Opinião Quarta-Feira, 23 de Abril de 2014, 19h:10 | Atualizado:

Quarta-Feira, 23 de Abril de 2014, 19h:10 | Atualizado:

Guilherme Maluf

Saúde em descompasso

 

Guilherme Maluf

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Leio com tristeza as manchetes nos jornais que denunciam o descompasso da Saúde em Cuiabá. O pedido de demissão dos médicos contratados da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Morada do Ouro é sintomático. Desde a sua inauguração, a UPA se transformou na principal via de atendimento da cidade. Tudo mudou no sistema municipal de saúde: a forma de atendimento no pronto socorro, nas policlínicas, nos PSFs. O resultado foi um fluxo pesado de pacientes concentrados na UPA.

O correto, e justo, seria que os médicos e todos os servidores da UPA, diante desse quadro, fossem valorizados com vencimentos compatíveis e condições de trabalho. Mas o que assistimos é um cenário completamente inverso. Faltam condições e os médicos tiveram seus salários reduzidos. Quem se demitiu alega que houve redução de R$ 1.2 mil no salário. Pior. A rede contratada é importante para Cuiabá e ameaça uma demissão em massa. 

É preciso ter sensibilidade em um momento delicado como o que passamos na saúde. Não podemos contar com o Estado, que além de não fazer os repasses necessários, sucateou o atendimento em regiões pólos de Mato Grosso, transformando Cuiabá e Várzea Grande nas únicas opções de saúde dos mato-grossenses. Se não se pode contar com o Estado, é preciso ter competência na gestão. 

Mais uma vez, o que assistimos é o cenário inverso. Em Cuiabá, o secretário de Saúde gerencia, porém não administra. Extraoficialmente, a administração financeira está sob um comando e a política com outro. A primeira coisa a ser feita é escolher quem realmente manda na saúde em Cuiabá e centralizar a gestão. Sem autonomia nem o melhor técnico do mundo consegue bons resultados. 

Depois disso, é preciso humildade. A campanha eleitoral passou e a realidade no comando da cidade é outro. A saúde vive um drama no Brasil, não só em Cuiabá. O Ministério da Saúde não sinaliza com a possibilidade de mais aporte de recursos. Se as coisas estão difíceis, por que complicar?

O momento é de fazer o simples. Se não existem condições financeiras para pagar decentemente um médico da UPA, como vão abrir um novo hospital. A intenção é muito boa, mas falta sustentação. 

Ao invés de propagar uma expansão midiática do atendimento na rede, vamos fazer o dever de casa, cuidar do que temos a oferecer hoje. Garantir um salário digno ao médicos, com um PCCS que não seja inundado de prêmios e penduricalhos que no final das contas não acrescentam de verdade no vencimento dos profissionais.

Em tempos de crise, sejamos mais humildes. Vamos cuidar bem de quem atua na rede. Garantir a sua condição de atender a população. Se lá no PSF as coisas estiverem funcionando direitinho, a Policlínica atende, a UPA recebe, o Pronto Socorro salva mais vidas. A fórmula é simples, não precisa inventar. 

*Guilherme Maluf é médico e deputado estadual 





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Comentários (1)

  • David

    Quinta-Feira, 24 de Abril de 2014, 09h20
  • Saúde em descompasso não só nos hospitais públicos senhor Maluf, nos particulares também, inclusive no PA do hospital que o senhor é sócio proprietário o atendimento é extremamente demorado causando um stress desagradável até mesmo para os poucos médicos plantonistas. O pior de todos é o São Matheus, é simplesmente ridículo aquele muquifo que chamam de Pronto Atendimento. E são hospitais ricos que ganham muito dinheiro dos pacientes e planos de saúde. E agora, a quem podemos recorrer?
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