Um delegado da Polícia Civil de Mato Grosso, cuja identidade não foi revelada, é uma das vítimas da organização criminosa que falsificava documentos e abria contas digitais com o intuito de aplicar o golpe da portabilidade, investigada pela Operação Falsa Portabilidade, deflagrada pela Delegacia Especializada de Estelionato e Outras Fraudes de Cuiabá da Polícia Civil, na manhã desta terça-feira (07). Os bandidos miravam servidores públicos com altos salários em Mato Grosso e outros estados.
Entre os investigados, está um estagiário do Ministério Público e o filho de um policial. Segundo as investigações, depois que os criminosos abriam as contas digitais, utilizando documentos falsos com dados de terceiros, a quadrilha solicitava, de maneira fraudulenta, a portabilidade dos salários de várias pessoas para as contas criadas.
A ação, que tem o objetivo de desarticular a organização e descapitalizar os criminosos, cumpriu 116 ordens judiciais contra uma associação criminosa. Dessas, são 32 mandados de prisão temporária, 44 mandados de busca e apreensão domiciliar, 39 bloqueios de contas bancárias ligadas à associação criminosa e um mandado de sequestro de bens e valores com o valor superior a R$ 511 mil, referente ao prejuízo da instituição vítima.
Os mandados são cumpridos nas cidades de Cuiabá e Várzea Grande. Em entrevista ao programa Cadeia Neles, da Tv Vila Real, o delegado responsável pelo caso, Marcelo Torhacs, afirmou que durante o cumprimento dos mandatos de busca e apreensão, os policiais encontraram uma credencial do estagiário.
Ele não possui antecedentes criminais, mas a investigação demonstrou que ele tem envolvimento acentuado com a quadrilha. Ainda conforme o delegado, as vítimas eram selecionadas a dedo e os criminosos miravam pessoas com altos salários, tanto em Mato Grosso como fora do Estado.
A investigação da Delegacia de Estelionato, coordenada pelo delegado Pablo Carneiro, iniciou há aproximadamente um ano e meio, para descortinar associação criminosa articulada, integrada por pelo menos 44 pessoas identificadas até o momento. Os investigados respondem pelos crimes de associação criminosa, estelionato eletrônico e lavagem de dinheiro.
As investigações apontaram que após a abertura das contas, utilizando documentos falsos com dados de terceiros, os integrantes da associação criminosa solicitavam, de maneira fraudulenta, a portabilidade dos salários de várias pessoas para as contas criadas. Depois de transferido os valores dos salários para as contas abertas fraudulentamente, os integrantes do grupo dissipavam os valores de maneira rápida para várias outras contas bancárias ou efetuavam saques em caixas automáticos.
Utilizando da fraude, os investigados subtraíram valores relativos ao salário de vários servidores públicos e de outras pessoas. Os trabalhos investigativos contaram com a colaboração da Instituição financeira vítima, por meio de auditorias e levantamentos de dados, que subsidiaram o levantamento dos fatos apurados, assim como as representações ao Poder Judiciário.
O delegado que coordenou as investigações, Marcelo Torhacs, destacou que durante análise financeira dos investigados, apurou-se que alguns líderes movimentaram valores expressivos e suspeitos, sendo em um dos casos o valor superior a R$ 9 milhões. Vários dos investigados possuem antecedentes criminais. “Com as medidas cautelares cumpridas, dentre elas de busca e apreensão, bloqueio de contas e sequestro de bens, a operação busca descapitalizar o grupo e cessar suas atividades criminosas, bem como identificar o maior número possível de integrantes envolvidos”, disse o delegado.