A morte prematura de uma jovem no Hospital Municipal de Cuiabá (HMC) traz consigo denúncia de negligência médica na Saúde. Antes do falecimento, a estudante Vitória Cristina Maximino Oliveira,20, ficou internada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA Norte), no bairro Morada do Ouro, onde foi medicada, mas sem sucesso na contenção do que, primeiramente, foi tratado como infecção intestinal. A Prefeitura de Cuiabá lamentou o falecimento da jovem e irá apurar os fatos relatados.
Luiz Antônio Maximino, pai de Vitória, contou ao GD sobre os dias de desespero vividos por ele e a esposa, Milca Rezenda, diante das queixas de dores da filha, que pioravam a cada dia, e descaso na busca por socorro.
No dia 16 de maio, a esposa levou Vitória até a UPA Norte para atendimento médico. A garota reclamava de dores abdominais e foi medicada após a consulta. Ela permaneceu internada e teria recebido recomendação para cirurgia, segundo relato da família.
Contudo, no dia seguinte, 17 de maio, o médico plantonista, identificado como Y.B.S., deu alta a Vitória, mesmo diante das queixas de dores intensas. Ele concluiu que a estudante tinha infecção intestinal e não necessitava de internação.
A dor persistente levou a família de volta à unidade de saúde, em 19 de maio. Por dias, Vitória permaneceu internada, recebendo diversos medicamentos, incluindo morfina, medicação forte indicada para aliviar dores severas e crônicas. Em 22 de maio, o quadro da paciente se agravou. Segundo o relato do pai, o mesmo médico teria tentado enviar a jovem de volta para casa, sugerindo que a família estaria "enrolando" na unidade. Somente após a insistência, alguns exames foram solicitados, mas não apontaram nenhuma alteração significativa.
Em 25 de maio, Vitória foi transferida para a enfermaria. No entanto, a aflição da família só aumentava diante da demora na recuperação da estudante. Impaciente com a situação, o pai de Vitória, em 27 de maio, exigiu acesso ao prontuário médico da jovem. O documento trazia uma recomendação urgente para cirurgia no Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), o que não foi feito até então.
O pai levou Vitória para o HMC. Lá, o médico responsável questionou a demora na busca por atendimento, diante do caso grave. Em meio à dor e à revolta, o pai defendeu-se, expondo o histórico problemático e a situação vivida. Vitória foi submetida a uma tomografia abdominal logo que chegou.
Na sequência, passou pela cirurgia realizada com sucesso, contudo devido à demora no procedimento adequado, ela não se recuperou bem e morreu dois dias depois, em 29 de maio. No atestado de óbito ao qual o GD teve acesso consta como causa da morte "morte súbita, sepse de foco abdominal, abdômen agudo".
A família, desolada e em luto profundo, acusa o médico da UPA de negligência médica. Alega que a falta de atenção e o descumprimento da recomendação cirúrgica foram determinantes para a perda de sua filha.
“Minha filha nunca teve problema de saúde, era uma menina saudável. Sempre foi prestativa, trabalha o dia todo, estudava até a noite. Não tinha o que reclamar. Ela nunca sequer falava de dores. Na sexta-feira que ela iniciou com alguns incômodos, ainda na parte da manhã, quando minha esposa levou ela até a UPA”, relata o pai.
Outro lado
A reportagem questionou a Prefeitura de Cuiabá sobre o atendimento oferecido à paciente e medidas diante da denúncia. Em resposta, a assessoria encaminhou a seguinte nota:
A Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá informa que está adotando todas as providências administrativas cabíveis diante de uma denúncia relacionada a um atendimento na UPA Morada do Ouro.
Por determinação da secretária municipal de Saúde, será instaurada uma sindicância para apuração dos fatos e eventuais responsabilidades.
A Prefeitura de Cuiabá lamenta o falecimento da paciente e se solidariza com a família neste momento de dor, reafirmando seu compromisso com a transparência e a qualidade na prestação dos serviços de saúde.