Opinião Quinta-Feira, 31 de Julho de 2025, 13h:49 | Atualizado:

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Wilson Santos

Violência doméstica: impacto aos cofres públicos

 

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Quando entrei na vida pública, escolhi atuar em prol dos mais necessitados e vulneráveis. Uma das situações mais alarmantes que enfrentamos em nosso estado de Mato Grosso são os altos índices de violência doméstica. Os casos de feminicídio, por exemplo, são ainda mais preocupantes. Dados do Observatório Caliandra do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), revelam que mais de 70% dos feminicídios registrados em 2025 foram cometidos na casa das vítimas.

Observamos que muitas mulheres que sofrem abuso e agressões acabam reféns de seus agressores — seja pela dependência financeira, seja pela esperança de mudança de comportamento do parceiro e na tentativa de manter a união familiar. Ainda há muito a ser feito para que políticas públicas eficazes incentivem essas mulheres a romper o silêncio e retomarem suas vidas com dignidade. É preciso considerar, também, os impactos que essa violência causa aos cofres públicos, nas esferas federal, estadual e municipal. Isso reforça a urgência de ações preventivas, que, além de salvar vidas, evitam grandes despesas ao sistema público.

Como diz o ditado: “É melhor prevenir do que remediar”. A prevenção pode começar nas escolas, por meio da formação de jovens conscientes sobre a importância do respeito ao próximo, da não aceitação de qualquer tipo de coação ou agressão e do entendimento dos danos físicos e emocionais causados por esse tipo de violência. É fundamental ampliar as ações de conscientização e sensibilização em diferentes espaços da sociedade, oferecendo orientações e apoio a quem já sofre ou presencie a violência no dia a dia.

As ações preventivas, além de mais humanas, são muito mais econômicas do que os custos gerados pelo tratamento de vítimas no sistema de saúde que, muitas vezes - sofrem lesões, mutilações e transtornos mentais, o que as afasta do mercado de trabalho. Além disso, os filhos que presenciam a violência doméstica enfrentam impactos diretos em seu desenvolvimento, com baixo rendimento escolar e necessidade de acompanhamento psicológico.

Outro ponto a ser considerado é o sistema penitenciário que absorve os autores de violência doméstica e feminicídios, gerando alto custo ao Estado e comprometendo o orçamento público. Recursos que poderiam ser destinados a projetos sociais e de desenvolvimento acabam sendo utilizados para manter um sistema que, muitas vezes, age apenas de forma reativa.

Precisamos quebrar o ciclo da violência doméstica, intensificar as políticas públicas e oferecer o apoio necessário às mulheres e seus familiares em situação de vulnerabilidade. Ao mesmo tempo, é preciso garantir que os agressores sejam responsabilizados por seus atos. Nesse sentido, apresentamos importantes propostas na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, como o Projeto de Lei nº 849/2025, que dispõe sobre assistência psicológica e social às famílias de vítimas de feminicídio.

De acordo com a Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso (PJC), os crimes de feminicídio registrados em 2024 deixaram 83 crianças órfãs de mãe. Com base nessa situação, temos o Projeto de Lei nº 2303/2023, em tramitação na Assembleia Legislativa, que obriga a inclusão de informações sobre os filhos menores de idade nas ocorrências registradas, o que possibilita um acompanhamento mais efetivo por parte do Estado.

É hora de enxergar a violência doméstica como um problema de toda a sociedade que exige responsabilidade coletiva, políticas públicas eficientes e um olhar atento às vítimas. Combater essa chaga é, ao mesmo tempo, um dever moral e uma estratégia inteligente de gestão pública. O custo da omissão é alto demais - em vidas, em sofrimento e em recursos.

Por Wilson Santos: Professor e Deputado Estadual





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Comentários (1)

  • Citizenship

    Sexta-Feira, 01 de Agosto de 2025, 10h10
  • Está correto o deputado ao informar que a violência doméstica além das graves consequências e sofrimentos que impõe às suas vítimas, também implica em prejuízos para toda a sociedade, por implicar emprego de serviços de saúde, de segurança, de administração prisional, etc. A cultura da violência, em suas variadas formas, acaba sendo um elevado custo para todos, na medida em que recursos que poderiam ser melhor aplicados acabam tendo destinações obrigatoriamente vinculadas ao enfrentamento dessa violência e de suas consequências diretas. O que normalmente não se costuma informar, entretanto, é que a cultura do autoritarismo, das formas moralistas de compreensão da vida e dos direitos, a negação da mentalidade democrática e de afirmação de direitos de identidade, estão no cerne das causas da cultura da violência, que acaba se expressando fortemente na violência doméstica, na violência de gênero e também na violência motivada por discriminação racial. Precisamos combater o conservadorismo, que se constitui como forma cultural, social e política, a partir da afirmação do autoritarismo e do moralismo, neste caso, inclusive por distorções na compreensão das práticas religiosas e do sentido de cristianismo. Uma cultura de paz não se faz com afirmações de poder nem com moralismo.
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