Polícia Segunda-Feira, 12 de Maio de 2025, 12h:43 | Atualizado:

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RENATO NERY

Nery recebeu ameaças, mas não acreditava que seria morto

Repercussão da morte de outro jurista fez advogado não temer ataque

YURI RAMIRES e PABLO RODRIGO
Gazeta Digital

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Joao Vieira

DELEGADOS - CASO NERY.jpg

 

Advogado Renato Reny, 72, contou para uma testemunha, dias antes de ser assassinado, que estava sofrendo ameaças. Mas, para ele, os criminosos “não teria coragem de matar outro advogado”, se referindo a Roberto Zampieri, assassinado 6 meses antes, em Cuiabá. 

A informação consta na investigação da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que concluiu a primeira fase do inquérito que investiga a morte de Nery. “Ele contou uma ameaça específica, para uma pessoa, uma testemunha, dias antes de morrer, que ele estava sendo ameaçado. E o que, de fato, se concretizou com a morte dele”, disse o delegado Bruno Abreu. 

Apesar de ter sido mais um advogado assassinado, os casos são isolados. Delegado titular da DHPP, Caio Albuquerque confirma que há uma única linha de investigação sobre a motivação, que é uma disputa por uma propriedade rural de grande porte.“Nós temos uma vítima que tinha uma única problemática, tá?”. 

Para chegar nessa conclusão, a investigação levou em consideração a análise de 180 páginas do relatório técnico feito após a perícia no aparelho de Nery. “A gente conseguiu fazer uma retrospectiva da vida da pessoa. É assim que funciona o homicídio. Ali não conseguimos encontrar nada, nenhum ato que gerasse a possível motivação da morte, a não ser a briga judicial que ele estava tendo”. 

Apesar de ter contado à testemunha sobre as ameaças que sofreu, Nery não citou nome. Porém, 5 dias depois da morte dele, se tornou público uma denúncia que ele fez na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB contra um advogado, denunciando irregularidade em uma disputa judicial de terra com interferência de desembargadores.   

Na peça, que mais parecia um desabafo e pedido de socorro, Renato Nery acusa o advogado Antônio João de Carvalho Júnior de agir ilegalmente na disputa judicial por uma terra em Novo São Joaquim (465,2 KM ao Leste de Cuiabá) e em conluio com filhos de desembargadores e magistrados para vencer a disputa judicial pela terra.   

Para ele, Antônio João seria proprietário de um “escritório do crime” por conta da influência que tem perante o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT).  “O Representado [Antônio João de Carvalho Júnior] pelo modo de agir, como ficará bem demonstrado, será levado ao opróbrio e em consequência a suspensão definitiva de suas atividades deverá ser proclamada pela Instituição”, diz trecho do documento.   

Nas 26 páginas de desabafo, Nery cita 3 ações que são frutos de uma disputa que se iniciou em 1988. E que, partir do momento em que o advogado passou a atuar, os seus honorários, que foram pagos com parte da terra em disputa, passou a ser questionado por Antônio João. “Há um verdadeiro formigueiro humano preparado para usurpar direito do Representante [Renato Nery] receber seus honorários duramente obtidos no longo processo de reintegração de posse”, diz outro trecho do documento. 

“Os advogados-filhos de membros da corte, em face dos resultados jurídicos inimagináveis que o advogado Antônio João de Carvalho Júnior (Reclamado) conseguia no tribunal, certamente agiam no anonimato emprestando forças ocultas”, diz outro trecho da representação.  

Renato Nery também acusou Antônio João de passar a lhe assediar através de outro advogado, que atuou como intermediário. “Nessa conduta pusilânime o emissário apanhou o advogado Renato acometido de covid-19; e com ele sobre efeitos da doença do século, isolado em seu gabinete, passou a assediá-lo para aceitar uma possível conciliação para solver a questão entre as partes”, revelou.  

“E assim o emissário agia, reiteradamente, sempre lhe advertia sobre a atuação do Des. Sebastião de Moraes, Relator dos Embargos que tinha rumo à Câmara Estendida, usando os seguintes termos: “ou faz acordo ou perde tudo”, completa o documento.  

No final, Renato pediu a instauração do processo administrativo disciplinar e que Antônio João fosse ouvido para se defender. “Em se tratando a matéria que prescinde de provas, após instruindo os autos, sejam eles julgados com a aplicação das sanções cabíveis, a exemplo das citadas no artigo 34 do Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil”, diz o pedido.  

Questionado se Antônio João é investigado pela DHPP, o delegado Bruno Abreu afirmou que os alvos ainda sob investigação seguem em sigilo.





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