Opinião Segunda-Feira, 17 de Agosto de 2015, 11h:18 | Atualizado:

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Renato Paiva

Crença e Descrença

 

Renato Paiva

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A  palavra ateu foi usada primeiramente, em português,  no século XVI para  qualificar  aqueles que não acreditam em deuses;  quaisquer deles, pois são muitos. Ateu é também ímpio, segundo os dicionários. E ímpio significa incrédulo, sem fé, herege.  0 contrário de pio, que é  piedoso e caridoso. 

Essa é a ideia, em geral,  que se tem do ateu: aquele  que não respeita as coisas religiosas e não tem pena dos males alheios, além de cometer o maior de todos os pecados: não acreditar em nenhum Deus. 

Aí em vem o biólogo darwinista  Thomas Henry Huxley ( 1825-1925) e cria o termo   agnosticismo ( do grego agnosía-ignorância)   visão, segundo a qual  a razão humana é  insuficiente para justificar tanto a crença de que Deus existe, como a  de que Deus não existe.

Esse termo  alivia, conforme penso,   a carga negativa do  adjetivo “ateu”  e as pessoas descrentes  passaram a usá-lo para evitar os preconceitos e a ira dos fieis  de todas as religiões.

Algumas pessoas diferenciam um do outro, dizendo que ateu nega o divino  e o agnóstico simplesmente  não acredita em sua existência, sem negá-la. Este não afirma que Deus não existe, apenas diz que não acredita nele.  

Ora, a diferença é muito sutil e talvez possa ter relevância para quem estuda semântica e etimologia, mas suponho desnecessária para o dia a dia das pessoas. Crer em Deus ou deuses  é  ter fé,  confiança , aceitar por verdadeiro.  Ateu é quem não  acredita ou não tem fé em qualquer  divindade, mas não desaprova  os que acreditam. Aliás, o ódio que os crentes têm dos ateus não é correspondido por esses. 

Tem ele, o ateu, por certo, que as pessoas nascem sem nenhuma crença e que o meio social em que vive lhe apresenta a sua.  Assim  uma criança filha biológica de judeus, será cristã, se criada por cristãos e outra, nascida de pais cristãos,  professará o Islamismo se adotada por  um casal  iraquiano e criada segundo suas crenças. 

Não crer em Deus, qualquer que seja ele, é visto pelos religiosos  como uma falha de caráter. Sempre que  o assunto religião surge em algum grupo é comum ouvir que o importante não é ter uma religião, pois todas seriam  boas, mas é necessário  crer em  Deus.  

“Afirmo”  disse Stephen Robert “que todos somos ateus, apenas acredito em um Deus a menos que vocês”. Pensemos em 3 deuses para entender a frase do escritor: Jesus Cristo, Alá e Bhrama. Quem crê em um deles nega os outros dois.  Crendo em Jesus descrê de Alá e Bhrama.  Escolhendo Alá reprova  Jesus e Bhrama. Nesse caso, cada crente acredita em um e nega os outros dois. O ateu simplesmente nega os três.   

A praga do politicamente correto  tem  imposto  à sociedade  palavras  “apropriadas” para  substituir outras que possam  sugerir algo negativo. Não vejo razão para  usar afrodescendente no lugar de negro;  nem praticante de culto afro-brasileiro  para nomear  o adepto da  macumba, ou,  pessoa com nanismo para anão.

Ateus carregam uma enorme carga de preconceito. Talvez a maior, superando   negros, anões, macumbeiros e viados.  Essas minorias  também  os condenam.   

Mesmo assim acho o termo  agnóstico  um eufemismo desnecessário.  

Renato de Paiva Pereira – empresário e escritor

[email protected] blog bemtevimos.com.br   

 





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