares da Constituição Federal de 1988 e de outras Leis e normas legais, estabelece que o direito de propriedade deve servir não apenas aos interesses do proprietário, mas também às necessidades e interesses da coletividade, visando assegurar uma vida digna e justa a todos os cidadãos que estejam vivendo em um determinado território urbano ou periurbano.

Nos mais diversos estados brasileiros e no Distrito Federal, em centenas ou quase milhares de cidades tem propiciado exemplos de como tais áreas podem ser transformadas em espaços para produção orgânica e contribuido também para a segurança alimentar das populações que vivem não apenas nas periferias territoriais das cidades, mas também nas periferias sociais e econômicas, enfrentando tanto a pobreza, a miséria, a fome, quanto a exclusão socioambiental.

É importante que tais iniciativas recebam não apenas a adeesão, particioação da população local, mas também o apoio técnico de organismos públicos como das secretarias de agricultura, do meio ambiente e desenvolvimento urbano dos Estados e Municípios e, claro, das universidaees tanto públicas quanto particulares que tenham cursos como agronomia, veterinária (importantes para a criação de animais, granjas etc), economia, nutrição e que, através de seus programas de extensão universitária possam oferecer apoio e as orientações técnicas necessárias para que a população local, através da modalidade da economia solidária, do cooperativismo possam desenvolver tais projetos.

Esses projetos, além de contribuirem para o aumento da produção orgânica de alimentos saudáveis, contribuem também para o uso mais racional dos espaços e do solo urbano e periurbano, contribuindo, assim para um melhor cuidado com o meio ambiente e para o combate da crise climática que a cada dia tem acarretado mais problemas para as cidades e seus habitantes.

Como vemos, existe um amplo espaço e grandes oportunidades para a dinamização das ações sociais de base comunitária e da economia solidária, como por exemplo, a Economia de Francisco e Clara, tão enfatizada como a economia da vida, em substituição `a Economia da Morte, como tanto nos exortou o Papa Francisco em seus 13 anos de Magistério.

Este é um dos desafios que a Pastoral da Ecologia Integral e o movimento comunitário devem conjugar esforços para um amplo programa de agricultura orgânica, agricultura urbano nas mais diversas cidades por este Brasil afora e mudar a realidade de exclusão, fome e miséria que existe em nosso país.

Juacy da Silva, professor fundador, titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em sociologia, ambientalista, articulador da Pastoral da Ecologia Integral – Região Centro Oeste. Email [email protected] Instagram @profjuacy Whats app 65 9 9272 0052





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Comentários (1)

  • Thiago Ramos

    Quinta-Feira, 07 de Agosto de 2025, 15h40
  • artigo salvo para ler depois.
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