Um dos alvos Operação Bilhete Premiado, deflagrada pela Polícia Federal, nesta quarta-feira (6), foi o ex-deputado estadual Carlos Antônio Azambuja (PP), que teria ligações com a Lotérica Zanatta, no município de Pontes e Lacerda (448 km de Cuiabá), local onde foram apreendidos R$ 96,6 mil.
Conforme dados cadastrais disponíveis no site da Receita Federal, a Lotériza Zanatta, situada no bairro Jardim Bela Vista II, tem em seu quadro societário os empresários Nédio Zanatta (sócio-administrador) e Vinicius Alves Zanatta (sócio).
A ação da PF visa desarticular um grupo criminoso que utilizava casas lotéricas para lavagem de dinheiro nos municípios de Várzea Grande, Vila Bela da Santíssima Trindade e Pontes e Lacerda. Ao todo, foram cumpridos 10 mandados judiciais de busca e apreensão, expedidos pela 5ª Vara Federal de Mato Grosso, bem como para o bloqueio de bens móveis e imóveis até o limite de R$ 106 milhões.
Depósitos milionários em espécie foram identificados pelas investigações, os quais evidenciaram que tais valores eram incompatíveis com o patrimônio declarado pelos depositantes. Na dinâmica do esquema de lavagem desses capitais, foi verificado que era comum que os saques desses valores fossem realizados no mesmo dia ou nos dias imediatamente seguintes aos depósitos, com o objetivo de dificultar o rastreamento pelas autoridades competentes.
Segundo o delegado da PF, Irineu Dias Tavares, os agentes identificaram práticas que visavam dificultar o rastreamento do dinheiro pelas autoridades competentes, além do depósito de milhões em espécie por pessoas que não possuíam capacidade financeira para realizar tais movimentações. "As investigações apontam que a origem desse dinheiro provém da corrupção e também do tráfico internacional de drogas. A partir de agora, o material apreendido será analisado visando identificar todos os crimes praticados, além de outros envolvidos", informou o delegado.
As investigações apontam o uso de casas lotéricas para mascar a origem ilícita dos lucros obtidos em atividades criminosas, incluindo corrupção e tráfico de drogas. Entre os investigados pelos depósitos ilegais, há alvos de operações anteriores da Polícia Federal, como da Operação Ararath (que investigou a prática de "mensalinho" de integrantes da Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso) e da Operação Hybris (deflagrada para coibir a distribuição de drogas na região de fronteira com a Bolívia, em esquemas de tráfico internacional de cocaína).
A apreensão de bens e valores segue as diretrizes de desarticulação do crime organizado, contribuindo para a completa identificação dos envolvidos e beneficiários da lavagem de capitais. O crime de lavagem de bens, direitos e valores, previsto no artigo 1º da Lei 9.613/98, prevê pena de reclusão de 3 a 10 anos, e multa.
BBB DA PROPINA
Carlos Azambuja foi alvo da Operação Ararath e também dos ex-parlamentares estaduais que foram filmados recebendo suposto mensalinho pago pelo ex-governador Silval Barbosa (MDB), para sustentação do Poder Executivo na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT). Em agosto de 2017 uma reportagem do Jornal Nacional chocou os mato-grossenses e o Brasil ao mostrar diversos deputados estaduais e ex-deputados recebendo maços de dinheiro das mãos de Silvio César Corrêa, ex-chefe de gabinete do ex-governador Silval Barbosa.
O pagamento seria uma propina, conhecida por mensalinho, paga aos então parlamentares como forma de "comprar" apoio a projetos do Poder Executivo, chefiado à época por Silval Barbosa, que precisavam de aprovação do Legislativo. Em acordos de delação premiada, Silval e Silvio confirmaram o pagamento de propina, bem como o ex-presidente da ALMT, José Riva, que também fez delação premiada.
José
Quarta-Feira, 06 de Março de 2024, 10h31EDUARDO S
Quarta-Feira, 06 de Março de 2024, 10h19Pedro
Quarta-Feira, 06 de Março de 2024, 10h10