Polícia Segunda-Feira, 12 de Maio de 2025, 12h:55 | Atualizado:

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RENATO NERY

Pistoleiro efetuou 7 tiros contra advogado; munição parou em mercado

Pistoleiro executou o jurista na frente do escritório durante o dia

YURI RAMIRES
Da Redação

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João Vieira

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Delegacia de Homicídios (DHPP) apontou que, dos 7 tiros disparados contra o advogado Renato Nery, apenas um o atingiu. Os outros disparos se espalharam pela avenida Fernando Corrêa da Costa. Uma das munições foi parar no supermercado Assaí. De acordo com o delegado Caio Albuquerque, o policial militar Heron Teixeira Pena Vieira afirmou em depoimento que a arma usada no crime – uma Glock G17, 9mm – era de uso pessoal do caseiro da chácara dele, Alex Roberto Queiro Silva. 

“É uma versão dele que a gente não acredita nenhum pouco. É uma pistola com o seletor de tiros, o que é isso? É um dispositivo acoplado na arma para que, ao invés de fazer disparo um a um, como são vias de regras, ela vira como se fosse uma metralhadora”, disse Caio. 

Segundo o delegado, ao acionar o gatilho uma vez, todos os projéteis, todas as munições, são deflagradas. “Então, não é uma arma de localização fácil nas ocorrências e eu falo isso com propriedade. Eu atendi 5 anos local de crime, eu nunca encontrei um armamento nesse sentido, dessa forma”, disse. Além disso, Albuquerque explicou que é uma arma muito cara. “Essa versão de que a arma foi comprada no mundo do crime, que o Alex comprou e que depois do assassinato ele vende novamente para a rua, é uma versão falaciosa”. Ele ressalta que a versão precisa ser melhor explicada. 

“A investigação aponta que a arma que matou Renato Nery tinha 7 munições originais adquiridas pelo Estado e que foram encaminhadas para a Polícia Militar. Sete dias depois do fato, essa arma é encontrada em uma situação de confronto”, lembra. Segundo a PM, a arma estava em posse de um criminoso que morreu na troca de tiros. 

Delegado Bruno Abreu explicou ainda que Alex era uma pessoa com muitas dívidas. “Ele não tinha dinheiro para pagar sequer a gasolina da moto. Então, ele não teria condições de comprar nenhum tipo de arma. Estava devendo agiotas. Então, não tem como ele ter arrumado dinheiro para comprar uma arma desse calibre e ter vendido ela tão imediatamente, assim, como se vende uma banana”, disse. 

Investigação 

No dia 5 de julho, após cometer o homicídio em frente ao escritório de advocacia, na avenida Fernando Corrêa da Costa, em Cuiabá, o executor percorreu cerca de 30 quilômetros até chegar na chácara localizada no bairro Capão Grande, em Várzea Grande.  

Todo o trajeto da motocicleta foi registrado por diferentes câmeras instaladas nas vias públicas. No dia 8 de julho, a equipe da DHPP conseguiu acessar a última câmera, que captou imagens da moto a menos de 2 quilômetros da chácara. Diante da descoberta, no dia 10 de julho, todo efetivo da DHPP foi empregado para realizar buscas na região do bairro Capão Grande, com objetivo de localizar a motocicleta, até então a principal pista da investigação. 

O delegado Bruno Abreu, que presidiu o inquérito, explicou que essa movimentação intensa de policiais civis, nas proximidades da chácara, causou temor aos dois suspeitos quanto à localização da arma de fogo e alcance das autorias. "As evidências indicam que o intuito era abandonar a arma empregada no homicídio, fazendo com que a situação de confronto se mostrasse real e, com isso, levasse à possível incriminação das pessoas abordadas na ocorrência do suposto confronto registrado no dia 11 de julho”, disse Bruno Abreu. 

Com a conclusão desse inquérito e indiciamentos dos dois envolvidos, o caseiro e o militar seguem presos preventivamente à disposição da Justiça. Os autos foram encaminhados para o Judiciário e ao Ministério Público Estadual para oferecimento de denúncia. Já entre o casal apontado como mandante, a mulher aceitou colaborar com a investigação e irá falar em depoimento, acompanhada de advogado. O homem segue negando o crime e permaneceu calado durante todo o depoimento. A conduta dos dois será apurada em inquérito complementar. 

Sobre o confronto

Outros quatro militares foram indiciados em outro inquérito da DHPP que apurou o confronto entre criminosos e a Polícia Militar, ocasião em que foi encontrada a arma utilizada no assassinato do advogado. A suposta ocorrência foi registrada sete dias depois do homicídio. Essa investigação tramitou de forma distinta e simultânea com o inquérito sobre o homicídio de Renato Nery. Ao contrário da versão apresentada pelos militares, de que as pessoas abordadas na ocorrência faziam uso de arma de fogo, constatou-se que aquelas pessoas não estavam armadas na ocasião. 

A investigação apurou, com base em exames periciais e outras provas, que as armas apresentadas pelos militares foram colocadas na cena do crime depois do suposto confronto. Os quatro envolvidos foram inquiridos mais de uma vez sobre a ligação da arma com o homicídio do advogado, mas os militares reservaram-se no direito ao silêncio. 

Vale lembrar que, até o momento, não há indícios de participação direta dos demais militares na execução do homicídio do advogado. O inquérito sobre o confronto, concluído na semana passada, aponta o envolvimento dos quatro no sentido de ocultar a impunidade do crime anterior, pelo fato do grupo ter dispensado a arma de fogo usada no homicídio de Renato Nery. 

Continuidade da investigação

A DHPP instaurou inquérito complementar para esclarecer outros fatos ocorridos após o homicídio do advogado. Um dos pontos será o pagamento de valor feito ao militar e ao caseiro, bem como a pessoa que efetuou o pagamento, além de identificar por onde o armamento passou até aparecer na cena do suposto confronto e averiguar as condutas de outras pessoas que agiram como intermediárias do homicídio. 

O homicídio

Renato Nery morreu aos 72 anos, atingido por disparos de arma de fogo, no dia 5 de julho do ano passado (2024), na frente de seu escritório, na capital. A vítima foi socorrida e submetida a uma cirurgia em um hospital privado de Cuiabá, mas morreu horas depois do procedimento médico. 

Desde a ocorrência, a DHPP realizou inúmeras diligências investigativas, com levantamentos técnicos e periciais, a fim de esclarecer a execução do advogado.





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