Em meio aos debates políticos e a busca para encontrar caminhos que possam atenuar, e depois, superar a dura crise econômica, o Senado Federal abriu em uma segunda-feira recente debate intenso, de quase três horas, sobre um tema dos mais atuais e relevantes, não apenas para o Brasil, mas para o mundo. Trata-se do “Futuro das Cidades e Cidades Sustentáveis”. Atual, relevante e muito necessário, acrescente-se.
Se olharmos em volta e fizermos uma análise minuciosa do espaço que ocupamos, seja em que cidade estiver, com raras exceções, raríssimas, é possível notar que o ambiente é quase hostil. São muitos os desafios que enfrentamos atualmente.
A vida do ser humano tem mudado muito nos últimos 300 anos, desde que foi deflagrada a Revolução Industrial. Se puxarmos pela história vivíamos predominantemente no meio rural; as cidades eram poucas e sua importância restrita. Aqui no Brasil, em algumas regiões, num passado não muito distante, ainda podia se viver os ecos dessa realidade.
Hoje, entretanto, o estilo de vida é fundamentalmente urbano; as cidades geram impacto no meio ambiente e dependem totalmente do campo para sobreviver, o que representa uma condição de grande vulnerabilidade.
Constatação: o modo como nossas cidades se organizam atualmente não é sustentável. A violência urbana, a carência de infraestrutura e o trânsito caótico são alguns exemplos de problemas que tornam a vida nas grandes cidades insustentável em longo prazo.
Além disso, existem as questões ambientais, como o manejo de resíduos sólidos e as emissões de gases de efeito estufa que nos levam a pensar em alternativas para tornar a vida nas cidades mais sustentável; alternativas que contemplem soluções de curto, médio e longo prazos.
Nesse debate ocorrido dentro do ambiente da Comissão Senado do Futuro, afirmei que a nós, políticos, cabe a tarefa de ouvir a sociedade, ouvir os especialistas no assunto, e, a partir daí, discutir essas alternativas e propor mudanças legislativas que facilitem e estimulem soluções que respondam aos anseios da sociedade brasileira.
A rigor, é preciso dizer que não existe uma “receita de bolo” pronta. Trata-se de um problema mundial, que está sendo debatido em vários países, em vários fóruns diferentes, buscando encontrar soluções que sejam adaptadas à realidade de cada cidade. O que precisamos é criar, de início, a transição para um desenvolvimento sustentável, que integre as dimensões social, ambiental e ética, baseado em uma economia que seja includente, verde e responsável.
Finda a sessão em que posições foram bem estabelecidas saí convicto de que é possível – a partir das experiências existentes, mesmo que fragmentadas – construir um futuro mais adequado a médio e longo prazo. É claro que esse é um processo contínuo, dinâmico, que não se esgota em uma ou duas audiências. Pensar o futuro é pensar estrategicamente, não apenas nas cidades que queremos, mas em como os diversos problemas urbanos se relacionam entre si.
Evidente, nessa ‘máquina de triturar vidas’ em que se transformaram os dias atuais, onde a competitividade tornou-se a marca principal das interpelações humanas, esse debate parece ser menos importante. O Brasil tem, seguramente, coisas mais urgentes para resolver. Contudo, é preciso que essas medidas ditas ‘urgentes e necessárias’ tenham como orientação fundamental a responsabilidade com a construção do amanhã. Sob pena de deixarmos aos que virão um legado ainda mais pesado e oneroso.
*Wellington Fagundes é senador da República pelo PR de Mato Grosso
Alexandre
Domingo, 08 de Novembro de 2015, 06h54