Uma mulher que foi resgatada após ser torturada durante uma sessão do tribunal do crime da facção criminosa Comando Vermelho (CV-MT) em Sorriso (420 km de Cuiabá), foi sequestrada novamente. Na primeira ocorrência, três criminosos foram presos e dois conseguiram fugir.

No segundo sequestro, a mulher foi agredida com mais de 50 chibatadas e obrigada a gravar um vídeo afirmando que estava em um cativeiro no bairro Primavera por vontade própria. A Polícia Civil não acreditou nessa versão.

A vítima, que trabalhava como gerente de um mercado, procurou ajuda e admitiu que tentou obstruir as provas do crime a mando do CV. Devido à gravidade da situação, a PJC e o Poder Judiciário decidiram proteger a mulher e sua família, mandando todos para outro Estado. 

"Forçaram ela a gravar um vídeo se retratando, acreditando que isso livraria os sequestradores que já havia sido presos. Surpreende ver que pensavam que um vídeo  teria algum efeito, considerando que as provas já haviam sido produzidas. A vítima foi resgatada pela Polícia Civil e identificou os criminosos que a sequestraram para forçar a retratação. Ela veio até a delegacia e identificou quem são os criminosos que a sequestraram para forçar a retratação pelo menos parte deles. Reforçou que foi sequestrada pra ser executada. Uma coisa que a PC já sabia, porque ela foi resgatada pela Polícia Civil", informou o delegado Bruno França, durante coletiva de imprensa. 

Como a PJC não conseguia garantir a segurança da mulher, ela foi acolhida na delegacia e buscou a ajuda urgente do poder público municipal para removê-la, junto com sua família, da cidade de Sorriso. "Fomos atendidos imediatamente no domingo, e a Polícia Civil conseguiu retirar essa mulher e seus familiares do Estado de Mato Grosso", acrescentou o delegado.

Agora, além de investigar o primeiro sequestro, que tinha o objetivo de assassinar a ex-gerente do mercado, a Polícia Civil também está atrás dos criminosos que a torturaram no segundo sequestro. "As imagens das lesões são bastante graves. A menina foi embora, mas ficou essa conta que nós vamos cobrar", ressaltou.

Ele também ressaltou a importância de manter os suspeitos presos, já que, em menos de 24 horas, eles tentaram interferir na investigação ao produzir uma prova falsa. O delegado ainda destacou que a vítima, que está sendo monitorada por tornozeleira eletrônica, tem um histórico de tráfico de drogas. Devido a  prisão, ela perdeu uma grande quantidade de drogas da facção. Ao ser liberada, não prestou esclarecimentos à organização criminosa e tentou mudar de vida, começando a trabalhar em um supermercado. Segundo ela, isso desagradou o grupo, que não aceitou sua decisão de se afastar.

"Ela passou duas vezes muito perto de ser morta. No segundo sequestro, os criminosos precisavam dela viva apenas para que ela se retratasse. No primeiro sequestro, ela alegou que ao ser presa perdeu uma grande quantidade de drogas e não deu mais satisfação ao crime organizado. Após sair da prisão, começou a trabalhar e queria seguir um caminho diferente. Acreditamos que o pessoal [da facção] não gostou de ser preterido", concluiu o delegado, lembrando que alguns criminosos participaram de uma chamada de vídeo do tribunal do crime enquanto estavam na prisão.

As investigações sobre os crimes continuam em andamento.