Opinião Quinta-Feira, 14 de Novembro de 2024, 14h:46 | Atualizado:

Quinta-Feira, 14 de Novembro de 2024, 14h:46 | Atualizado:

Luize Calvi Menegassi Castro

Os principais desafios do agronegócio em relação à governança

 

Luize Calvi Menegassi Castro

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O agronegócio é um dos setores mais dinâmicos e estratégicos para a economia brasileira, representando cerca de 25% do PIB nacional. No entanto, apesar de seu potencial, o setor enfrenta desafios significativos quando o tema é governança corporativa. A implementação de práticas robustas de governança pode ser a chave para aumentar a competitividade e a sustentabilidade a longo prazo.

Muitas empresas do setor agro ainda operam sob uma gestão familiar ou informal, o que dificulta a implementação de uma governança estruturada. A falta de transparência e de processos decisórios claros pode levar a conflitos internos e prejudicar o crescimento. A profissionalização da gestão, com a criação de conselhos de administração e a adoção de políticas de compliance, é um passo essencial para superar esse obstáculo.

O agronegócio está cada vez mais pressionado a adotar práticas sustentáveis, não apenas pela sociedade, mas também pelo mercado financeiro. A governança corporativa precisa estar alinhada com uma gestão responsável dos recursos naturais e com o desenvolvimento socioambiental das comunidades. Empresas que não conseguem integrar esses princípios enfrentam riscos reputacionais e financeiros significativos.

A modernização do agronegócio depende da adoção de novas tecnologias que melhorem a produtividade e reduzam o impacto ambiental. No entanto, a resistência à inovação e a falta de governança tecnológica podem limitar esse avanço. A governança corporativa deve incluir estratégias para fomentar a inovação, garantindo que investimentos em tecnologia sejam bem aplicados e alinhados com os objetivos estratégicos.

A conformidade com padrões internacionais de qualidade e sustentabilidade é essencial para o acesso a mercados externos. A governança corporativa deve garantir que todos os processos internos da empresa estejam em conformidade com as exigências internacionais, o que inclui desde a rastreabilidade dos produtos até práticas trabalhistas éticas.

O setor agro está sujeito a riscos específicos, como variações climáticas, flutuações de preços e mudanças regulatórias. A implementação de uma governança corporativa robusta permite a criação de estratégias de mitigação de riscos e planos de continuidade do negócio, fundamentais para a resiliência das empresas.

Para superar esses desafios, é essencial que as empresas do agronegócio invistam na profissionalização de sua gestão e na adoção de práticas de governança corporativa que proporcionem transparência, responsabilidade e sustentabilidade. Somente assim o setor poderá consolidar seu papel estratégico na economia brasileira e contribuir para um desenvolvimento econômico equilibrado e sustentável.

Luize Calvi Menegassi Castro é advogada, sócia do escritório Oliveira Castro Advogados, mestre em Direito Agroambiental pela UFMT, especialista em Direito Civil e Processual Civil pela Universidade Cândido Mendes/RJ, com participação no grupo de pesquisa em falência e recuperação de Empresas no Autumn School da Universidade de Paris 1 - Panthéon/Sorbone e curso de extensão em Insolvência pelo Bankruptcy Program da California Western School Of Law, San Diego, USA, curso de Recuperação Judicial e Falências.





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Comentários (1)

  • Edmar Roberto Prandini

    Quinta-Feira, 14 de Novembro de 2024, 20h27
  • Excelente texto, com perspectiva clara sobre um dos pilares de melhoria do agronegócio brasileiro. Muitos produtores sentem-se representados por organizações que atuam como "advocay" de seus interesses, funcionando como verdadeiros "lobbies", sem que, entretanto, apesar de terem conhecimento suficiente, tenham adotado soluções de melhoria gerenciais, dentre quais destacam-se aquelas relativas à governança corporativa. Essencialmente, a governança corporativa significa distinguir as empreendimentos dos seus proprietários, sem que isto represente nenhuma perda para estes, do ponto de vista de sua influência ou de seus patrimônios. Esta distinção, entre empreendimentos e proprietários, fazem surgir as "empresas", com personalidade jurídica própria e autônoma, sujeita a regramentos superiores qualitativamente no que concerna à administração, garantindo o que comumente se chama de "profissionalização da gestão". Bens, interesses pessoais, interesses familiares, separam-se da empresa, que passa a funcionar como sujeito de vida autônoma, capaz de defender-se de ingerências particularistas e limitantes. Boas empresas do agronegócio, depois de avançarem significativamente em governança, foram capazes de abrir-se, por exemplo, ao formato de sociedades anônimas e, mundo afora, diversas delas atuam nas bolsas de valores, preocupadas em responder a amplo conjunto de demandas econômicas, sociais e ambientais. Quase todas elas, desse modo, puderam agregar muito mais valor aos seus "business" do que aquelas que se mantiveram como empreendimentos de produtores rurais.
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