Opinião Sexta-Feira, 28 de Fevereiro de 2014, 10h:29 | Atualizado:

Sexta-Feira, 28 de Fevereiro de 2014, 10h:29 | Atualizado:

Gabriel Novis Neves

Sexta-feira

 

Gabriel Novis Neves

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Gabriel Novis

 

O dia mais carismático da semana, talvez por simbolizar uma falsa ilusão de prolongado período de descanso e lazer, é, sem a menor sombra de dúvidas, a sexta-feira.

Mas, o sábado amanhece chuvoso. E o dia internacional do churrasco nos prende em casa - frustrando toda uma semana de expectativas. Expectativas de uma boa cervejada com os amigos, muito bate-papo descompromissado e o som de uma boa viola, de preferência uma “guarânia esgarçadeira” das fibras do miocárdio.

Em vez da descontração, nos vem à lembrança que, após o sábado, vem o domingo, vizinho da indesejável segunda-feira.

O santificado dia de repouso da semana, a todo instante nos faz recordar que logo ele irá terminar. Vem, então, à lembrança, a sequência de trabalho, nem sempre gratificante.

Quando desperto no sábado, instintivamente a minha primeira preocupação é ter a certeza que é sábado mesmo e que terei mais uma noite para dormir e acordar sem compromissos.

Já no domingo, levanto-me da cama com a tristeza de que no outro dia recomeçarei tudo outra vez. É como a ilusão de que os dias longos de sonhos reparadores para a alma e corpo tivessem encolhidos.

Fico com uma sensação de perda, de não ter prestado atenção que o tempo passou e, o pior, não ter aproveitado nada do planejado.

No domingo a cidade se transforma em um grande deserto, com suas ruas e avenidas como que adormecidas.

Naqueles que retornam das suas pousadas e chácaras desperta imensa melancolia, como se presenciássemos a passagem de um cortejo fúnebre.

O domingo é o dia mais curto da semana, contrastando com o charme da sexta e a alegria do sábado.

Impossível falar da sexta-feira, louvar o sábado, sem citar o domingo e lembrar-se da segunda-feira.

Discretamente vêm a terça, quarta e quinta-feira, onde toda essa nossa fantasia cultural é realizada sem alardes ou protocolos.

O domingo é o único dia da semana em que o almoço é servido mais tarde, base do tradicional almoço-ajantarado.

Depois é a sesta, futebol, cinema, teatro, dia da pizza para alguns e a música da vinheta do Fantástico, anunciando que o dia findou.

É o momento de dormir e tentar, na próxima sexta-feira, transformar em realidade as ilusões abortadas.

GABRIEL NOVIS NEVES é médico e ex-reitor da UFMT





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