Quatro de julho de 2015 se vivo,você estaria fazendo 94 anos e nosso almoço seria sem nenhuma dúvida, animadíssimo na sua casa, regado peloGuaraná Predileto, vinho doce (que você gostava muito) e com a deliciosa lasanha da nossa querida Brasilina. Aliás, como nunca foi amigo do álcool, seu vinho diferentemente daqueles que o amam, estava mais pra suco de uva do que para bebida alcoólica.
Desde aquela manhã de 29 de janeiro de 2003 até os dias de hoje, passaram-se12 anos e seis meses e meu coração ainda rateia quando entra pelos meus ouvidos aquela sua voz compassada, dócil e reconciliadora forçando-me a “colocar” na minha frente o seu semblante que em nenhum momento se afasta do meu coração.
Nãotenhomais ao meu lado o ouvidor paciente, o sábionos concelhos, o homem que detestava ouvir ou falarqualquer coisa que machucassem as pessoas, o homem simples que sabia como poucos tratar as letras, o filho exemplar, o soldado que sempre admirou o Exercito Brasileiro, o pai com predicados que nos passou e que conservamos como uma joia, o homem solidário que dava importância ímpar a se conservar e respeitar os amigos.
E a saudade, irresponsável, incontrolável e inconsequente, brinca com meu coração quando sozinho estou, como se fosse uma marionete. Peço a ela, até por conselhos de amigos que trabalham no plano espiritual, que me poupe dessa minha vontade insistente de te ouvir ou te ver como talvez, uma forma de ameniza-la.
Tento em vão, pois nos meus momentos de angustia, só o timbre da sua voz que parece que ouço, me acalma e me conforta.
Como eu gostaria que meus netos, seus bisnetos o conhecessem. Como gostaria que eles ouvissem os relatos que você me fazia da sua vida particular, de fatos históricos da nossa terra e de nossa gente, e dos poucos anos de sua militância politica, para terem a certeza de que tiveram um “super” bisavô.
Isso tudo tentei eu e meus irmãos, deixarregistrado, pois sabíamos que você poderia dar uma grande contribuição para o futuro dos nossos jovens. Infelizmente não conseguimos, porem registros mostram gravações e documentários bancados pelo poder público sem nenhuma importância a nossa gente.
Suas trinta e nove obras publicadas nunca receberam um centavo sequer de dinheiro público, mas, sabemos de verdadeiros absurdos que só circularam com essa ajuda.
Não sei velho pai se o mundo de hoje “pesa” alguém através de sua honradez e de seu passado limpo como nos ensinou a sempre ter. Parece-me que se confunde muito nestes dias modernos o aculturado com o endinheirado. Seguindo esses ensinamentos, continuamos eu e meus irmãos, como você, a viver de diplomas e medalhas que não são aceitos no abatimento de contas de luz, água ou telefone.
Nossa coleção de diplomas e medalhas aumentam inversamente proporcional a algumas contas bancárias, porem sustentamos com muito orgulho o que nos ensinou!
Ah se pudesse ter ao menos um segundo com você!
EDUARDO PÓVOAS-PÓS GRADUADO PELA UFRJ.
Benedito Fernandes de Souza
Quinta-Feira, 02 de Julho de 2015, 07h58Carlos
Quarta-Feira, 01 de Julho de 2015, 14h05cezar
Quarta-Feira, 01 de Julho de 2015, 11h30epaminondas castro
Quarta-Feira, 01 de Julho de 2015, 10h43