Opinião Quinta-Feira, 20 de Janeiro de 2022, 09h:14 | Atualizado:

Quinta-Feira, 20 de Janeiro de 2022, 09h:14 | Atualizado:

Lucivaldo Vieira

Policial Penal não é vigilante de patrimônio

 

Lucivaldo Vieira

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Na última semana, em entrevista à rádio CBN Cuiabá, o governador Mauro Mendes (DEM) foi mais uma vez questionado sobre a greve dos policiais penais de Mato Grosso, que reivindicam a equiparação salarial com outras forças de segurança do Estado. Na ocasião, o governador comparou o salário inicial dos servidores públicos com a remuneração de vigilantes que atuam em empresas privadas, comparação no mínimo sem sentido, se elencarmos as inúmeras diferenças entre as obrigações de cada uma dessas profissões.

As principais delas são as que devem ser “cuidado, policiado, disciplinado, reeducado e vigiado", com todo respeito aos nossos colegas da iniciativa privada, que em sua maioria trabalha para zelar e cuidar de prédios e estruturas, ou seja, bens patrimoniais. Já o policial penal trabalha o tempo todo do seu turno cuidando, vigiando e escoltando pessoas que cometeram crimes, indivíduos perigosos para conviver em sociedade e que em grande parte são membros de facções criminosas, compostas também por pessoas que estão fora das grades.

O nível de periculosidade entre uma atividade e outra, dessas duas usadas por Mendes para efeito comparativo, chega a ser descabido. As funções do policial penal vão muito além de abrir e fechar cadeados, abrir e fechar celas, entregar marmitas e remédios aos reeducandos. De acordo com a Lei Complementar 389/2010, são ao menos 18 atribuições listadas, que incluem entre outras: revista nos detentos, celas, pátios, revista nos visitantes, servidores e demais pessoas que adentrarem a unidade; prestar segurança aos diversos profissionais que fazem atendimentos especializados às pessoas custodiadas; vigilância interna; vigilância externa, incluindo as muralhas e guaritas dos estabelecimentos penais; contenção; realizar escolta armada em cumprimento às requisições das autoridades competentes; realizar escolta armada nas transferências entre estabelecimentos penais;

Além de outras atribuições não regulamentadas e serviços atribuídos por outras autoridades e poderes, aceitos pelo executivo, tais quais: Malote digital (citação, intimação, notificação, certificação, alvará de soltura, cumprimento de mandado de prisão dentre outros); Acompanhamento a LEI SECA, operações com cães, serviço de inteligência, operação de aeronave não tripulada (drone), e todas as atividades de gestão da pasta (secretário adjunto, superintendentes e todos os cargos de confiança). Serviços feitos com mestria, mesmo sem as mínimas condições estruturais e com efetivo abaixo do razoável.

Sem contar situações mais extremas como prestar assistência em situações de emergência, tais como fugas, motins, incêndios, rebeliões e outras assemelhadas; e auxiliar as autoridades, objetivando a recaptura de foragidos dos estabelecimentos. Ou seja, não há como fazer esse tipo de comparação entre policiais penais e vigilantes de empresas privadas para justificar a baixa remuneração aos servidores em início de carreira.

Outro ponto de atenção para os policiais penais é a questão da isonomia salarial. Na última reunião com o governo do Estado, o secretário-chefe da Casa Civil, Mauro Carvalho, deu a entender que a intenção do governo é contemplar inicialmente somente os servidores de classes A e B da categoria, com o reajuste salarial. No entanto, essas duas classes juntas, somam cerca de 210 servidores.

Outra afirmação que dizem nas rodas de conversa é de que os policiais penais de Mato Grosso possuem um dos melhores salários do país. Contudo, o que não se diz é que para um policial penal ter uma renda de pouco mais de R$ 5 mil é preciso ter pelo menos seis anos de carreira, e para atingir algo próximo de R$ 8 mil é necessário mais de uma década de dedicação à profissão. São exatamente nessas classes que a defasagem salarial é maior, pois são esses servidores que estão sem recomposição salarial há mais de uma década.

É preciso que a sociedade conheça o papel dos policiais penais e que o governo do Estado respeite a categoria, pois ganhamos mais responsabilidades nos últimos anos e que não tivemos o reconhecimento e a remuneração valorizados na mesma proporção. Nosso movimento grevista é justo e legítimo. Não queremos ser superiores e sim iguais às outras forças da segurança pública mato-grossense

Lucivaldo Vieira de Sousa é secretário geral do Sindspen-MT, e coordenador da Federação Nacional sindical da Polícia Penal - FENASPPEN.





