Opinião Sexta-Feira, 04 de Abril de 2014, 08h:36 | Atualizado:

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Paulo Leite

Anchieta e o novo mundo

 

Paulo Leite

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Chamado de Apóstolo do Novo Mundo, o padre jesuíta José de Anchieta foi oficialmente canonizado pelo papa Francisco, da mesma ordem, nesta quinta-feira. Fundador de São Paulo, ao lado de seu superior Manuel da Nóbrega, Anchieta demorou 400 anos para ser reconhecido santo pela Igreja Católica.

Seus feitos como catequista e defensor dos índios foram narrados pela historiografia brasileira como ações de um clérigo piedoso e um homem de coragem extremada. Além de sua obra de evangelização, o religioso também era poeta e gramático. Diz a lenda, que ele escrevia seus versos na areia da praia para depois transpô-los para o papel.

Nascido nas Ilhas Canárias, Anchieta vinha de uma família de judeus convertidos, mas seu primo por parte de mãe foi o fundador da Ordem dos Jesuítas, São Inácio de Loyola.

Aos 20 anos de idade, chegou como missionário no Brasil e aqui viveu até sua morte em 1595. 

A importância da canonização do padre Anchieta reflete o reconhecimento universal sobre um dos construtores da nação brasileira. O religioso elevado a santo pelo papa era um educador, um homem de letras e de elevada consciência étnica. Protegia os indígenas dos colonizadores portugueses que os escravizavam. É, portanto, mentira que nossa nação foi formada, tão somente, por bêbados e arruaceiros degredados de Portugal. Vieram para cá gente de todo o tipo, entre eles personagens de fé e boa vontade como o padre Anchieta.

Precisamos exorcizar de nossa consciência a ideia de que o Brasil é o resultado de uma canalha de aventureiros que migrou da Europa até nossas encostas. Somos um povo miscigenado, sim. Colonizados por exploradores de nossos recursos naturais, que até hoje escarafuncham a terra em busca de metais e devastam nosso bioma à cata de fortunas.

Mas precisamos olhar para exemplos como os do padre Anchieta, agora São José de Anchieta, para compreender a grandeza histórica da construção do Novo Mundo.

O jornalista e dramaturgo Nélson Rodrigues já intuía que o brasileiro precisava deixar o complexo de vira-lata. De fato, somos uma nação poderosa do ponto de vista econômico, mas recalcitrante na área social. Convivemos com níveis de miséria ainda senegaleses, em determinadas regiões do país, e a violência mutila a convivência entre nossos contemporâneos. 

É preciso, portanto, recuperar a memória de gente como a irmã Dulce, Padre José de Anchieta, Padre Manoel da Nóbrega, Frei Damião, Chico Xavier, Humberto de Campos, Mãe Menininha do Gantois, e outros tantos brasileiros que pregaram a paz e o amor ao próximo.

Paulo Leite é jornalista e escritor





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