Polícia Segunda-Feira, 14 de Junho de 2021, 19h:21 | Atualizado:

Segunda-Feira, 14 de Junho de 2021, 19h:21 | Atualizado:

ACUSAÇÃO GRAVE

Cliente denuncia agressão e racismo em shopping de Cuiabá

Servidor diz que foi abordado por cinco seguranças e uma funcionária

Kessillen Lopes
G1-MT

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Um servidor público federal denunciou ter sofrido agressão e racismo ao ser acusado de furto na saída de uma loja de um shopping em Cuiabá, na última quarta-feira (9).

Paulo Arifa, de 38 anos, que é negro, disse que comprou um sapato e, ao sair para ir em outra loja, foi abordado por cinco seguranças e uma funcionária, que exigiram a nota fiscal do produto.

Paulo contou que decidiu comprar o sapato e a roupa às pressas para participar de uma reunião do trabalho, que tinha sido antecipada. Como estava de bermuda e chinelo, ele foi até o shopping.

"Escolhi o calçado, paguei no caixa e a moça perguntou se eu queria sacola, eu disse que não. Ela retirou o dispositivo de segurança e eu calcei ali mesmo. Segui para uma loja de roupas e na saída do provador fui abordado. Demorou para cair a ficha que a abordagem era comigo”, contou.

No mesmo dia, o sevidor registrou um boletim de ocorrência contra a loja. A Polícia Civil solicitou exames de corpo de delito e imagens das câmeras de segurança do local, que devem ser entregues em até 10 dias. A ocorrência é investigada pela 2ª Delegacia de Cuiabá.

Em nota, o Pantanal Shopping disse que abriu um processo administrativo interno para apurar o caso (leia íntegra da nota abaixo).

Conforme a ocorrência registrada na polícia, Paulo sofreu injúria, calúnia e lesão corporal.

Ao G1, ele contou que, devido ao constrangimento, ficou nervoso e não conseguia localizar a nota fiscal do produto no momento da abordagem.

Em seguida, ele disse que os fiscais tentaram conduzi-lo para a sala segurança do local, momento em que um dos funcionários o segurou e o empurrou.

“Iniciei as filmagens após tentar resolver o conflito de outras maneiras, após tentar localizar a nota, mas aí já era tarde demais. Ainda estou assustado e com medo. Quando me vi cercado por seguranças querendo me conduzir lembrei do caso do João Alberto, morto pelo segurança. Achei que algo pior poderia acontecer”, relatou.

A vítima disse que pisou em falso por causa do empurrão e machucou o pé. Depois de alguns minutos, ele conseguiu localizar a nota que comprovava a compra, e foi liberado pelos seguranças.

Ao sair do shopping, Paulo seguiu para o hospital ortopédico. Exames apontaram uma torção no tornozelo direito. Ele foi afastado das atividades por 15 dias para fazer fisioterapia e se recuperar da lesão.

“Não estou conseguindo dormir. Estou tendo pesadelos. Estou acostumado a ser seguido por segurança como suspeito, aliás, tenho o biotipo de suspeito por ser preto e pobre. A sociedade ainda mantém velado o racismo, negando que ele exista. Até quando vamos manter velado a hipocrisia social?! Negro também e gente”, disse.

Paulo Arifa é servidor público federal em MT — Foto: Arquivo pessoal

Paulo afirmou ainda que já esteve em várias situações de risco durante a carreira no trabalho, no entanto, esse foi o momento em que mais sentiu medo.

“Desenvolvemos um trabalho muito peculiar na União. Tive a oportunidade de atuar em vários processos com o Exército, Marinha, Aeronáutica, Polícia Federal, Ministério Público Federal. Lidamos com situações extremamente delicadas, com traficantes, garimpeiros, e também com jacarés, arraias, cobras e onças, mas nunca tive tanto medo como nesta situação”, disse.

Segundo o servidor, é inadmissível que as pessoas sejam julgadas pela cor da pele ou pela roupa que usa.

“Sonho com dias em que todos serão realmente iguais perante à Justiça, e que a igualdade realmente exista. Já avançamos muito na desigualdade social, mas, ao mesmo tempo, vejo que temos um longo caminho a percorrer”, afirmou.