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Comentários (5)

  • Cidadão indignado

    Sexta-Feira, 21 de Janeiro de 2022, 05h25
  • Kkkkkkkkkkkkkk, vejam o comentário abaixo: "[...] mas nesses anos que o Sistema Penitenciário de Mato Grosso passou a ser gerido por profissionais da atual Polícia Penal praticamente tivemos upgrade!!!". O único upgrade que tivemos foram os carcereiros receberem o nome de "policia penal" e o crime organizado se fortalecer ainda mais, no resto, depois que a gloriosa PM deixou de cuidar dos presídios aqui em MT, só piorou. Na época que a OM cuidava dos prisídios ninguém ouvia falar em comando vermelho, foi só entregar as cadeias para os entregadores de marmitex, que virou uma zona, e essa facção tomou contou do sistema penitenciário do MT. Veja e leia as reportagens meu amigo e você verá que enquanto as duas polícias (Militar e Civil) combatem o crime todo o santo dia, esses denominados "policiais penais" ficam apenas de boca aberta vendo criminosos que estão presos cometerem crimes de dentro dos presídios. Cada dia mais os golpes de estelionato por meio de telefones celulares só aumentam, e quase 90% desses golpes são praticados por presidiários de dentro das cadeias. Entra de tudo nas cadeias, armas, drogas,celulare e até drones já encontraram nas cadeias daqui de MT. E quando se fala em fuga de cadeias, aí é mais patético ainda. Presos passam dias cavando túneis gigantescos, e colocam a terra retirada dos buracos dentro das celas, os entregadores de marmitex não tem a capacidade de ver que há algo de estranho nisso. Não estou mentido não, e só lançar no google e você vai encontrar um monte reportagens sobre esses fatos. Ou seja, esses "policiais penais" (Leia-se: "entregadores de marmitex de presos", "recadeiros de detentos", "guardinhas de cadeia", "abridores de cela". "motoristas de passeio de presos", "puliças carcereiros" e outros elogios) sequer fazem o trabalho medíocre deles direito e ainda querem aumento. É pra acabar. Governador, chumbo grosso nessa turma de incompetentes.
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  • Os Profissionais Merecem Nosso Respeito

    Quinta-Feira, 20 de Janeiro de 2022, 23h54
  • Realmente Cidadão Indignado vossa ilustre pessoa tem razão as funções executadas por (então) um carcereiro basicamente eram as de cunho descritas por tão nobre pessoa "Cidadão Indignado". Porém com a alteração deste para o cargo de agente penitênciario (agora Policial Penal) estes profissionais tiveram inúmeras outras funções a serem executadas por estes inclusive até a gestão do Sistema Penitenciário e das unidades prisionais, valendo ressaltar que o Sistema Penitenciário de Mato Grosso até anos passados era totalmente desconhecido a nível nacional, época está em que o Sistema Penitenciário mato grossense era administrado por profissionais de outras carreiras (indicados políticos, Delegados, Coronéis, etc), qual cenário atual este mesmo Sistema Penitenciário tornou se referência nacional em gestão e capacitação profissional, sendo um dos pioneiros a ser gerido, operacionalizado e ter todas as funções executados somente por profissionais da Policiai Penal (desde da administração, guarda, segurança interna e externa, escolta, etc). Olha que nem sou servidor da Polícia Penal, pois sou profissional da área jurídica, mas nesses anos que o Sistema Penitenciário de Mato Grosso passou a ser gerido por profissionais da atual Polícia Penal praticamente tivemos upgrade!!! Assim não venhamos desmerecer o trabalho dos profissionais (Polícias Penais) sem nem se quer conhecermos quais são as funções, papéis e a importância das forças e órgãos da segurança pública no âmbito social (Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Bombeiros, Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Penal), pois ao trazer se chulas opiniões (comentários) tais como as dia nobres Cuiudo e Cidadão Indignado demonstra se sermos meros papagaios de piratas ou melhor esclarecendo verdadeiros analfabetos funcionais nós igualando aos excelentíssimos Governador e Secretário de Segurança Pública que em suas palavras e entrevistas cada vez mais deixam claro desconhecer as funções, atividades e os papéis sociais de cada uma das carreiras dos profissionais das forças de segurança pública!!!!!
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  • Cidadão indignado

    Quinta-Feira, 20 de Janeiro de 2022, 20h41
  • Na prática o resumo das funções executadas por um carcereiro são: entregar marmita e recados para presos, abrir e fechar celas e passeio de viaturas com detentos nos presídios.
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  • Contribuinte Indignado

    Quinta-Feira, 20 de Janeiro de 2022, 18h15
  • Realmente Cuido realmente vossa ilustre pessoa tem razão se qualquer analfabeto faz o trabalho melhor que esses Policiais Penais você estaria lá trabalhando no lugar deles!!!
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  • Cuiudo

    Quinta-Feira, 20 de Janeiro de 2022, 15h44
  • Tão querendo valorizar demais o passe dessa classezinha sem futuro, pra cuidar de preso não precisa ganhar tudo isso não! Qualquer analfabeto faz isso e mais bem feito do que esses pulhas estão fazendo.
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