Opinião Quarta-Feira, 25 de Março de 2020, 09h:07 | Atualizado:

Quarta-Feira, 25 de Março de 2020, 09h:07 | Atualizado:

Juacy da Silva

Dia Mundial da Tuberculose

 

Juacy da Silva

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O Objetivo do Desenvolvimento sustentável numero três, da ONU, “SAÚDE E BEM ESTAR” e subscrito pelo Brasil, a chamada AGENDA 2030, em sua meta 3.3 estabelece o seguinte “até 2030 acabar com as epidemias da AIDS, TUBERCULOSE (TB), malária e doenças tropicais negligenciadas e combater a hepatite, doenças transmissíveis pela água e outras doenças transmissíveis”.

O DIA MUNDIAL DA TUBERCULOSE, foi criado em 1982 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em homenagem aos 100 anos do anúncio do descobrimento do bacilo causador da tuberculose, ocorrida em 24 de março de 1882, pelo médico Robert Koch.

Há exatamente 138 anos, era descoberta a origem desta terrivel doença que ao longo de um século , a partir de 1850 até 1950, foi  responsável por mais de um bilhão de mortes e a partir de 1950, meados do século passado até este ano de 2020, deverá ter sido responsável por mais de cem milhões de mortes, além do bilhão de mortes mencionado ou seja, a maior causa de morte na história da medicina.

Apesar de ter sido descoberta sua origem e os avanços da medicina e da indústria farmacêutica terem conseguido produzir em massa o medicamento, mesmo assim, ainda hoje, ou melhor, nas últimas décadas, todos os anos, nada menos do que 1,5 milhão de pessoas morrem em decorrência da tuberculose.

De longe, esta é uma tragédia muitas vezes pior e maior do que a onda da pandemia do coronavirus, no entando, mesmo sendo responsável por mais de 1,5 milhão e meio de mortes e infectando mais de 10 milhões de pessoas a cada ano, nada disso comove os governantes ao redor do mundo, inclusive no Brasil.

Na índia, por exemplo, o número de mortes em 2019 devido `a tuberculose foi de 400 mil tanto no ano passado quanto em anos anteriores, na Indonésia 93 mil, na Nigéria 125 mil, no Paquistão 43 mil e na China 37 mil, quase dez vezes mais do que o número de mortes pelo coronavirus naquele país, considerado o epicentro desta pandemia que tanto nos tem assustado e angustiado.

É necessário também mencionar que em torno de 201 mil portadores de AIDS ao redor do mundo também contrairam TUBERCULOSE em 2019 e foram a óbito e assim tem acontecido ao longo das últimas décadas e a tendência é assim continuar acontecendo nos próximos anos, até que a Meta da ONU seja atingida, em 2030 ou algum tempo no futuro, só Deus sabe quando, a continuar o descaso dos governantes em relação `a saúde dos mais pobres e excluidos.

De acordo ainda com a OMS Organização Mundial da Saúde, na cruzada para acabar com a Tuberculose, é fundamental também combater alguns fatores que predispõem as pessoas a contrairem esta doença e irem a óbito.

Dentre os fatores podem ser mencionados: a) fome, subnutrição e desnutrição que estão associadas a 2,3 milhões de casos; b) HIV/AIDS associado a 800 mil casos; c) diabetes 400 mil casos; d) alcoolismo 800 mil casos e, e) pobreza, miséria  responsáveis por mais de 1,1 milhão de casos de tuberculose em 2019 e também anos anteriores e no futuro.

Diante deste quadro, percebe-se que é fundamental que os países, tanto as organizações públicas quanto as não governamentais façam um grande esforço, um empenho redobrado para que todos os objetivos do desenvolvimento sustentável sejam atingidos, pois de uma forma direta ou indireta, tais objetivos estão relacionados com as desigualdades sociais e econômicas, com a exclusão social que determinam os niveis e condições de vida das pessoas e as predispoõem a doenças, sofrimento e morte.

Todavia, o avanço na conquista tanto da maior parte dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável quanto de suas metas, não serão atingidas até o ano de 2030, tendo em vista o caos e sucateamento dos serviços publicos de saúde em diversos países, inclusive no Brasil e `a falta de empenho e de compromisso dos governantes em relação aos excluidos e marginalizados, quando da definição de politicas públicas.

