Em nosso país, é fácil transformar uma educadora em algoz basta que ela, cometa o primeiro deslize em sua vida. Como aconteceu recentemente com a professora Ana Biatriz, da Escola Municipal Ministro Synésio Rocha, na zona sul de São Paulo; que deu uma gravata em um aluno, na tentativa de tirar-lhe o celular. Tenho certeza, que a professora deva ter-lhe pedido exaustivamente com educação, entrega o aparelho celular, por favor, porém, ele se recusa entregar, como mostram as imagens. Ela em um ato impensado, conta até dez, e de forma errada, da uma gravata no aluno. Prova inequívoca da fragilidade do sistema educacional do nosso país, está justamente, nessa permissividade da entrada de alunos em salas de aulas portando aparelhos celulares, aonde os mesmos, não os utilizam com função pedagógica, e sim, para fazer selfies, whatsApp, facebook e, por ai vai. Obviamente, os coleguinhas que fizeram as filmagens, que não foram poucas; isto, só vem corroborar com o que estou dizendo, que a entrada de aparelhos celulares em sala de aula, vem se tornando uma constante em todas as escolas do país, em função disso, a educação vai de mal a pior. Tanto é verdade, que no ENEM 2014; de mais de 6 milhões de candidatos, apenas 20% conseguiram uma nota acima de 6,0 na redação, enquanto permitirem, a entrada de celulares em sala de aula a coisa tende a piorar.
O paradoxo envolvendo essa exposição midiática, tanto nas redes sociais quanto nos programas televisivos sensacionalistas; em todas, as gravações dos outros alunos, só mostram o momento em que a professora, conta até dez e, literalmente da uma gravata no aluno, na tentativa de tirar-lhe o celular.
Repudiamos veementemente a atitude da professora, porém seria bom que fosse oportunizado a ela, um amplo direito de defesa, pois do jeito que foi veiculado nos meios de comunicação de massa, a professora é vista e tratada, como se fosse, uma serial killer; coisa que não é.
É muito fácil, programas televisivos descerem a borduna na professora; mostrando apenas a parte do vídeo gravado pelos colegas do agredido, momento em que, a professora conta até dez, na tentativa de tirar-lhe o celular, não obtendo êxito dá-lhe uma gravata.
Não serei corporativista com a atitude da colega professora, que em um ato impensado, cometeu esta sandice, porém, a exacerbação nos ataques e críticas proferidas a essa professora, foram excessivas, como se a mesma fosse uma verdadeira bandida.
Sou professor, sei que os profissionais da educação, todos os dias em sala de aula, tem, que pisar em casacas de ovos, para não atingir ou infringir os direitos constitucionais dos alunos, isto é ponto pacífico; enquanto isso, os professores são: achincalhados, desrespeitados, agredidos, humilhados e tem seus direitos constitucionais vilipendiados pelos alunos, que ao longo dos anos se tornaram os donos da verdade, com muitos direitos e, nenhum dever.
Atrelado a isso, as instituições educacionais, tanto as municipais como as estaduais, normatizam proibindo o não uso, de celulares em sala de aula, porém, acaba sobrando para o professor o ônus, em ter que cobrar desses alunos, a não utilização desses aparelhos celulares em sala de aula. Se o mesmo fizer vista grossa, será repreendido e advertido pela instituição e, se ele tomar uma atitude diferente, será penalizado da mesma forma; se correr o bicho pega se ficar o bicho come.
Pare o mundo, quero descer.
Professor Licio Antonio Malheiros é geógrafo (liciomalheiros@yahoo.com.br)