Opinião Segunda-Feira, 13 de Maio de 2024, 08h:52 | Atualizado:

Segunda-Feira, 13 de Maio de 2024, 08h:52 | Atualizado:

Rosana Leite Antunes

Basta uma crise...

 

Rosana Leite Antunes

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A frase de Simone de Beauvoir ecoa, soando a nos mostrar o quão vulneráveis são as mulheres. “Nunca se esqueça que basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados. Esses direitos não são permanentes. Você terá que manter-se vigilante durante toda a sua vida.”

A chuva que causou enchentes no final de abril e início de maio do corrente ano em diversos lugares no Rio Grande do Sul, vem causando mortes e deixando pessoas desabrigadas. O Brasil se uniu em solidariedade, com a finalidade de trazer dias melhores para essa população.  Todavia, a violência contra as mulheres assola a humanidade e emerge, primordialmente, em situações onde anormalidades são visíveis. Não foi diferente nos períodos pandêmicos atravessados pela humanidade, tal como a pandemia da Covid-19.

Enquanto a população gaúcha vem sendo amparada, as mulheres sentem a violência de gênero. Locais de abrigamento, no Rio Grande do Sul, segundo narrou a mídia, que deveriam se perfazer em ambientes seguros para elas, se tornaram espaços perigosos para meninas e mulheres. Denúncias de abuso e agressão estão sendo frequentes por lá, e se tornando ainda mais alarmante e potencializadas com as múltiplas desigualdades que se combinam e afetam de forma diferenciada as mulheres.  

O corpo das mulheres se revela um lugar de feridas a penetrar e lacerar a pele e a alma, adquirindo materialidade a causar dor imensurável. É preciso considerar que a condição de ser mulher as coloca em situação de risco, física e psicologicamente. 

Na tragédia instalada, quatro homens foram detidos por terem cometido abusos sexuais nos espaços onde as mulheres estão sendo acolhidas.  É de se ressaltar que essas vítimas eram pessoas conhecidas dos seus agressores e tinham parentesco com eles. A situação fica pior para as mulheres negras, indígenas, quilombolas, idosas, LGBTQIAPN+. 

Fica visível que o cuidado também recai, na maioria das vezes, para as mulheres, as sobrecarregando com a obrigação. Mesmo durante o resgate, com atividades de salvamento e situações de ferimento e quase-morte, as mulheres não estão sendo polpadas de abusos sexuais. São elas, também, as responsáveis por dispensarem todo cuidado aos filhos e filhas, buscando a reconstrução da vida segura e com dignidade.

Assim, na tragédia do Sul do país, além de todo cuidado com o salvamento de pessoas, que vivenciaram traumas por perderem entes queridos e bens, há necessidade de vigilância para que mulheres não passem por outras violações.

Em meio ao caos, organizações se uniram para que um protocolo diferenciado de proteção a mulheres e crianças fosse criado, atendendo à emergência climática. Com a adoção do citado protocolo, nos resgates, nos salvamentos e nos abrigamentos, medidas de proteção às mulheres serão tomadas. Locais onde estiverem mulheres contarão com voluntariado feminino. Em caso de identificação de situações de abuso, os envolvidos deverão ser imediatamente expulsos e encaminhados para as autoridades competentes.

Marina Ganzarolli, presidenta e fundadora do Me Too Brasil fez o alerta: “A violência sexual não acontece em razão da catástrofe, a violência acontece em razão da estrutura patriarcal e do fácil acesso de agressores e predadores sexuais às vítimas em situação de extrema vulnerabilidade.”     

Rosana Leite Antunes de Barros é defensora pública estadual e mestra em Sociologia pela UFMT.





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Comentários (2)

  • Carlos Nunes

    Segunda-Feira, 13 de Maio de 2024, 15h58
  • Pois é, hoje 13 de Maio...em 1917, em Fatima/Portugal, Nossa Senhora, mãe de Jesus, aparecia pras 3 crianças. Maria é o Arquétipo da Mulher Perfeita, conhecida como A Mãe Divina. A Igreja considera o Coração de Jesus, como Sagrado...e o Coração de Maria, como Imaculado. Se existe a Mãe Divina...existe a Anti-mâe, também chamada, nos meios esotéricos, de A Grande Prostituta. Recentemente uma de suas discípulas esteve no Brasil...também tem o nome de Mãe - MADONNA. Fez um Show, mistura de Pornografia com Satanismo. Daqueles bem infernais...Fez até gesto de sinal da Cruz pro povo que assistia...escárnio com o que há de mais sagrado. No YouTube tem protesto de padres, pastores, etc, dizendo que isso jamais deveria passar num canal aberto...isso é privê pra canal fechado...proibido para menores. Aí, tio Luciano Huck afirmou que MADONNA "curou o Brasil". Pelo contrário, a situação pode é piorar...Quando a anti-mãe vai na frente...as hordas infernais vão atrás. Que Nossa Senhora de Fátima proteja o Brasil. Que Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, cubra o país com seu manto. Que o Imaculado Coração de Maria afaste essa porcaria de maus fluídos que a MADONNA trouxe...não precisamos de Pornografia misturada com Satanismo no Brasil - Pátria do Evangelho. Que DEUS nos perdoe. Tem uma turma ignorante que trás essas porcarias pro Brasil...depois o povo sofre. A Mão de DEUS é pesada. DEUS não permite escárnio com coisas sagradas.
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  • Comentarista

    Segunda-Feira, 13 de Maio de 2024, 12h54
  • Muito boa a referência utilizada, Simone Beauvoir, que trabalhou para os nazistas na França ocupada e foi acusada de pedofilia por seduzir e abusar de alunas menores de idade enquanto lecionava, melhor colocação, impossível. Inclusive, fica bem evidente, analisando a própria feminista citada, que abuso não é, nem de longe, uma exclusividade masculina como tentou expressar no artigo, mas confesso, realmente vocês são muito boas em encobrir os crimes quando praticados por mulheres abusadoras.
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