O preso José Edmilson Bezerra Filho, de 31 anos, que provocou um tiroteio na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Bairro Morada do Ouro, em Cuiabá, nessa terça-feira (9), numa tentativa do resgate dele, precisou ser levado ao local por falta de atendimento médico em unidades prisionais e presídios em feriados ou finais de semana.
O tiroteio deixou cinco pessoas feridas, entre elas um bebê de seis meses, que está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), do Pronto Socorro de Cuiabá.
A falha no protocolo de condução do preso será investigada pela Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh). De acordo com assessoria do órgão, a suspeita é de que a ação tenha sido planejada.
Em nota, a Sejudh informou que, quando um preso tem problemas de saúde durante feriados e finais de semana, ele precisa ser conduzido obrigatoriamente pelos agentes penitenciários a uma unidade de saúde.
Segundo a secretaria, o procedimento está previsto no Código de Execuções Penais, bem com a presença de três agentes armados durante a condução. O órgão ainda não possui informações sobre como os criminosos ficaram sabendo o momento em que José seria levado à UPA.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso (Sesp-MT), as equipes de segurança tanto da Polícia Civil quanto da Militar foram reforçadas durante a busca dos criminosos que tentaram o resgate do preso.
O presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema Penitenciário do Estado de Mato Grosso (Sindispen-MT), João Batista Souza, contou que a comunicação entre presos e membros organizações criminosas do lado de fora acontece com facilidade. “A coisa mais fácil que tem hoje é o preso se comunicar com facções ou com outros bandidos do lado de fora”, disse.
José cumpre pena por homicídio no Centro de Ressocialização de Cuiabá (CRC) e foi levado à UPA após passar mal na terça-feira (9).O preso foi transferido para Cuiabá após conflitos com membros de um grupo criminoso na penitenciária onde cumpria pena, no interior do estado. A suspeita é de que José também faça parte de uma facção criminosa.
De acordo com João Batista, o preso também tem passagem por tráfico de drogas e porte ilegal de armas, mas essas informações não constam na ficha de José.
O presidente contou que, se os agentes penitenciários não conduzam um preso que está passando mal a uma unidade de saúde, eles podem responder a processos por omissão de socorro. “A obrigação é do servidor, caso ele não retire aquele preso que diz passar mal, ele (o agente) pode responder por prevaricação e omissão de socorro. O agente precisa cumprir com sua missão”, contou.