O delegado Caio Albuquerque, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), não descarta a tese de que o empresário Idirley Alves Pacheco, de 40 anos, matou o ex-jogador de vôlei da seleção brasileira, Everton Fagundes Pereira da Conceição, o "Boi", de 46 anos, em Cuiabá, em um contexto de crime passional. Isso porque, supostamente, Boi estaria se relacionando com a ex-esposa de Idirley. O ex-atleta foi morto na última quinta-feira (10), no Bairro Paiaguás, em Cuiabá, dentro de uma caminhonete Amarok de cor prata. No carro, estavam apenas a vítima e o assassino confesso.
O empresário se entregou nesta segunda-feira (14) na DHPP. Em interrogatório, acusou o ex-jogador de extorsão na divisão dos bens decorrente da separação da esposa, com quem tem uma filha. O advogado Rodrigo Pouso, representante de Idirley, chegou a declarar à imprensa que Boi estaria extorquindo uma Amarok e um terreno do empresário, mas a tese não convenceu o delegado que está no comando das investigações. Em entrevista ao Programa do Pop, da TV Cidade Verde, Caio Albuquerque afirmou que a alegação de extorsão é isolada e que os elementos investigativos até o momento indicam um crime passional.
"Fizemos o interrogatório do autor. Ele apresenta a tese de que estava sendo vítima de extorsão por parte da vítima, por parte da sua ex-mulher, mas tudo indica que essa é uma alegação isolada dele. Por outro lado, os elementos que temos nos autos indicam que a motivação é passional, devido ao possível relacionamento amoroso da vítima com a ex-esposa do autor. As investigações vão seguir, e todos os elementos serão acostados aos autos para demonstrar a real motivação", afirmou o delegado.
Ainda conforme Albuquerque, no dia do homicídio, o empresário afirmou que, durante a fuga, dispensou a pistola em um córrego na região do bairro Paiaguás. No entanto, a arma não foi encontrada e existe a suspeita de que tal versão seja mentirosa. A Polícia Civil investiga como ela foi parar nas mãos de Idirley.
"Com relação à arma, segundo o suspeito, ele a dispensou em um córrego. Fomos ao local, mas não encontramos nada. Também precisamos saber se essa arma é dele, se foi emprestada, ou como ela foi parar nas mãos dele", explicou Caio, acrescentando que as equipes ainda investigam se o suspeito recebeu apoio de algum veículo durante a fuga. "Em relação ao veículo de fuga, até o momento, não o identificamos, mas por óbvio, os investigadores farão toda a análise para verificar se houve auxílio de algum veículo ou pessoa na fuga", afirmou.
Idirley está preso preventivamente. Segundo a Polícia Civil, os elementos são convincentes e apontam a autoria do crime para o empresário. "Ele alega possibilidade de legítima defesa, argumentando que, dentro da caminhonete, percebeu que a vítima estava armada e tentou pegar a arma. Segundo ele, conseguiu pegar a arma da vítima e, logo depois, houve os disparos. Contudo, essa é uma versão isolada dele. Há relatos de que ele entrou armado na caminhonete. Ele passa pertences da filha para ex e volta para a caminhonete armado. É um dado a afastar essa alegação de legitima defesa", finalizou".
Homicídio
O crime foi praticado na última quinta-feira, no Bairro Paiaguás, em Cuiabá. Uma caminhonete VW Amarok prata, em alta velocidade, colidiu de frente com uma Ford F-350 verde. Em seguida, o motorista da Ford F-350 e um frentista ouviram barulhos de tiros e viram um homem saindo da Amarok e fugindo em direção ao Parque das Águas.
Everton foi encontrado morto no banco do motorista da Amarok, vítima de tiros. Ao mesmo tempo, uma mulher procurou a Delegacia Especializada de Defesa da Mulher e informou que seu ex-marido entrou em seu veículo, com uma arma apontada para a cabeça de seu amigo, Everton, obrigando-o a sair em alta velocidade.
Ela foi ouvida, detalhou sua relação com o suspeito e disse que ela, a vítima e o suspeito tinham se encontrado na manhã do dia do crime, em uma padaria, para uma conversa, mas não imaginava que o ex-marido já tivesse premeditado o homicídio do amigo, Everton.