Depois de muita apreensão, a população de Mato Grosso, em especial, da baixada cuiabana, recebeu uma ótima notícia: o governo estadual, por meio da Secretaria de Meio ambiente (SEMA), não poderá mais seguir em frente com seu projeto ambicioso de criar pequenas centrais elétricas (PCH´s) ao longo do Rio Cuiabá. Recentemente, durante sessão ordinária na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, os deputados estaduais com sensatez, derrubaram vetos do Executivo à lei do "Transporte Zero" e mantiveram proibição aos estudos que viabilizariam as pequenas usinas hidrelétricas no rio Cuiabá.

Foram 15 votos contra 8 de parlamentares que fazem parte da base do governo estadual, incluindo um deles, que todos sabem é um empresário de PCH´s em outras regiões de Mato Grosso.

O governo já teve o apoio da Assembleia Legislativa para efetivar a piracema pelos próximos três anos sob argumento da baixa população de várias espécies de peixes em todos os rios no estado, como polêmico projeto denominado transporte zero, ou seja, proibindo o transporte de um ou mais peixes para fora dos rios. No entanto, o texto do projeto previa criar usinas hidrelétricas ao longo do Rio Cuiabá. Como garantir a reprodução dos peixes no período da piracema que começa daqui a pouco em novembro? Como o peixe vai subir o rio para desovar e com isso assegurar a vida de nossas espécies? Todos já estão conscientes e vão respeitar a reprodução dos peixes na piracema. Então, não está clara a intenção de criar hidrelétricas no Rio Cuiabá.

A vontade e o desejo da sociedade sempre deve suplantar o interesse econômico, principalmente esse que é extremamente danoso ao meio ambiente.  

Os mato-grossenses estão aliviados dessa intenção desastrosa que certamente iria afetar a já combalida região da baixada cuiabana de economia exaurida e há tempo abandonada pelos governantes estaduais até o momento. É possível pontuar os benefícios destinados aos ribeirinhos que sofrem por antecipação com as decisões que a SEMA ora e outra tenta implantar sem pensar na qualidade de vida das pessoas e no futuro do meio ambiente. Logo, o órgão foi criado para fiscalizar irregularidades ambientais e defender o meio ambiente, promovendo segurança para a população ribeirinha.

Prevaleceu as preces pela manutenção do curso natural das águas milenares do Rio Cuiabá dando mais tranquilidade para os pescadores artesanais, amadores e aos turistas que buscam as margens do rio para contemplação da fauna e flora, rio abaixo e rio acima.

Uma PCH afetaria a todos, principalmente, os animais que se integram nessa mistura de vida que é uma dádiva de Deus e o homem ganancioso não se insere por visualizar o lucro em tudo que faz. Temos visto nos últimos tempos, que os rios em Mato Grosso estão secando no período de estiagem dentro de uma normalidade do curso das águas imposta pela própria natureza. Várias PCH´s colocaria em risco a continuidade das águas e de toda a vida marinha, além das populações que vivem às suas margens.  

A Assembleia Legislativa vai promulgar a votação contra as PCHS por pelo menos três anos, período em que a SEMA ficará impedida de analisar ou propor qualquer tipo de projeto neste sentido. Após esse período, a luta continua para salvar o Rio Cuiabá dessa péssima intenção do governo, que deveria investir recursos para manter a natureza e não acabar com ela.

Já temos o Manso que represa a água de outros rios que seguem junto com o Rio Cuiabá para o Pantanal, mas com uma ação que foi necessária para evitar as frequentes enchentes nos bairros ribeirinhos na capital de Mato Grosso. Não faz sentido criar PCH´s junto com o alongamento da piracema. Seria sacramentar o fim do Rio Cuiabá. E por tudo isso, não há dúvida de que a Sema de Mato Grosso aceitou a construção de PCH´s no Rio Cuiabá.  

Luís Cláudio é vereador em Cuiabá