Opinião Terça-Feira, 08 de Setembro de 2015, 08h:45 | Atualizado:

Terça-Feira, 08 de Setembro de 2015, 08h:45 | Atualizado:

Rui Perdigão

Surfar na crise

 

Rui Perdigão

Compartilhar

WhatsApp Facebook google plus

Perdigão.jpg

 

O que diz o dicionário sobre crise? Fala que é uma distinção, uma sentença, uma separação... Há quem diga que é um momento de impasse. Para mim trata-se de um estágio embrionário de mudança. 

Existem crises políticas, financeiras, econômicas, socioculturais, ambientais, existe crise para tudo onde o homem possa tocar. E podem ter dimensão mundial, regional, nacional, local, individual... podem até ser boas ou más. As crises nas sociedades são excelentes oportunidades para a verdade vir à superfície respirar. À medida que a crise vai aprofundando, os governos, entidades públicas e privadas, partidos políticos, movimentos sociais, cidadãos, vão perdendo espaço para o oportunismo, demagogia e meias verdades. Mais ninguém consegue manter-se confortável em cima do muro e todos começam a revelar, sem máscaras, o que realmente pensam e defendem.  

Em termos mundiais, observamos uma crise financeira ultrajante onde os seus arquitetos acabam premiados e uma crise econômica estrutural com tendências deflacionárias e forte contração no consumo, com os países a não crescerem a taxas exponenciais como outrora, há exceção da China e da Índia onde o trabalho escravo ainda é uma triste realidade. Mas isso será difícil de manter por muito tempo e esses países acabarão por ter de corrigir a rota. Mas não serão só eles que terão de fazê-lo, basta para isso lembrar que cerca de 40% do que é produzido no mundo no setor alimentar não é consumido, sendo completamente desperdiçado. Outros exemplos desse modelo esquizofrênico existem por toda a indústria e não só, pois o setor de serviços também ele começa a se apresenta abstruso e conflituoso com o cidadão.  

O Brasil soma a essas crises outras. Principalmente uma crise política que se espera seja ultrapassada de forma que permita ao país seguir em frente e não perder mais tempo, nem mais gerações. Avançar no sentido de conseguir executar políticas concretas que proporcionem efetiva melhoria de vida a todos os seus cidadãos, num contexto de independência e soberania nacional. E a crise sociocultural também não descola da política. Os problemas que afetam o dia a dia do cidadão comum são aqueles que levaram as pessoas à rua em 2013. Não são outros. 

Tudo aquilo que foi reivindicado nessa altura encontra-se ainda por fazer. Felizmente a corrupção está sendo fortemente combatida e uma elite política e empresarial acusada e condenada. A crise está também apropriada na classe política. Todos os dias ouvimos ilustres eleitos vereadores, deputados, senadores, com a boca cheia de nada. Penso ser já senso comum que o Congresso Nacional precisa parar de surfar nas crises e Governo precisa pegar no país. A crise também é local e individual. A responsabilidade dos governos nos estados é enorme na resolução dos problemas que mais penalizam as populações, mas a crise entra em casa do cidadão sem ser convidada e com ela um desânimo promotor de uma atitude de descriminação defensiva. Essa falta de esperança perigosamente faz renascer mitos raciais que facilitam o recrutamento de agressões aos direitos. 

Não podemos esquecer nem desvalorizar duas outras crises, a da Educação e da Comunicação Social. O  conhecimento e a informação fazem as pessoas fortes e proprietárias dos seus direitos o que muito incomoda poderosos interesses corporativos ainda com grandes dificuldades em conviver com a critica e a transparência dos seus reais objetivos. 

Olhando para além das fronteiras do Brasil, vislumbramos muitas crises e uma tensão mundial, longe de estar resolvida. As injustiças, as guerras por acumulação de riqueza, a falta de igualdade na diferença, o consumismo materialista em detrimento de uma prosperidade embasada pelo acesso a condições de bem estar social, num planeta incomodado e cheio de coceira, tudo isso e muito mais faz hoje de nós o HomoSapiens. Já fomos homens de Neandertal nas cavernas.  Para quando o próximo novo homem?

