Artista André D'Lucca estava saindo para o trabalho na manhã desta quinta-feira (5) quando foi vítima de um ataque racista. Em um ponto de ônibus no bairro Jardim Cuiabá, um homem o acusou de ter roubado um computador. Em suas redes sociais, ele comentou sobre o ocorrido.
"Ele chegou a tocar na minha mochila pra ver se havia um computador dentro. Eu estou tão cansado que não consegui reagir da forma que deveria. Se tivesse reagido estaria na delegacia nesse momento", disse.
Ele relatou que esse não é o primeiro, e muito provavelmente não será o último, ataque racista que já sofreu na vida. Por já ter acontecido tantas vezes, ele afirma não ver mais alternativas e não saber o que fazer para combater o racismo que chamou de "sistêmico".
Conforme seu relato, ele estava aguardando o coletivo para ir ao trabalho, quando foi abordado por um homem em uma caminhonete. Ele questionou há quanto tempo André estava no ponto de ônibus e de onde ele vinha.
"Eu pensei que era uma situação em que um carro para e pergunta se o ônibus passou há muito tempo e desce uma pessoa do carro que vai pegar o ônibus, mas não era. Então ele explicou que havia sido assaltado próximo ao Hospital Jardim Cuiabá por um homem negro de botas. Ele foi pegando a minha mochila que estava em cima do banco e percebeu que o computador não estava dentro", relatou.
Quando percebeu que o artista não era criminoso. O homem entrou novamente do carro e deu partida, sem dizer mais nada. Para André, sua cor é o suficiente para que ele seja considerado um criminoso ou, no mínimo, suspeito. Por coincidência, esta quinta-feira é um dia em que André estava com muitas dores e, por isso, afirmou que não reagiu de maneira mais explosiva. Ele não registrou boletim de ocorrência ou procurou qualquer autoridade para esclarecer o fato.
"Eu já fui centenas de vezes em delegacias registrar boletim. Na maioria das vezes eles nem registram. Aconselham a não fazer e nunca dá em nada. Eu já, inclusive, registrei agressões de policias durante abordagens com negros, que são muito violentas, mas nunca dá em nada. É uma sensação de impotência".
"Eu tive crise de choro. Eu sou conhecido, eu tenho condições, eu sou influente. Se algo me acontecer eu tenho a quem recorrer. E os pobres da periferia? Eu moro num bairro de classe média, na parte da elite do meu bairro e sofro preconceito por isso também", complementou.
Ele contou, ainda, que recentemente um senhor o acusou de ter roubado um carro quando saia de casa, na mesma região. Ele sugeriu que o homem pedisse as imagens das câmeras de segurança da região que comprovariam que André esteve em casa durante todo o dia. O racismo que sofre, contudo, não é de hoje.
Ele também relatou a primeira vez em que percebeu que sofreria preconceito por conta de sua cor, ainda quando criança. Acompanhando os pais em uma visita ao açougue em Várzea Grande, ele foi acusado de roubar a carne que a mãe tinha comprado. O segurança, além de tê-lo acusado, puxou-o pelo pescoço.
"A coisa sempre foi banalizada. Antes era até velado, mas agora está cada vez mais escancarado. Agora é legal você ser racista, você odiar negro. Tem aumentado muito os casos de negros mortos", finalizou.
Amanda Duarte
Sexta-Feira, 06 de Dezembro de 2019, 09h11Paulo
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