Uma série de inconsistências nas narrativas apresentadas por Fábio Teixeira Santin, 44, além de análises técnicas sobre a cena do crime, bem como ferimentos no corpo do homem e da esposa, a Janaina Carla Portela Santin, 43, levaram autoridades a afastar a hipóteses de suicídio e encarar o caso como um feminicídio a morte da psicóloga, ocorrida na segunda-feira (16).
Segundo apuração do GD, na primeira versão Fabio teria narrado aos policiais que uma discussão com a esposa teria se iniciado dentro do quarto e neste momento ele mesmo teria pego sua pistola. A discussão prolongou-se até a sala, onde a mulher teria tomado a arma das mãos dele e efetuado disparos para após cometer suicídio.
Já na segunda versão, Fabio cita que após discussão, iniciada dentro do quarto, ele pegou sua pistola e colocou na cintura, sendo que depois continuaram a discussão na sala. Nesse cômodo, ele alegou ter sentado em um sofá de frente para a vítima e tirado a pistola da cintura, a qual ele colocou em cima de um sofá lateral, mais perto dele do que da vítima.
Em seguida ele conta que “abaixou a cabeça como se estivesse rezando e que a esposa teria pego a pistola e se afastado dele”, momento em que a mulher ficou em pé de frente para ele, distante cerca de 2 metros e meio a 3 metros do suspeito e teria efetuado disparos em direção a ele, sendo que um teria atingido sua perna esquerda.
Logo depois, ele teria caído do sofá no chão e ficado de costas para a mulher, a qual teria efetuado um disparo na cabeça, praticando um suicídio. Os investigadores destacam incoerências, como o fato de que Fábio teria tido tempo de reação para impedir que a mulher chegasse até a arma de fogo, pois estava mais perto do objeto, caso realmente tivesse colocado no sofá.
Em relação ao disparo que atingiu a perna esquerda do suspeito, a perfuração não tem entrada como se o disparo fosse feito por uma pessoa que está a sua frente, sendo que a lesão de entrada e saída (da direita para a esquerda) denotam um disparo lateralizado na perna esquerda como se feito por ele mesmo, que inclusive é destro.
Havia uma marca de disparo, mais baixa na parede, atrás da posição que à vítima estava, sendo que tal marca fica de frente para a posição na qual o suspeito estava, o que não se justifica se a versão do suspeito é de que à vítima estava em pé e com a pistola nas mãos.
Outro ponto é que a arma parou exatamente no meio das pernas da vítima, como se tivesse sido colocada, o que não se coaduna com eventual disparo na cabeça, pois a arma cairia mais longe do corpo da vítima, sem o controle da queda da arma.
Por fim, os peritos verificaram que não havia marcas de tiro encostado na cabeça da vítima, o que é típico de disparo suicida. Com isso foi constatado que o crime de feminicídio, mediante recurso que dificultou a defesa da ofendida e com uso de arma de fogo, segundo relatório. Ex-integrante da Força Aérea, Fabio possuía porte de arma, sendo registrada uma Taurus modelo PT59S, calibre .380 semiautomática.
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Quarta-Feira, 18 de Junho de 2025, 09h21