Rui Perdigão –Administrador, consultor e presidente da Associação Cultural de Portugueses de Mato Grosso

 





Postar um novo comentário





Comentários (2)

  • alexandre

    Terça-Feira, 08 de Setembro de 2015, 12h04
  • só o Brasil tem crescimento PIB negativo, até a grecia está melhor do que nós. 500 mil brasileiros vão perder o emprego e os petistas em devaneios, o mundo está em crise mas estão se recuperando pois fizeram AJUSTES só o Brasil está afundando, pois ainda não sabe se errou ou o que errou, gastou com POPULISMO e quebrou a economia quanto que custou a marcha dos petistas em Brasilia patrocinado por quem ? os paises que estão sofrendo mais são os socialistas populistas pois os EUA e EURO a queda é imperceptível. olha a realidade das ruas 13 anos de desgoverno tem consequências....fora dilma fora PT.
    0
    0



  • s?rgio

    Terça-Feira, 08 de Setembro de 2015, 09h43
  • Uma das principais cantilenas da oposição e da mídia monopolista é a de que a crise econômica brasileira é um exceção. Segundo essa ideia, o pior do tombo de 2008 já teria passado e o mundo estaria vivendo os primeiros passos de uma recuperação. O Brasil não desfrutaria das benesses dessa retomada por conta dos supostos erros do governo Dilma, que ao invés de adotar os preceitos impostos pelo grande capital financeiro, teria tentado uma aventura desenvolvimentista. A crise econômica que vivemos seria, portanto, nacional. Carentes de dados concretos que dessem apoio a essa tese, os oposicionistas apostavam nos magros índices de recuperação das economias do capitalismo central. Estes estariam colhendo os frutos do ajuste liberal. Os dados dos últimos dias, entretanto, colocaram por terra esse frágil argumento. A subida do dólar e a desaceleração da economia chinesa provocaram um tombo na indústria norte-americana, que teve uma queda em sua atividade pela segunda vez seguida. O economista Joshua Shapiro afirma que os dados sobre a indústria dos EUA “sinalizam um alerta quanto ao crescimento econômico real em geral, especialmente se o esfriamento econômico se mantiver em setembro”. Como o quadro futuro só se agrava e desenha-se um setembro pior do que foi agosto, a pálida recuperação da economia norte-americana parece ter sucumbido. Dados negativos também surgem na França que, junto com a Alemanha, segundo esperavam esses analistas, puxaria o início de uma recuperação europeia. A indústria francesa também sofreu forte desaceleração e não contribuirá com os números da atividade industrial do bloco europeu. O Fundo Monetário Internacional (FMI) já reconheceu a situação e avisa que o crescimento econômico mundial previsto anteriormente será mais fraco que o esperado. O FMI afirma claramente que a recuperação nas economias centrais não está se confirmando nos níveis esperados. E há mais, Christine Lagarde, a diretora-gerente do fundo, avisa que os países emergentes precisam estar atentos ao agravamento do contágio da crise internacional. Diante disso, o Jornal Valor Econômico, na edição dessa quinta-feira (3), afirma melancolicamente: “as ondas de incertezas criadas pela China estão fazendo naufragar também os cenários mais otimistas para a recuperação dos Estados Unidos e da Europa”. É interessante notar que mesmo países que costumam figurar como exemplares pelos defensores do credo liberal pagam o preço do agravamento da crise em escala global. A economia do Canadá teve uma queda de 0,5% do PIB e está em recessão, a Austrália está prestes a mergulhar no mesmo quadro e a Coreia do Sul, dependente das vendas para a China, acaba de sofrer uma queda de 14,8% em suas exportações. O Brasil vive uma crise econômica cuja dinâmica é mundial, só não enxergam isso os incautos e os comprometidos com a agenda neoliberal. Se há algo que podemos classificar de especificamente brasileiro é a sanha golpista da oposição e da grande mídia, que têm alimentado uma crise política cujo resultado é o agravamento do quadro econômico. O país tem todas as condições de sair da crise. Para tanto, um primeiro passo é unir as forças progressistas e democráticas com vistas a enfrentar a direita golpista e neoliberal e sustentar mudanças na política econômica que permitam a retomada do desenvolvimento econômico. Nota-se que a crise é mundial, o mundo vive uma de suas piores crises de todos os tempos, mas os oportunistas que quebraram o Brasil por 3 vezes estão se aproveitando e criando a crise política para voltarem ao poder. Só mesmo deste jeito porque com eleições não voltam nunca mais!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
    0
    1









Copyright © 2018 Folhamax - Mais que Notícias, Fatos - Telefone: (65) 3028-6068 - Todos os direitos reservados.
Logo Trinix Internet