Opinião Quinta-Feira, 10 de Dezembro de 2020, 11h:05 | Atualizado:

Quinta-Feira, 10 de Dezembro de 2020, 11h:05 | Atualizado:

Jandira Pedrollo

As cidades “crescem” e o tempo urge

 

Jandira Pedrollo

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No dicionário o significado da palavra urge: “Ato de não admitir nem tolerar atrasos: o tempo urge, precisamos sair. Ação de ser urgente, inadiável ou indispensável. Etimologia (origem da palavra urge). Forma Regressiva de urgir”. 

A euforia das eleições passou, deixemos as desavenças de lado e vamos trabalhar em prol do que interessa, que é o bem-estar da população. Tenho andado pela cidade e pesquisado sobre a grandiosa e necessária ponte sobre o Rio Cuiabá, que unirá a Av. Palmiro Paes de Barros, região do Parque Atalaia, na capital, à Av. da FEB, e ao aeroporto, em Várzea Grande. Ou seja, passará por regiões maciçamente povoadas.   

Pesquisei sobre o Hospital Universitário Júlio Müller, que por sua finalidade e gama de serviços que prestará aglutinará milhares de pessoas em seu entorno, no limite entre Cuiabá e Santo Antônio de Leverger, obra que deveria ter sido legado da Copa de 2014. Outro equipamento de necessidade urgente, uma vez que o atual prédio não comporta mais a abrangência dos serviços. 

As duas grandes obras levarão o desenvolvimento para a região sul da cidade de Cuiabá (a mais carente delas), para Várzea Grande, Santo Antônio de Leverger, reforçando o papel da Região Metropolitana. Após a constatação, veio-me a preocupação: Quem está estudando os efeitos dessas intervenções e propondo alternativas para a mitigação dos impactos, que serão muitos? 

Com certeza são os órgãos de planejamento dos municípios envolvidos, em especial de Cuiabá e Várzea Grande, e o órgão de planejamento da Região Metropolitana. Com relação à região do Nova Esperança/Pequizeiro, onde está o Hospital, as alterações urbanas serão várias, pois é sede de Distrito e provavelmente o hospital atrairá comércio e serviços variados para a região.  

Portanto, serão necessários empreendimentos de apoio como os restaurantes, bares, farmácias, hotéis, mercados e outros. Junto desses, a habitação para os trabalhadores e estudantes, uma vez que lá é hospital escola. O órgão de planejamento urbano municipal já elaborou um Plano Diretor para aquela sede distrital? E Santo Antônio, como se integrará a esse planejamento? O órgão de planejamento metropolitano está acompanhando?  

Sobre a nova ponte, já estão providenciando via de ligação entre a Av. Palmiro Paes de Barros e a ponte? Por enquanto essa ligação está inacessível, dessa forma a única possibilidade seria a avenida principal do bairro Parque Atalaia. Mas seria uma insanidade cortar uma comunidade coesa como aquela por uma Avenida de alto fluxo, análoga à Av. Dr. Paraná da ponte Sérgio Motta. Áreas vagas para a implantação são muitas, inclusive há vias planejadas no Plano de Hierarquização Viária de Cuiabá (Lei Complementar n. 232 de 2011).  

Novos questionamentos: Os órgãos de planejamento das prefeituras de Cuiabá e Várzea Grande estão dialogando com o da Região Metropolitana? O Instituto de Planejamento e Desenvolvimento Urbano de Cuiabá (IPDU) está estruturado para atender essas demandas?  A prefeitura de Várzea Grande dispõe de tal órgão? Sei que o Conselho da Cidade de Várzea Grande é utilizado como órgão de planejamento, mas ele é realmente técnico, um órgão político atuando como técnico ou ainda órgão de participação social?  

O órgão de planejamento metropolitano está estruturado para a implantação do Plano de Diretor de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá? 

Em janeiro, entram os novos prefeitos. No caso de Cuiabá, o prefeito foi reeleito, porém, necessitamos de uma oxigenação na administração. Penso que seria o momento adequado para que fossem promovidas reformas administrativas com o reforço das estruturas de planejamento para que planejemos e iniciemos a execução das cidades de 2030. 

Jandira Maria Pedrollo, arquiteta e urbanista, ex-diretora de Pesquisa e Informação do IPDU Cuiabá, ex-diretora de planejamento metropolitano da Agem e membro da AAU-MT, [email protected] 

 





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Comentários (1)

  • Helder Santos

    Quinta-Feira, 10 de Dezembro de 2020, 16h42
  • Parabéns Jandira pelo artigo e pela observação! É algo que os gestores dessas 3 cidades já deveriam ter começado a discutir, mas não o faz. Essas duas grandes obras, principalmente a do Hospital Julio Muller, sem duvida, vão causar grandes impactos e trazer muito desenvolvimento para região sul de Cuiabá, assim como para VG e Sto. Antônio também. Mas, infelizmente, não sei se ha planejamento quanto a alternativas para mitigar os impactos negativos(alguns ex. aumento fluxo de veículos, cresc. desordenado) dessas obras na região, uma vez que, nos últimos 4 anos pouco ou quase nada se viu de diálogo entre a prefeituras de VG e principalmente de Cuiabá com o governo do estado. Do lado de Cuiabá, ainda se vê alguns avanços com o recapeamento e sinalização da rodovia Palmiro Paes de Barros, do lado de VG, nada se vê. Ainda sim, em ambos lados, nada foi feito para melhorar o acesso a morosa construção e termino da nova ponte. Quanto ao Hospital, a falta de planejamento ja começa pelos governos anteriores do estado que não sei por qual razão resolveram implantar um Hospital desse porte numa localização distantes das duas maiores cidades. Fico imaginando como seria o acesso de pessoas mais carentes, sem condução própria, a esse hospital. Ficamos no aguardo para que os novos gestores façam um bom planejamento e que essa região se desenvolva de forma ordenada.
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