O mundo esta diante de uma pandemia que está a cada dia aterrorizando todos os países e as medidas adotas, já que esta é uma virose que não se conhece a verdadeira origem e não existe nem vacina e nem medicamento para trata-la, a única sugestão das autoridades sanitárias seja o isolamento social, o confinamento e a quarentena, além de cuidados com a higine pessoal e familiar, que, estão dando certo em todos os países, mas cujos efeitos econômicos e de saúde mental tem sido devastadores, podendo ao final da onda do coronavirus, termos um aumento considerável do desemprego, da fome, da miséria, da violencia, dos suicídios, em decorrencia de uma crise econômica-financeira e social muito pior do que a que teve lugar nos anos de 1929/1930.

Eu não consigo entender, sinceramente, como as mortes de 63 milhões de pessoas no mundo inteiro, em 2020, como está prevista, independente do que venha a ocorrer com o coronavirus, considerando as taxas de mortalidade mundial e dos vários países, pelas mais variadas doenças, transmissíveis, não transmissíveis, degenerativas e outras, não comovem as pessoas, não aterroriza a população mundial, não abala a economia, não cria pânico no mercado financeiro, no câmbio, nas bolsas de valores, não afeta a pauta da grande midia mundial e nacional e nem causa tanta histeria como o coronavirus tem causado, principalmente em autoridades públicas que aproveitam do pânico coletivo para exercitarem o arbítrio e o autoristarismo, pouco se importando com a vida e o ganha pão dos trabalhadores, principalmente, os autônomos, micro-empresários individuais, os subempregados e os desempregados.

Resumindo, existem tantos desafios em termos de saúde pública nos vários países, inclusive no Brasil, que a resolucão dos mesmos escapa aos recursos disponíveis no mundo e a capacidade das instituições públicas e privadas, aí incluindo os governantes para, de fato, articularem as ações necessárias para tal.

Mesmo que estejamos confinados, quase que em prisão domiciliar, devemos ter a consciência de que as nossas vidas e o mundo é maior, são anteriores `a esta pandemia do coronavirus e que mesmo diante da gravidade que a mesma possa representar, o mundo não vai acabar.  Outras epidemias e catástrofes já passaram, quando milhões de pessoas foram dizimadas e muitas outras epidemias e catástrofes naturais ou criadas pelo ser humano, deverão acontecer em um futuro não muito remoto,

Talvez em um tempo não muito longíquo, outras pandemias, desastres e catástrofes principalmente decorrentes da degradação ambiental, das mudanças climáticas e da poluição do planeta deverão ocorrer, tornando as condições de vida muito piores do que esta fase que estamos atravessando durante a pandemia do coronavirus.

O “dia seguinte” (day after) de quando o nível dos oceanos subirem vários centímetros e inundarem centenas ou milhares de cidades costeiras, habitadas por milhões ou bilhoes de pessoas ou quando os niveis de poluição tornarem o ar irrespirável ou a temperatura média do planeta aumentar em mais dois ou tres graus centígrados, tornando a vida insuportável, matando não milhares ou dezenas de milhares de pessoas como deve ocorrer com o coronavirus, mas dezenas de milhões ou mais de um bilhão de pessoas em pouco tempo, ai será tarde para acordarmos desta letargia que estamos vivendo em relação `a degradação ambiental.

Caro leitora, caro leitor não deixe que o pânico, o medo, a ansiedade, o desespero durante esta curta fase de nossas vidas possam embotar sua capacidade de pensar, sentir e agir criticamente, criativamente e, acima de tudo, cultive a esperança, a solidariedade, a fraternidade, fortaleça não apenas seu sistema imunológico, mas muito mais sua auto-estima e sua consciência de que estamos no mesmo barco, “tudo esta interligado”, como diz sempre o Papa Francisco.

Existe também um provérbio que diz “Deus não dá um fardo, uma cruz que  voce, que cada um de nós não consiga carregar”.

JUACY DA SILVA, professor universitário, fundador, titular e aposentado UFMT, sociólogo, mestre em sociologia, colaborador de alguns veiculos de comunicação. Email [email protected] Twitter@profjuacy





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