Opinião Quinta-Feira, 10 de Abril de 2014, 08h:22 | Atualizado:

Quinta-Feira, 10 de Abril de 2014, 08h:22 | Atualizado:

Maurício Munhoz

Cuiabá Capital do Agronegócio

 

Maurício Munhoz

Compartilhar

WhatsApp Facebook google plus

mauriciomunhoz.jpg

 

No 295° aniversário de Cuiabá, li um artigo muito ousado do prefeito Mauro Mendes: “Cuiabá capital do Pantanal e do agronegócio”. Ousado porque enfrenta algumas intenções, como a de Campo Grande ser a capital do Pantanal e de tantos municípios de Mato Grosso que se intitulam capital do agronegócio, como é o caso de Sorriso.

Sobre o Pantanal, mesmo que tanto Campo Grande como Cuiabá não estejam inseridos exatamente no pantanal, ambas me parecem ter a legitimidade para tal postulação, mas Cuiabá merece essa honra, por uma questão histórica e cultural. 

Quanto a “capital do agronegócio” a ousadia do prefeito Mauro Mendes reside no fato de Cuiabá não ser um espaço que produza grãos ou tenha um grande rebanho bovino ou sequer suíno. No entanto, quando olho para as estatísticas de Mato Grosso, também enxergo Cuiabá como o vetor da economia desse Estado, que desde 2011 superou São Paulo no Valor Bruto de Produção Agrícola se tornando, segundo o Ministério da Agricultura, o campeão de produção nacional.

Considerando se ainda Mato Grosso como a principal fronteira agrícola do país, pelo potencial de dobrar a produção sem precisar desmatar ainda mais, e conceituando o agronegócio como o conjunto de operações que movimentam a produção e o comércio da produção primária, para sustentar a tese do prefeito é preciso demonstrar que Cuiabá, mesmo sem produzir, conta com o melhor ambiente para se gerir o agronegócio no país.

E para mim a melhor demonstração disso é o fato da maior trading de agronegócios com capital nacional, o grupo AMaggi, ter escolhido Cuiabá para instalar sua sede. Com isso, uma série de outros escritórios de projetos, representações e tantos outros interesses ligados ao agronegócio também estão se instalando na capital de Mato Grosso.

Como a capital concentra as maiores universidades, hospitais e outros serviços especializados, assim como aeroporto internacional e por ser a sede do governo do estado, as vantagens agregadas a tornam a cidade com maior viabilidade para a gestão do agronegócio no Brasil.

A produção de grãos em grande escala é realidade em Mato Grosso há mais de 30 anos, e os números que demonstro a seguir, confirmam a importância de Cuiabá na economia do Estado, ao longo deste corte histórico.

A começar pelo Índice de Desenvolvimento Humano(IDH), de 2010, que aponta o de Cuiabá como o maior do Estado, sendo a posição de número 92 no país, enquanto que a segunda colocada de Mato Grosso é Lucas do Rio Verde com posição número 241 no conjunto de municípios do Brasil. 

Em todos os indicadores do IDH, Cuiabá é o maior do Estado. Vejamos a comparação com Lucas do Rio Verde: O IDH-M total de Cuiabá é 0,785, o de Lucas é 0,768, já o IDH Renda, Cuiabá 0,800 e Lucas 0,766, IDH longevidade Cuiabá 0,834 e Lucas 0,833, e IDH educação Cuiabá 0,726 e Lucas 0,710.

Se tomarmos o PIB do ano de 2010, último oficial, teremos Cuiabá como o maior do Estado com 12,4 bilhões de reais, em segundo lugar vem Rondonópolis com 6,7 bilhões em seguida temos Várzea Grande com 4,0 bilhões de reais.

E tomando os dados do Banco Central, através do sistema Estban, que aponta a posição mensal dos saldos das principais rubricas de balancetes dos bancos comerciais e bancos múltiplos, nos munícipios do país, no mês de janeiro de 2014, de um total de 103 bilhões de reais somados em todos municípios de Mato Grosso, Cuiabá contava com 38 bilhões de reais deste total, em saldo. Para Comparação, Sorriso tinha 3 bilhões de reais.

Naturalmente podemos entender que uma economia primário exportadora, que envia ao exterior apenas produtos in natura, não agrega tantos valores, nem empregos, nem tributos ao município produtor, como poderia se contasse com o processo de industrialização enraizado em sua estrutura de produção. 

Como consequência disso, Mato Grosso, apesar de todos os dados que nos apontam como campeões nacionais de produção e, termos em Cuiabá um município que, pelo seu perfil, se beneficia mais da pujança do agronegócio, ainda percebemos um modelo econômico típico de economias subdesenvolvidas, como o livro “Cenários Estratégicos de Mato Grosso” aponta através das reflexões do Ipea e do deputado José Riva.

A ousadia do prefeito Mauro Mendes, no entanto, me demonstra mais do que um arrojo. Ao falar em planejamento, o prefeito muda o discurso imediatista que costuma marcar os gestores municipais no país. Espero com isso que Cuiabá se prepare para ser além da “capital do agronegócio”, um título apenas simbólico, a capital da mineração, do turismo e da economia de base florestal, que são alguns dos setores econômicos que Mato Grosso tem potencial para expandir, tal qual a agricultura e a pecuária.

MAURÍCIO MUNHOZ FERRAZ é economista





Postar um novo comentário





Comentários (1)

  • wagner vilela terra

    Sábado, 14 de Outubro de 2017, 07h24
  • Acho válida a vontade de transformar o Estado em um grande produtor e deveriamos observar o pib do agronegocio dos estados brasileiros; como exemplo o ESTADO DE SAO PAULO que em 2016 teve um pib do agronegocio no valor de 272 bilhoes, MINAS GERAIS com 204 bilhoes e MATO GROSSO com 65 bilhoes. Temos grandes aereas e precisa urgente diversificar!!!
    0
    0









Copyright © 2018 Folhamax - Mais que Notícias, Fatos - Telefone: (65) 3028-6068 - Todos os direitos reservados.
Logo Trinix Internet