O que diz o shopping

Em nota, o Pantanal Shopping disse que abriu um processo administrativo interno para apurar o caso e tomar todas as medidas cabíveis para que ocorrências como essa não se repitam.

"O Pantanal Shopping esclarece que não tolera nenhuma forma de discriminação ou violência e que o tratamento narrado não faz parte das diretrizes do shopping, que baseia a abordagem com o público de forma geral em valores como ética, respeito, humildade e transparência", diz.

Desigualdade racial

Dados divulgados em agosto deste ano pelo Atlas da Violência 2020 indicam que os assassinatos de negros aumentaram 11,5% em 10 anos, enquanto os de não negros caíram 12,9% no mesmo período.

Entre os negros, a taxa de homicídios no Brasil saltou de 34 para 37,8 por 100 mil habitantes entre 2008 e 2018. O relatório também mostra que, em 2018, os negros representaram 75,7% das vítimas de todos os homicídios.

Em 2016, a taxa de homicídios contra negros em Mato Grosso foi maior que o índice nacional, segundo o Atlas da Violência divulgado em 2018. Entre 2006 e 2016, o estado ainda registrou um aumento de 17,7% na taxa de mortalidade de negros. No mesmo período, o índice de vítimas brancas teve redução de 3,3%.

Como conclusão, os autores do estudo apontam que “a desigualdade racial no Brasil se expressa de modo cristalino no que se refere à violência letal e às políticas de segurança. Os negros, especialmente os homens jovens negros, são o perfil mais frequente do homicídio no Brasil, sendo muito mais vulneráveis à violência do que os jovens não negros”.

 

VEJA AQUI O VÍDEO





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Comentários (8)

  • [email protected]

    Terça-Feira, 15 de Junho de 2021, 07h48
  • Vitimismo o que custaria o cara chamar a vendedora que vendeu para ele os produtos que ela explicava, ja que ele ainda estava dentro da loja. Causou drama.... 15 dias de folgas agora, mais midias, mais processo contra o shopping e vida que segue.
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  • Eug?ne Terre'Blanche

    Terça-Feira, 15 de Junho de 2021, 07h18
  • Olha só. O que não falta nesses shoppings de Cuiabá é neguinho despreparado agindo como segurança. Olham as vestes das pessoas e "julgam". O servidor vai ganhar um bom dinheiro d shopping.
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  • Carlos Henrique

    Terça-Feira, 15 de Junho de 2021, 00h07
  • Tem que processar essa porcaria de shopping pantanal.
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  • Joao Mello

    Terça-Feira, 15 de Junho de 2021, 00h07
  • Blá blá blá blá. Esses papos de racismo e homofobia já estão enchendo o saco. Oras, porque não pegou a roupa e o sapato e foi trocar no banheiro? Deu margem pra dúvida. Isso poderia ter acontecido com um branco, um amarelo, um rosa, mas aconteceu com ele. Vida que segue.
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  • Jo?o Paulo

    Segunda-Feira, 14 de Junho de 2021, 23h00
  • Vai ganhar um belo din din do shopping. Mas como essa juizada é tudo corporativista só mamam e não trabalham o cara vai ganhar uns 20 milno máximo , se fosse juiz ou parente de juiz iria ganhar uns 150 mil fácil.
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  • Revolta e nojo

    Segunda-Feira, 14 de Junho de 2021, 20h20
  • Que absurdo! Não é o primeiro episódio dessa natureza essa porcaria de shopping.
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  • de olho

    Segunda-Feira, 14 de Junho de 2021, 19h50
  • isso e um absurdo pois e tao facil pedir sr a nota pode me mostrar ele de forma educada mostrar mais as duas partes com ânimos alterados preferem um bate boca nao estou julgando mais meu amigo vc como cidadão de pele negra tem que ser o primeiro a relevar um fato desse pois no video nao se ve discriminação de racismo oque e certo e para ser dito ne .... bao eu nao vi .....
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  • DJ

    Segunda-Feira, 14 de Junho de 2021, 19h46
  • Fala bem a vdd sou negro e no shopping sempre estão meio que perseguindo agente , mas graça a Deus nunca chegou a esse ponto desse rapaz aí, se chegar o pau pega ...
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